A Resposta Silenciosa (Alex)
Na delegacia, Alex terminou o café de Alicia com um sorriso que Assunção nunca tinha visto. Ele sentia o peito aquecido pela certeza de que, apesar da situação inusitada, ele era o namorado de Alicia. A ambiguidade do cartão era o jeito dela de ser justa, mas o efeito em seu coração era singular.
"Assunção, estou saindo para uma diligência rápida," Alex anunciou, pegando as chaves do carro.
"Mas, Chefe, a papelada daquele caso..."
"Pode esperar. O que eu tenho que fazer agora é mais importante que qualquer papel," Alex retrucou, já na porta.
Seu "mais importante" tinha uma forma definida: uma floricultura no centro da cidade. Ele comprou um buquê de lírios — os brancos, que ele sabia que ela amava. Não era uma cesta caprichada, mas era a resposta mais honesta que podia dar ao seu gesto.
Chegando ao hotel, ele foi direto para a cozinha, sabendo que era onde ela estaria em seu momento de pico.
"A rainha da organização do caos," ele brincou, segurando o buquê nas costas.
Alicia estava no meio de um turbilhão de bandejas. Ela se virou, os olhos brilhando ao vê-lo.
"Alex! O que faz aqui? Pensei que estivesse em pleno caos na delegacia."
"O caos pode esperar um pouco," ele disse, estendendo os lírios. "Eu vim te agradecer pelo café. Foi a melhor coisa que me aconteceu hoje."
Alicia aceitou as flores, o perfume doce a invadindo. "Que lindo, Alex! Obrigada. Fico feliz que tenha gostado." Ela olhou em volta, pegou uma jarra vazia e a encheu de água rapidamente para colocar as flores, como se estivesse escondendo a reação intensa que sentiu.
"Alicia," Alex falou, sua voz baixa e séria. Ele se aproximou, e o barulho da cozinha pareceu se afastar. "O cartão... 'Para o meu namorado.' Eu entendi. E eu gostei."
Ela ergueu o olhar, seu coração batendo forte. "Eu... eu quis mostrar que me importo. Com os dois. E que isso é real."
Ele sorriu de canto. "É real. E para mim, é só você e eu. Pelo menos é o que meu coração está dizendo." Ele beijou sua testa rapidamente, um beijo cheio de posse e promessa. "Tenho que voltar antes que Assunção chame o batalhão para me procurar. Te ligo mais tarde."
Ele saiu, deixando-a no meio da cozinha agitada, segurando os lírios, com o coração dividido entre o calor do beijo de Alex e a expectativa da resposta de Alan.
🌺 A Proposta na Mensagem (Alan)
No hospital, Alan terminou seu atendimento e comeu o último pedaço de pão da cesta. Ele estava exausto, mas a gentileza de Alicia havia infundido uma doçura em seu dia. Ele olhou para o cartão novamente: "Para o meu namorado."
Diferente de Alex, Alan não podia simplesmente sair do hospital. Ele tinha pacientes e cirurgias agendadas. Sua resposta teria que ser digital.
Ele pegou o celular e digitou uma mensagem para Alicia, tentando transmitir a seriedade de seu sentimento através das palavras.
Alan: O café da manhã foi perfeito. O toque de pão fresco... era exatamente o que eu precisava. Mas, mais do que a comida, o cartão... me pegou de jeito. Eu entendi o recado, Alícia. E eu quero mais.
Alan: Você disse que sou seu "namorado" (no singular, eu notei, rs). Eu quero fazer um brinde formal a isso. Quero o dia inteiro com você. E eu quero planejar isso.
Alan: O que você me diz de um fim de semana a três? Sem trabalho, sem delegacia, sem hospital. Só nós três. Longe da ilha. Para tirarmos o status quo desse relacionamento da ambiguidade do cartão.
Ele enviou a mensagem e esperou. Sabia que ela estaria ocupada, mas a urgência em seu peito não permitia esperar. Alan queria definir, organizar, estruturar o que eles tinham, tirá-lo do segredo e da correria do dia a dia.
🧭 O Desvio da Bússola (Alicia)
Alicia já tinha guardado os lírios de Alex em um lugar seguro, seu perfume misturando-se sutilmente aos cheiros da cozinha, quando o celular vibrou. A mensagem de Alan.
Ela leu a mensagem e sentiu um calafrio na espinha. A resposta de Alex foi calor, posse e uma flor. A resposta de Alan era estrutura, planejamento e uma proposta radical.
Um fim de semana a três, longe da ilha. Era oficializar o "A.A.A" de uma forma que ela nunca tinha ousado sonhar.
Ela digitou a resposta, o coração dividido entre o desejo de aceitar imediatamente e a necessidade de tempo para processar o impacto da ideia.
Alicia: Alan, acabei de receber a sua mensagem. E a sua ideia é... incrível. De verdade. Me pegou de surpresa, mas de uma surpresa maravilhosa. O café da manhã era justamente para organizar o caos na vida de vocês. Parece que eu só criei mais um no meu.
Alicia: Me dá um tempo para pensar nos detalhes, no lugar, nas datas... e para eu me acalmar de tamanha emoção. Estou com os lírios de Alex aqui, e agora com a sua proposta. Meus dois namorados estão realmente decididos. Eu amo isso.
Alicia: Mas a resposta é sim, Alan. Sim para o fim de semana a três. Eu só preciso de um dia para respirar e te dar uma resposta organizada.
Ela desligou o celular e olhou para os lírios. A adrenalina do trabalho sumiu, substituída pela adrenalina do amor.
Seu café da manhã não só revelou as intenções dela, mas forçou os dois homens a revelar as deles: Alex com paixão e posse; Alan com planejamento e futuro.