Axel
Leva toda a minha energia e força para manter a calma e indiferença em relação à mulher à minha frente. Seus olhos azuis estão cautelosos enquanto ela me lança um olhar rápido antes de sentar na cadeira mais distante de mim.
"Você tem uma gêmea?", pergunto, mesmo sabendo a resposta. Mas preciso me certificar, pois nada faz sentido agora.
"N... não", gagueja ela e evita o contato visual.
O silêncio fica desconfortável entre nós enquanto eu a encaro e ela mantém o olhar fixo no chão, enquanto organizo meus pensamentos.
"Você está ferida?", pergunto bruscamente e cruzo os braços na frente do peito para não envolvê-la em meus braços. A reconheci no momento em que a vi, mas não estava preparado para o soco no estômago quando percebi quem ela é.
Ela apenas balança a cabeça e desvia o olhar.
"Então por que seu rosto está inchado?", exijo. Wyatt vai pagar por isso, eu juro.
"É... não é nada", gagueja ela. "Eu não estou ferida."
Ranjo os dentes enquanto a observo e tento entender o que diabos está acontecendo. Ela está encobrindo Wyatt ou está falando a verdade? Não o vi dar um tapa nela, mas vi ele socá-la no estômago. Isso me faz acreditar que a marca da sua mão está em sua bochecha.
"Qual é a sua ligação com Wyatt?", pergunto, e ela me olha com aqueles olhos azuis grandes, lindos e inocentes. "E não ouse me dizer que não é nada. Eu conheço Wyatt, ele não bate em mulheres por diversão."
"Ele era meu companheiro", suas palavras são tão suaves que m*l são audíveis. "Mas eu o rejeitei há uma semana."
"Você era a noiva dele?", pergunto enquanto as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar. "Aquela que sofreu um acidente uma hora antes do casamento?"
Ela morde o lábio inferior enquanto assente e olha para baixo, para seus pés. Emoções me bombardeiam por todos os lados, e eu caminho até a janela. Dou as costas para ela enquanto encaro o jardim à minha frente.
"Onde está a sua marca?", pergunto ao me virar para encará-la.
"Minha marca?", ela franze a testa e me olha perplexa. "Eu não entendo."
"Você está me dizendo que estava noiva e ele não te marcou?", pergunto incrédulo. Ela estava noiva de seu companheiro, mas mesmo assim não dormiu com ele, nem ele a marcou. E por sua confusão, eu sei que Wyatt nunca a informou sobre o ritual da marcação. Por quê?
"Eu realmente não entendo a pergunta", murmura ela.
"Qual é o seu nome?", pergunto após um momento de silêncio.
"Liana," sua resposta é suave e melodiosa, e eu esvazio minha mente para saborear o som por um momento.
"Me conte exatamente o que aconteceu", ordeno.
"Você viu o que..."
"Não", interrompo e me viro para encará-la. "Comece pela noite há uma semana, quando te levei para o quarto do hotel".
Seu rosto empalidece e sei que a peguei de surpresa. Ou ela não me reconheceu, ou esperava que eu não me lembrasse. Rezo para a deusa que seja o último. Partirá meu coração se ela não se lembrar da nossa noite juntos.
Ouço pacientemente enquanto ela me conta sua história e estou impressionado e surpreso que ela tenha confessado até mesmo o acidente armado para escapar do casamento.
"Isso é tudo", ela termina sua história.
"Você sabia quem eu era no bar?", sorrio sarcasticamente enquanto vou ficar na frente dela.
"Sim", ela encolhe os ombros. "Isso importa?"
"Bem coincidente, não acha?", levanto uma sobrancelha. "Seduzindo o futuro alfa quando percebeu que seu companheiro não a ama."
"Eu não te procurei", seus olhos me encaram e me sinto aliviado porque ela não está mais tão tímida. "Então, o que importa se eu te reconheci? Você foi o primeiro homem com quem esbarrei. Você era conveniente, isso é tudo."
"Conveniente?", rosno enquanto suas palavras perfuram minha alma. Nenhum homem quer se sentir conveniente. "Você acha que sou i****a? Eu sei o que está acontecendo aqui. Você percebeu que seu companheiro vai te expulsar, então planejou seduzir o futuro alfa e garantir seu lugar nesta alcateia."
"Você perdeu a cabeça?", Liana me olha com repugnância. "Essa é a teoria mais absurda que ouvi em toda a minha vida."
"É mesmo?", levanto minhas sobrancelhas para ela. "Você estava em um relacionamento por sete anos e nunca compartilhou uma cama com ele. E agora espera que eu acredite que você está disposta a abrir mão disso em um segundo por um estranho sem motivo algum?"
"Respeitosamente, Axel," sua voz é suave e firme enquanto ela se levanta e vem ficar em minha frente. "Vá se f***r. Eu não queria nada de você na época e não quero nada agora. Vou repetir o que disse a você uma semana atrás, assim que essa porta se fechar atrás de mim, você e eu nunca nos conhecemos."
Ela não espera pela minha resposta enquanto passa por mim e sai.
Suspiro pesadamente e me sento na cadeira mais próxima. Não sei o que devo fazer com a história de Liana. Acredito nela, mas mais de uma mulher já tentou algo parecido para se tornar Luna. Se ela realmente não quer nada de mim, por que ainda está dentro de nossas fronteiras? Por que ela não seguiu em frente com a vida dela?
Não, balanço a cabeça enquanto me levanto. Preciso ter cuidado. Ninguém pode ser confiável. E até ter certeza, não direi a ninguém que ela é minha companheira.
Liana
Estou furiosa enquanto ando de um lado para o outro em frente à sala de exames de Nina. Estou morrendo de vontade de ir para casa e nunca mais ver Axel - ou Wyatt, para o caso.
A audácia daquele homem em sugerir que eu o procurei. É ridículo. Não sei se é coisa de lobo ou se tem algo na água, mas parece que todos nessa alcateia estão loucos. Preciso arranjar um emprego e sair dessa alcateia antes de pegar essa loucura.
"Lá está você," suspiro aliviada quando a porta se abre e Nina sai. "O que o médico disse?"
"Vou ficar feia pelas próximas semanas e depois disso estarei bem," ela revira os olhos e sorrio gentilmente para ela.
"Você nunca pode ficar feia," pego em seu braço e a conduzo para a saída. "Mesmo com o nariz quebrado."
"Você é minha melhor amiga," ela responde. "Você está obrigada a dizer isso."
"Não, não estou," rio calorosamente.
"Com licença, senhoras," o segurança na saída nos interrompe. "Axel me instruiu a entregar isso para você."
Ele estende as chaves do carro de Nina e pego dela.
"Obrigada," sorrio educadamente. "Ele ainda está por perto?"
"Não," ele balança a cabeça. "Ele já saiu com o Beta Nick."
"Tenha um bom dia," cumprimento enquanto continuamos a andar até o carro.
"Nina," me viro para ela. "Obrigada por me ajudar hoje."
"Não foi nada," Nina balança a mão em sinal de despreocupação.
"Não," balanço a cabeça veementemente. "Você levou um soco no rosto por minha causa. Não é nada. Te devo tudo. Nem quero pensar no que teria acontecido comigo na última semana se não fosse por você."
"Ei," Nina bate o ombro dela contra o meu. "Você teria feito o mesmo por mim. Não se preocupe com isso."
"Não vou," sorrio enquanto destranco o carro e abro a porta do passageiro para ela. "Mas quero que saiba que não estou te dando como garantida."
"Eu sei," ela sorri enquanto entra.
Fecho a porta atrás dela e ando até o lado do motorista.
"Pelo lado positivo," Nina sorri maliciosamente olhando para mim. "Estivemos na presença de Axel. Droga, ele é gostoso. Olhar para ele me deu fome nos lugares onde não tenho papilas gustativas."
"Você é terrível," rio enquanto dirijo o carro pelo trânsito. "Mas acho que ele é legal."
"Legal?" Nina grita em choque. "Ele é muito mais do que legal."
"Verdade," faço bico. "Ele também é arrogante e egocêntrico."
"Conta logo," Nina exige enquanto me olha sabiamente. "O que aconteceu entre vocês dois?"
"Nada..."
"Não me enrola, Liana," Nina me interrompe. "Quero saber."
"Tá bom," suspiro pesadamente enquanto considero minhas palavras. Por mais que eu queira manter minha noite de vergonha em segredo, também seria bom desabafar. E pelo menos posso contar a verdade para Nina depois que ela sacrificou o nariz por mim. "Axel é aquele com quem passei a noite depois de pegar Wyatt me traindo."
"Você deve estar brincando," Nina olha abismada para mim. "Aquilo... não... é... você está falando sério?"
"Sim," admito enquanto estaciono o carro em frente à casa de Nina. "E ele foi um completo i****a na manhã seguinte."
Nina absorve cada palavra enquanto eu conto tudo que aconteceu entre mim e Axel enquanto saímos do carro e entramos na casa.
"Você acredita que ele achou que eu era uma prostituta?" grito enquanto levanto as mãos no ar."Bem... sim," Nina responde enquanto se senta no sofá. "Ele é o futuro alfa e tem muita demanda."
"Isso não faz sentido", franzo a testa enquanto me sento ao lado dela.
"Liana, essa matilha é muito tradicional", explica Nina pacientemente. "Eles são extremamente rigorosos com as antigas leis. Um m****o precisa se acasalar com sua verdadeira companheira."
"Eu sei disso", reviro os olhos. "É por isso que Wyatt está tão irritado comigo."
"Mas para o alfa é ainda pior", continua Nina como se eu não tivesse dito uma palavra. "Não apenas ele precisa se acasalar com sua verdadeira companheira, ela também precisa ser virgem. Se ele não encontrar sua companheira aos vinte e cinco anos, ele tem permissão para se casar com qualquer virgem de sua escolha. Axel ainda não encontrou sua companheira e ele fará trinta anos no próximo ano. Isso significa que ele pode se casar com qualquer garota, desde que ela seja virgem. Todas as virgens elegíveis tentam conquistá-lo na esperança de serem escolhidas. Inferno, às vezes até os pais se envolvem e ajudam suas filhas a chamar a atenção do alfa."
"Oh", sinto-me como um balão vazio. Por mais ofendida que estivesse naquela manhã, entendo e nem posso culpá-lo por isso. Se estivesse no lugar dele, teria reagido da mesma forma. "Acho que deveria ter prestado mais atenção quando Wyatt me explicou essas coisas."
"Isso se ele realmente te contou algo", Nina revira os olhos. "Provavelmente só te contou as coisas que se aplicam a você."
"Ok, isso justifica a reação do Axel pela manhã", cruzo os braços teimosamente em frente ao peito. "Mas não é desculpa para suas acusações hoje de manhã. Quer dizer, nem mesmo disse meu nome a ele ou pedi algo a ele desde então. Não há justificativa para ser um i****a hoje."
"Wyatt realmente não te contou nada", Nina balança a cabeça melancolicamente. "Liana, quando você está vivendo dentro dessas fronteiras, você não tem os mesmos direitos que tinha quando estava em casa. A palavra do alfa é a lei. Ele não te conhece como eu conheço. Tudo o que ele tem são fatos concretos. E o que ele vê é uma humana desesperada para fazer parte da matilha. Você deveria se considerar sortuda por ainda estar viva ou por não ter sido expulsa da matilha depois de tê-lo enfrentado mais cedo. Desrespeitar qualquer m****o da casa do alfa é punível com a morte."
Quero explodir de rir, mas meu sangue para quando olho para ela e percebo que ela está falando sério.
"Isso é assassinato", protesto fracamente.
"Não", ela balança a cabeça. "É uma sentença de morte. Enorme diferença."
"Mas..."
"Mas nada", ela me interrompe. "Essas são as leis deles e você está no território deles. Ou você obedece ou vai embora."
"Então eu vou embora", digo firmemente. "Assim que conseguir um emprego, estou fora daqui."