Depois que ela se foi Pedro aos poucos volta ao normal, ainda calado, talvez um pouquinho irritado, chateado não sei dizer. Ele parecia outra pessoa na presença da mãe dele, um pouco distante também. Estava tudo tão confuso na minha mente.
- Tudo bem? – Já perdi as contas de quantas vezes fiz essa pergunta hoje. Mas, pergunto tentando entender o que está acontecendo com ele.
- Sim está – ele diz. – Vamos voltar a nossa conversa de antes? – ele sorri tenta aparecer normal, mas vejo que a tensão está ali. Ele me abraça dando beijo no meu pescoço. – Dorme aqui hoje comigo? – o meu corpo reage, mas a minha mente continua ligada em algumas coisas que a mãe dele disse sobre ele.
Eu queria esquecer o que aconteceu, mas alguma coisa está rodando a minha mente. Pedro não ser prático, a minha mãe ser feliz com marido, filhos e amigos. Quem contou que a minha mãe tem muitos amigos?
- a sua mãe conhece a minha mãe? – pergunto de repente. – Porque essa sensação está na minha cabeça.
Ele para de me beijar e fica me encarando. Vejo um vislumbre de alguma coisa.
- Por que pensa isso? – ele questiona.
- Não sei. Por que nunca fala muito da sua família? Por que ficou tão tenso em me deixar conhecer a sua mãe, e ficar aqui sozinha com ela?
- O que a minha mãe te disse?
- Ela disse sobre a minha mãe ser feliz, rodeada de marido, filhos e amigos. E essa sua preocupação só reforça a minha mente de que você está escondendo alguma coisa.
- Amor para com isso, não tem nada. – ele me beija – Que tal me mostra a sua lingerie nova? Posso te mostrar o que o lubrificante faz..
- Eu acho que vou para casa. – me afasto dele. – A minha mente está cheia agora.
- Hember, não tem nada a ver com você está bem, ou com a sua mãe, aliás ela deve ter lido em alguma revista sobre a sua família, vocês são famosos sabia? Eu não me sinto confortável perto da minha mãe por que não fui criado por ela. Você ouviu, que fui para o internato com 6 anos, não é como você que tem uma grande conexão com a sua grande família feliz, vivendo em um mundo cor de rosa. Nem todo mundo cresce em uma grande família feliz Hember, as pessoas têm problemas que nem sempre os pais estão lá para resolver por eles. A minha mãe não foi uma mãe mostro, mas ela também não é uma mãe afetiva e presente, tive que me virar sozinho muitas e muitas vezes. Fiquei tenso por que não via ela a meses, quase um ano, na verdade, ela é perfecionista e altamente crítica, isso me deixou incomodando. – dá para sentir o peso da amargura na sua voz.
- Pedro, desculpa. Eu...
- Tudo bem, você está pronta para ir embora? – ele pergunta de forma brusca.
- Pedro...
- Eu acho melhor você não ficar mesmo. Eu estou com dor de cabeça. Eu te levo em casa e volto para descansar. – ele pega a chave do carro.
- Quer saber de uma coisa – pego a minha bolsa – Fica aí, descansa faz o que você quiser eu vou embora sozinha. – vou em direção a porta.
- Não precisa ficar assim, eu vou te levar. – ele respira fundo jogando a cabeça para trás.
- Não precisa me levar eu posso muito bem ir sozinha, pego um carro de aplicativo aqui na frente logo estou em casa, obrigada!
- Amor por favor, deixa eu te levar está tarde.
- Melhor não Pedro. Estamos nervosos e vamos acabar brigando. E eu acredito que depois de certas coisas ditas fica difícil se consertar alguma coisa. Melhor eu ir e amanhã a gente conversa.
- Vai com o meu carro então. Vou ficar mais tranquilo se souber que você não está por aí andando com um estranho há essa hora. – ele me entrega a chave.
Não digo mais nada. Vou para casa pensando no que ele disse. Realmente deve ser difícil para ele. Todo o caminho para casa, fico pensando em tudo que aconteceu, tudo que ele me disse.
Assim que chegou em casa vou direto para o meu quarto. Alguns minutos depois a minha mãe entra, deve ter escutado o meu barulho.
- Hember, Não ia dormir fora? – a minha mãe pergunta entrando no meu quarto.
- Nos meio que brigamos.
- Por causa de...
- Não, a mãe dele chegou lá.
- Não entendi. – vou explicando para minha mãe tudo que aconteceu.
- Não conheço nenhuma Elise. – ela diz pensativa.
- Ele me explicou que estava assim devido eles não serem muito próximos. – continua contando inclusive as coisas que ele me disse sobre eu viver em um mundo feliz com uma família perfeita.
- Talvez ele tenha algumas questões com a mãe dele mesmo isso é normal.
- Quem não se dá bem com a mãe? Como eu poderia saber. – ela sorriu.
- Querida, acho que o Pedro tem razão sabia. Nem todo mundo tem uma família estruturada o meu amor, você tem o melhor de uma família, por causa dos seus pais terem sofrido, quer dizer mesmo o meu pai tendo feito o que fez eu vim de uma família estruturada creio eu por causa da minha mãe, mas seu pai, sua tia Nik, seus padrinhos, Cae e Paty. Sofreram muito nas mãos de pais, egoísta, cruéis e narcisistas. Eles tiveram um bom exemplo do que não fazer com vocês. Por isso tentamos ser o melhor para vocês sempre. Mas não é que isso não exista lá fora.
- Então você acha que eu exagerei?
- Pelo que você me contou não foi nem mesmo uma briga. Amanhã vocês conversam e se resolvem.
- É... – torci a boca. Agora eu estou com a consciência pesada. Talvez deveria ter tido um pouquinho mais de paciência com ele.
- Vou me deitar, boa noite amor.
- Boa noite mãe. Obrigada. – a minha mãe sempre me acalma quando preciso.
Pego o telefone e mando algumas mensagens para ele. Mas infelizmente não obtive resposta.
Vou dormir preocupada com ele, talvez pelo fato dele não ser muito próximo da mãe, não deve estar nada legal, eu poderia ter ficado lá com ele. Que burr@ eu fui.