capítulo 12

606 Words
O Confronto na Praia ​O latido animado de Rex quebrou o silêncio do fim de tarde, alertando os dois irmãos sobre a presença de Alicia. Alex e Alan olharam na direção do som e viram a Chef, sentada, observando o cão correr. ​"Senhorita Romanoff," Alex chamou, levantando-se. ​Alicia olhou para ele e depois para Alan, sentindo o nó em sua cabeça apertar. Aquelas eram as duas pessoas que estavam bagunçando seu coração. ​"Oi. Como é que vocês estão? Desculpa pelo Rex ter latido com vocês," ela se desculpou, apressadamente. "Ele veio correndo. A gente estava sentada ali tomando água de coco, bom, eu estava tomando água de coco, e o Rex estava brincando, entediado de ficar dentro de casa, aí eu trouxe ele para andar." ​Alan, com a calma profissional que o caracterizava, mas com uma intensidade nos olhos, interveio. "Bom, passear é bom, tomar um ar. Não quer sentar aqui para a gente? Nos fazer companhia?" ​Antes que Alicia pudesse responder, Alex, rápido e prático, se adiantou. Ele foi até onde as coisas de Alicia estavam (sua toalha, chinelos e o copo de água de coco) e trouxe tudo, depositando-o perto de onde Alan e ele estavam sentados. Ele fez um gesto para ela se sentar. Não havia como recusar. ​"Vocês vieram tomar um ar também aqui na praia, hein?", Alicia perguntou, tentando soar casual. ​"Sim, viemos tomar um ar e conversar. A gente estava precisando conversar, sabe? Conversa de irmão. E aproveitar e ver gente. Aí a senhorita apareceu, bom também," Alex disse, com um sorriso que não chegava a ser totalmente despretensioso. ​"Eu não quero atrapalhar a conversa de vocês, pois se a conversa é de irmão, eu estou atrapalhando," Alicia insistiu. ​Alan respondeu mais depressa do que Alex, a voz mais séria. "Claro que não. Sua companhia é sempre bem-vinda. E queríamos conversar com você, Alicia. Essa é a oportunidade perfeita de falarmos com você." ​O tom de Alan a alarmou. "Comigo? Mas aconteceu alguma coisa?" ​Alex respirou fundo, olhando para o irmão, que assentiu. Eles haviam ensaiado isso. ​"Bom, vamos ser claros com você, e queremos que você nos escute," Alex começou, olhando diretamente nos olhos dela. "Eu, Alex, e o Alan, nós gostamos de você. E é um gostar que não é só gostar de falar: 'Ah, eu gosto dela porque ela é bonita'. Não. A gente gosta de você de verdade. É uma coisa que já tem tempo. Se fosse daquele negócio de falar que só porque a senhorita é bonita ou porque dá um t***o danado na gente, já teria passado. Mas não, é algo mais forte, sabe?" ​Ele fez uma pausa dramática. "E aí, podemos deixar claro que a gente tem intenção com a senhorita. E também, mamãe deu permissão para a gente se aproximar, sabe? Para tentar alguma coisa. Se você quiser alguma coisa comigo ou com Alan." ​Alicia ficou sem fala. A honestidade brutal de Alex a atingiu em cheio. Ela processou a confissão mútua e a liberação de Natália. ​"Eu... eu não quero magoar nenhum dos dois," ela conseguiu dizer, finalmente. "Pois se os dois gostam de mim, se eu ficar com um ou com o outro, vai magoar o outro. E isso não vai dar para mim. Eu não posso magoar vocês, nem decepcionar Natália, que me deu o serviço aqui. Então, está fora de cogitação isso." ​Os dois irmãos se olharam. Era uma troca de olhares rápida, de cumplicidade e entendimento, um código que Alicia não conseguia decifrar. Era a linguagem que só irmãos compartilhavam.
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