O depois.

1610 Words
Capítulo- X. O depois " O relógio corre quando queremos que ele vá devagar e demora quando desejamos que o tempo passe depressa. " Acélia — O que foi que deu em você, menina, para sair correndo feito uma maluca? — diz Rovani entre os dentes, enquanto eu estou aqui segurando o queixo para que os dentes não comecem a bater de nervoso. Ainda estou em choque e êxtase. Ele colocou a mão na minha b***a; não foi aquele colocar, mas puxou a minha saia e está valendo. Pensei que fosse morrer do coração: meu coração acelerou tanto, mas tanto... Ah, eu sou apaixonada por ele. Aquele bendito amor não morreu, entretanto deveria ter morrido. Eu deveria tê-lo afogado na praia — eu não fiz isso. Ele ficou dentro de mim, em algum cantinho, e agora está aqui, tudo de novo: enorme, gigante, me consumindo como a chama de um incêndio devastador. — Não me deu nada — eu simplesmente não queria ficar na sua companhia. Você é um cara velho e chato. Alguém já te falou isso? Acho que não, né? Porque, se tivesse, você teria bebido esse chá de Semancol. — Eu sou velho e chato, — diz ele, balançando a cabeça sem me dirigir um olhar — veja que o seu celular está trincado e que sua expressão é severa. Ou deve ser por causa da dor, meu joelho deve ter feito um belo estrago. Pensando nisso resolvo me redimir. — Ah... é... bem... eu quero te pedir desculpa por ter acertado o meu joelho no seu... coiso. — Machucou muito? — pergunta a ele, um tanto sem graça. Na realidade, eu sequer vou tomar banho pelo resto da vida: estou aqui no... coiso dele. Tudo bem que não foi um toque e sim uma joelhada; mas toquei no coiso. "Magoei as bolinhas.- penso com remorso- Ai, meu Deus, será que ele vai ficar infértil? E se ele não puder ter filhos... espero que fique inchado. Pelo menos assim não vai c*mer seis mulheres por dia, por mês, por ano — não sei — vai ficar longe de qualquer outra mulher. Rovani tira os óculos escuros e olha na minha direção, em linha fina. — Não se preocupe com isso, eu já estou bem, — responde meio áspero, um tanto grosseiro. No entanto, eu fico com uma raiva desgraçada. Ele não tinha que estar bem; não — ele tinha que estar com um saco inchado. Eu devia ter dado uma joelhada com mais firmeza, pegando tudo assim de baixo para cima, arrebentando com as partes de baixo dele. O negócio tinha que ficar grande, roxo, bem inchado! Pensar nisso me faz lembrar de algo que observei recentemente: tantos seguranças do meu pai, o motorista da nossa família e outros homens pelas ruas. Não é que eu seja uma tarada — Deus me livre — querer reparar nos seguranças do meu pai, credo em cruz. No entanto, é interessante que eles só se sentam de perna aberta. Na minha cabeça. eles faziam isso porque estavam com os ovos inchados devido a alguma razão. Mas o fato é que eles se sentam de perna aberta, e eu acho muito elegante um homem quando se senta e cruza as pernas. Qual é o cabimento de um homem sentar de perna aberta? É para não machucar os ovos? Eu pensei em fazer essa pergunta para o meu pai — afinal, ele é homem — mas fiquei com tanta vergonha, tão constrangida, que acabei esquecendo. Deixei para lá; deixa os homens sem andar de perna aberta. — Não está mais sentindo dor? — Nossa, que interessante, porque a careta que o senhor fez parecia que estava morrendo, — digo, cheia de raiva, pensando que daqui a pouco ele estará no meio das pernas de alguma mulher, fazendo o que não deve. — Você atingiu uma área sensível do meu corpo, menina. É normal eu sentir dor, mas não significa que essa dor será eterna. — Ah, mas deveria — bem que deveria ser eterna. — É o meu pensamento — e quando dou por mim Rovani está me olhando em escrutínio. — Por que deveria ser eterna? — indaga ele, e eu coço a cabeça: "por Deus, por que tenho que ser tão linguaruda? Tinha que falar meus pensamentos? " Eu deveria dizer que deveria ficar inchado até eu ter idade suficiente para averiguar como são os negócios do corpo masculino; deveria ficar inchado até ele se declarar para mim. Mas com que cara eu vou falar isso? Rovani me acha uma criança — seria péssimo. Então procuro outra resposta para dar a um infeliz que eu estou querendo enganar com as minhas mãos. Não esganar para ele morrer, só para ele perder um pouquinho o fôlego; depois eu iria soltá-lo, porque se ele morrer eu vou junto — juro que vou junto. Uma vez que eu estou feita uma carreta com os pneus todos furados, arriada por ele. — Pela minha língua, ela ainda está doendo. Então, chumbo trocado não dói, — digo, e viro o rosto para a lateral da janela, acompanhando a paisagem nada animadora que passa. Rovani bufa, e eu pego meu celular, começo a mexer nele, entro nas minhas redes sociais, respondo algumas mensagens e, quando dou por mim, o filho da mãe está com um olho pregado na tela do meu celular. — Ei, ninguém te ensinou que bisbilhotar o celular dos outros é invasão de privacidade! — Você é uma menina, e meninas como você não têm que ter privacidade alguma com quem estão falando? — pergunta ele, e eu abro a boca em choque. Nem posso ficar feliz achando que ele está com ciúme — seria bom demais para ser verdade. — Olha só, senhor velho, cheio de reumatismo: se correr daqui até o final dessa rua, cai duro, tendo ataque cardíaco no chão. Não te interessa com quem eu estou falando. — Rovani passa a mão pelos fios de um loiro escuro, ou castanho claro — não sei definir bem — e às vezes acho que sou daltônica. — Conversaremos com seu pai quando chegarmos. Você tem atitudes que não condizem com os jovens da sua idade. — O que o senhor quer dizer com isso? — pergunto, irritada; Rovani tem o dom de me tirar do sério. — Estou dizendo que você é muito criança para ter contato com a internet. — Dou um sorriso para ele, querendo engoli-lo vivo. — Sinceramente, aqui quem está passando dos limites é o senhor. Eu não sou nada sua, nem parente nós somos... então essa preocupação demasiada eu despenso — o senhor está querendo manobrar minha vida com regras. O nome do meu pai é Ricardo; embora o seu nome também comece com R, há uma discrepância enorme e uma diferença monumental, então, por favor, ponha-se no seu lugar. Vejo Rovani fechar uma das mãos em punho; a força que emprega é tanta que os nós dos dedos ficam esbranquiçados. Discretamente arregalo o olho, porque percebo o quanto ele está nervoso. Estranho quando o carro faz um caminho oposto ao da minha casa. Olho para Rovani; ele não fala nada, continua mudo. Sinto raiva de mim porque meu coração b***a salta dentro do peito — eu quase babo olhando para um homem. Ele é lindo. Queria poder dizer que ele é todinho meu; no entanto, ele é todinho — sim — das outras, das mulheres de mais idade, que devem ter s***s mais volumosos, curvas mais definidas, que são experientes em coisas que eu, uma jovem mulher, tremo só de pensar. — Para onde o senhor tá me levando? Vai me sequestrar por acaso? — Eu te sequestrar? Sinceramente, menina, tenho pena do sequestrador; se um dia algum colocar a mão em cima de você, em vez de pedir o teu resgate, ele vai pagar para o seu pai ficar contigo, porque você é insuportável. Meus olhos ficam enormes ao ouvir o que ele fala. Então quer dizer que o bonitão me acha insuportável! Não esperava por esse balde de água fria. — Ah, então é isso que um velho ranzinza pensa de mim? Só um recadinho para o senhor: eu estou me lixando. — Rovani olha na minha direção e parece que rosna, enquanto eu estou queimando feita brasa viva de raiva. Se eu tivesse um isqueiro dentro do carro, eu colocaria fogo nele sem pensar duas vezes. Que cara chato! Alguns minutos depois reconheço o prédio da empresa do meu pai. Olho para Rovani, e, assim que o carro adentra a garagem subterrânea, sem dizer nada o homem desce do carro. Como eu não faço menção alguma de descer, ele olha em minha direção. — A senhorita vai descer ou precisará de um estímulo para isso? — indaga o homem, de forma ríspida, porém baixa. Dou um sorriso sem mostrar os dentes, abro a porta e desço contra a minha vontade. Tenho certeza de que ele vai dedurar todas as minhas aventuras para o meu pai, inclusive o tapa bem dado que recebeu em sua b*nda durinha. Tenho certeza de que Rovani é daquele que perde horas na academia, porque parecia que eu estava batendo em um bloco de concreto de tão durinha que é. Deve ser bom para morder — eu morderia toda ela, bem devagarzinho; depois lamberia ele todinho. Caminhamos lado a lado na direção do elevador e, assim que entramos na caixa de metal, Rovani aperta o botão do décimo andar. Meu sangue congela nas veias. Ele vai mesmo contar que lhe dei uma palmada nas nádegas? Estou frita! Meu pai vai me por de castigo para a vida toda.
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