Infusão, Distância e a Benção de Natália
Alicia (Hospital)
Naquela sexta-feira à noite, Alicia se dirigiu ao Hospital da Ilha, pronta para a infusão semestral. Embora soubesse que era para seu próprio bem, o procedimento sempre trazia um peso emocional.
Ao chegar, o hospital estava excepcionalmente calmo. O Dr. Newton já a esperava. A enfermeira preparou tudo rapidamente. O medicamento foi colocado no soro, e o Dr. Newton deu as instruções de rotina.
"Vai ser como de sempre, senhorita Romanoff. A medicação é lenta, então é só relaxar. Qualquer coisa, a enfermeira está aqui na sala ao lado. Eu estarei na minha sala," ele disse, e em seguida, retirou-se.
Alicia sentiu um leve desconforto com a atitude dele. Ele parecia frio, mais distante do que na visita anterior.
Parece que tem alguma coisa acontecendo. Está me escondendo algo.
Mas ela não perguntou nada. Se ele preferia manter a distância, era assim que seria. Ela se concentrou na sensação da agulha e no gotejar lento do medicamento que garantiria sua saúde pelos próximos seis meses.
Natália e Alex (O Acordo)
No Hotel da Ilha, Natália estava em seu quarto quando ouviu a batida na porta.
"Entra, está aberta," ela respondeu.
Alex entrou e logo se apossou da cama da mãe, sentando-se com a familiaridade de quem é dono do lugar.
"Licença, mãe. Queria conversar com a senhora um pouco."
"Aconteceu alguma coisa, meu filho?", Natália perguntou, notando a seriedade na expressão dele.
"Mãe, a senhora sabe que eu te respeito muito, e é por causa da palavra que eu dei para a senhora que eu não me aproximei da senhorita Romanoff. Mas está difícil, hein," Alex confessou, balançando a cabeça.
Natália olhou para ele, rindo levemente da confissão.
"É sério, mãe! Eu gosto dela de verdade! E o Alan também gosta dela, eu sei disso. Somos dois homens, e além de tudo, somos seus filhos, e a senhora proibiu a gente de chegar perto dela. Isso está me deixando maluco, sabe? Já saí com um monte de mulher nesses seis meses que conheço a senhorita Romanoff e não tiro ela da cabeça."
Natália ficou séria. "Não é só diversão o que você quer com ela, Alex. Ela não é só diversão. E ela não é qualquer garota. Ela é a Chef do meu restaurante, é uma pessoa boa, sabe? Não é interesseira igual às outras que você já arrumou e que o Alan também arrumou. Ela é direita, tem boa índole, não é igual às outras."
Ela fez uma pausa, olhando para o filho com carinho, mas com firmeza.
"Se você quer namorar com ela, é uma coisa. Se quer ficar com ela, é uma coisa. Mas vocês dois quererem ficar com ela, isso é outra coisa, é outro patamar. E também tem que ver se ela sente esse... esse negócio por vocês. Vocês são dois, não é um só. Fale com ela. Se ela aceitar, tem a minha bênção. Se não, aí eu não posso fazer nada."
Os olhos de Alex se arregalaram. "É sério isso, mãe?"
"Sim, meu filho, é sério," Natália afirmou. "Mas tem que ser honesto com ela. Tem que falar toda a verdade e que gosta dela, você e o Alan. Não é para magoar seu irmão. E também, se vocês dois querem ter um relacionamento a três... vocês três... é com ela. Vê se ela topa. Vai que ela é mais aberta para essas coisas, né?"
Alex ficou pensativo. Sua mãe falava de um jeito que parecia que "relacionamento a três" era coisa do outro mundo. É claro que existe! Já tem muita gente assim. Embora ele e Alan nunca tivessem tido um relacionamento a três com uma terceira pessoa, a ideia com Alicia era diferente. Ele a amava, Alan a amava, e ele não abriria mão dela.
Eles precisavam entrar em um acordo, e o mais importante, a senhorita Romanoff teria que aceitar.