CAPÍTULO 1

1254 Words
Algo explode perto do trinco da porta e sei que é um tiro. A arma deve ter silenciador. O desespero grita dentro do meu peito e sinto o ar ir sumindo aos poucos. Mais um tiro e um pequeno buraco surge na porta, perto do trinco. O homem tenta enfiar a mão para destravar a porta e em um ato i****a de coragem, avanço em sua mão e mordo. Cravo meus dentes com tanta força que sinto sabor de sangue. - v***a! Puxa a mão de volta e caio no chão. O homem agora atira contra a porta várias vezes e me escondo na parede, me encolhendo toda. - Quando eu te pagar vou te arrebentar toda e te meter bala. Grita furioso e começa a chutar a porta que está quase caindo. - Os seguranças estão subindo. Alguém grita pro homem que solta uma sequencia raivosa de palavrões. - Temos que matar essa vaca. - Ela não viu nossa cara, então estamos bem. Vamos logo! - Reza pra eu não cruzar com você, v***a! Fala pra mim e escuto o som da correria no quarto. Agarro minhas pernas, não consigo mais chorar baixo e meu corpo todo treme. Tudo fica silencioso lá fora e tenho medo de sair. Medo de estarem me esperando e de levar um tiro na testa como o Jonny. Escuto batidas na porta e me encolho mais. - Senhorita, consegue abrir a porta? - Não! Sussurro de volta, mas não sei se a pessoa me escutou. - Senhorita, meu nome é Jerry e sou segurança do hotel. Consegue abrir a porta? Está seguro, já chamamos a polícia. - Não consigo... me mexer... Respondo mais alto e gaguejando. Me assusto quando a porta é derrubada e um homem bem moreno entra no banheiro. Seus olhos percorrem o local me procurando e quando me encontra, respira aliviado. É um dos seguranças que olhei na recepção. - Está ferida? Nego com a cabeça, mas permaneço travada no lugar. - Consegue se levantar? Em lágrimas n**o novamente com a cabeça. Jerry sai do banheiro e volta com um cobertor. De forma protetora coloca em cima de mim, sem me tocar se ajoelha a minha frente. - Sabe o que aconteceu no quarto? Confirmo com a cabeça que sim. - Esteve no banheiro enquanto o Sr. Silver era assassinado? - Sim... - Eles tentaram entrar pra te pegar? - Sim... - Você que ligou pra recepção pedindo ajuda? Confirmo com a cabeça e o choro aumenta. - Ele quase me matou. Sussurro e sua mão repousa sobre a minha cabeça. - Vai ficar tudo bem. A polícia já deve estar chegando e vai ficar segura. ********** Dez minutos depois o quarto está tomado de policiais, estou sentada na cama encarando o corpo do Jonny no chão. Queria conseguir não olhar, mas é impossível. Alguns policiais parecem procurar alguma coisa no quarto, enquanto outros conversam com o segurança Jerry e me olham como se eu fosse a assassina. - Srta. Victória Jones, certo? Um dos homens que conversava com o segurança pergunta. - Sim! - A senhorita é... Posso completar sua frase, mas estou querendo ver como ele me classifica. Vai mostrar muito o tipo de policial que é. - Acompanhante do Sr. Silver. Jerry completa por mim. - Estava com ele nesse quarto no momento do crime. - Gostaria que apenas a Srta. Jones respondesse minha pergunta. O policial é grosseiro com Jerry, mas ele não se intimida. Senta ao meu lado como se fosse meu cão de guarda. - Sou acompanhante de luxo e hoje Jonny Silver era meu cliente. Digo firme e tomada por uma coragem assustadora. Talvez seja coragem de enfrentar pessoas como esse policial de olhar julgador. - Poderia me contar o que fizeram até o momento em que o Sr. Silver foi assassinado? - Qual o nome do senhor? - Phil! - Jonny me contratou para acompanhá-lo em um evento aqui perto. Passamos cerca de meia hora no local e depois decidiu vir para o hotel. - Apenas meia hora no evento? Acho que tinha pressa em ficar a sós com você. - Jonny estava incomodado com um assunto chato da festa e decidiu vir embora. Em nada meu corpo teve culpa em sua rapidez no evento. - Incomodado? - Sim! - Qual era o assunto? - Sua prisão e sua soltura rápida. - Só isso? Questiona e algo em mim diz pra me calar sobre o resto. Não sei em quem confiar. Pode ser que a pessoa que matou o Jonny tenha informantes. - Acho que sim! Não somos pagas pra ouvir essas conversas, eles nos afastam desses assuntos. O policial me analisa toda. - Você tem algum namorado ciumento, algum c*****o, algum cobrador de dividas? - Não! - Ninguém que pudesse invadir um quarto onde esteja com um cliente e usá-lo pra pagar suas dividas? - Por que eu devo ser a responsável pela morte do Jonny e não ele mesmo? É mais fácil ele ter inimigo do que eu! O policial se cala e anda pelo quarto. - Não gostei dele. Jerry diz perto do meu ouvido. - Também não! - Tenho um amigo que trabalha na policia, vou pedir ajuda dele. Sai de perto de mim e sai do quarto com o telefone no ouvido. *********** DUAS HORAS DEPOIS Finalmente vou sair desse quarto e parar de olhar o corpo do Jonny no chão. Jerry conseguiu ajuda de seu amigo e vão me levar a delegacia de homicídios. Saio do quarto enrolada em uma coberta e entramos no elevador. Jerry está ao meu lado, seu amigo policial a minha frente e descemos para o térreo. As portas do elevador se abrem e vejo uma multidão na porta de vidro do hotel. - A imprensa já soube da morte do Jonny. Jerry resmunga e aperta o botão do subsolo. - Vamos sair pelo estacionamento, evitamos que tirem foto da Victória. Temos que preservá-la o quanto der. Saímos para o estacionamento e Jerry me para no meio de um dos corredores. - Cobre o rosto. Pede e me ajuda a puxar o cobertor. - Jerry, pode levá-la em seu carro? Vou sair com a viatura e chamar atenção desses abutres. Vem em seguida com seu carro e me encontra na delegacia. - Perfeito! Ele segue para a viatura e caminho com o Jerry até o carro dele. - Obrigada por me ajudar e me proteger. Digo e ele sorri pra mim. - Minha irmã é acompanhante. Só estou te protegendo como eu gostaria que a protegessem. Abre a porta do seu carro e me pede pra entrar no banco de trás e me abaixar. Faço o que me pede e não vejo mais nada, apenas sinto o carro entrar em movimento. Escuto o barulho da rua e das pessoas, mas não me mexo. Sinto o carro se mover mais rápido e meu celular na bolsa começa a tocar. Pego ele escondida e vejo um número restrito. - Alô! - Oi, v***a! A voz do homem que matou o Jonny faz meu corpo gelar. Me descubro e olho para o Jerry. - O que foi? Pergunta e cubro o telefone com a mão. - É o homem que matou o Jonny. - Te mandei não cruzar de novo meu caminho. Diz e em segundos a viatura do amigo do Jerry a nossa frente passa um cruzamento e é atingida por outro carro. - Meu Deus! Jerry grita e escuto a risada do homem no telefone. - Adeus, v***a!
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