O Jantar, a Equipe e as Fofocas da Ilha
A tarde trouxe o início oficial de Alicia Romanoff como Chef de Cozinha no Hotel da Ilha. Em meio ao burburinho de reorganização pós-almoço, suas novas ajudantes de cozinha, Luna e Gabriela, chegaram.
As duas ficaram visivelmente surpresas ao ver Alicia.
"Mulher, você é muito linda!", Luna exclamou, com uma energia contagiante. "Você é tão diferente!"
"A gente ficou sabendo que ia ter uma Chef nova, mas não esperávamos você," Gabriela completou, com um sorriso gentil.
Alicia, no entanto, não compartilhava daquela admiração. Ela era diferente das outras pessoas que via—talvez por causa da cor do seu cabelo e dos seus olhos—e essa diferença sempre a fez sentir-se exposta e deslocada.
"Eu não me acho bonita," Alicia confessou, encolhendo os ombros enquanto pegava um pano de prato. "Eu me acho tão diferente dos outros. O cabelo... dá vontade de pintar, pôr uma lente de contato e ficar igual às outras pessoas." Ela respirou fundo. "Eu gosto de cozinhar, amo minha profissão. Desde adolescente cozinhava; minha mãe gostava da minha comida. Quando me formei, logo minha mãe se foi, e meu pai também. Então, é essa profissão que eu gosto. Cozinhar. Obrigada por me acharem bonita, coisa que eu não me acho."
Luna, uma força da natureza, riu alto. "Você é louca, Chef! Você deveria ser modelo, certeza! Escolheu a profissão errada. Se eu fosse você, eu seria o que eu quisesse, seria modelo para ter dinheiro!"
Gabriela, mais ponderada, a repreendeu de leve. "Não faz isso, não, mulher! Você é linda assim!" Ela se virou para o trabalho. "Que bom que você está aqui com a gente agora. Vai nos ajudar muito aqui na cozinha. E o que vamos fazer para o jantar?"
Alicia focou-se imediatamente no trabalho. Pegou seu caderno de anotações e mostrou as opções que havia pensado no rush do almoço.
"Olha, tenho essas opções aqui, mas estou com este cardápio que quero fazer. A dona Natália disse que eu posso fazer, então vamos fazer este cardápio aqui. Vai dar trabalho, mas vai ficar sensacional."
As duas olharam a proposta de menu, trocaram um olhar de entusiasmo e concordaram. Puseram as mãos à obra.
A cozinha ficou cheia de vida, com o barulho de facas e panelas misturado à conversa animada. Luna e Gabriela contaram tudo sobre a ilha, deram fofocas e falaram sobre onde Alicia ia morar (o hotel providenciava moradia para os funcionários).
Em meio à preparação de um molho, Alicia não resistiu e fez a pergunta que estava em sua mente desde o almoço.
"E os filhos da Natália? O Dr. Newton e o delegado Alex? O que vocês me dizem sobre eles?"
Luna e Gabriela pararam por um momento, sorrindo de forma cúmplice.
Luna começou: "O Alan, o doutor, é muito bom. Ele é mais na dele. Tem algumas histórias por aí de que ele já saiu com algumas mulheres, mas ele é bem sutil. Não faz nada aberto, nem escândalo."
Gabriela pegou o gancho com um sorriso malicioso: "Mas o Alex, esse dá trabalho para dona Natália! Ele é mulherengo e gosta de ter uma mulher a cada dia, mas é muito bonito."
Alicia apenas assentiu, absorvendo a informação. Ela não comentou nada. Não conhecia os dois a fundo; o que sabia era que um era seu médico e o outro era o homem que ela tinha "salvo" de um barraco. As ajudantes, no entanto, já haviam aberto o jogo sobre a dinâmica familiar da ilha.
Com a fofoca terminada e os pratos quase prontos, Alicia concentrou-se no último mise en place. O cardápio prometido era ambicioso, mas a satisfação de ver o prato final compensava. O jantar seria um sucesso, e ela m*l podia esperar para sentir o cheiro das criações invadindo o salão.