Aurora O silêncio da manhã estava diferente. Não era o tipo de silêncio calmo, comum, de quem acorda em paz. Era um silêncio denso. Quente demais. Como se as paredes estivessem segurando um segredo. Como se a casa inteira respirasse por trás das cortinas. Acordei com a luz filtrando por entre as frestas das janelas. Estiquei os braços devagar. A cabeça latejava, ainda sensível desde a queda. Mas era mais do que isso. Era como se meu corpo soubesse o que minha mente ainda não sabia. Algo tinha acontecido. --- Sentei na beira da cama. Estava vestindo uma camisola de cetim azul — outra das roupas que Elías mandara colocar no armário. Eu nunca pedi por elas. Nunca escolhi. Mas agora era tudo o que eu tinha. Coloquei os pés no chão, sentindo o frio do mármore. Me aproximei da janela com

