Axel
Não perco tempo enquanto me dirijo aos campos de treinamento. Após minha conversa de ontem com Liana, preciso descobrir a verdade ou ficarei louco.
"Wyatt!" chamo e ele olha para mim com curiosidade. "Uma palavra. Agora!"
"Sim, Axel", ele responde e corre em minha direção.
Espero até que ele esteja na minha frente antes de continuar.
"Qual é o seu relacionamento com Liana?" pergunto bruscamente e Wyatt, pelo menos, tem a decência de parecer desconfortável.
"Axel, sinto muito pelo que aconteceu ontem, eu..."
"Não me importo com isso", o interrompo. "Responda à minha pergunta."
"Ela... ela era minha companheira", ele resmunga, e eu sei que ele está engolindo em seco com a humilhação de ter sido rejeitado por ela.
"Então é verdade que ela te rejeitou por causa da Gwen?" levanto as sobrancelhas.
"Sim", ele admite relutantemente.
"Deusa, Wyatt", balanço a cabeça incrédulo. "Você sacrificou sua carreira por um caso rápido. O que há de errado com você?"
"Não é bem assim", Wyatt me olha com olhos faiscantes. "Eu amo a Gwen. Eu teria marcado e casado com ela no momento em que a vi, mas não o fiz porque queria ser Delta. Há uma razão pela qual não marquei a Liana nem dormi com ela. Ela é apenas um meio para um fim. Não sei o que fiz de errado para ser punido com uma companheira como Liana. Ela tem um passado terrível e educação básica. Mesmo para um humano, ela é patética."
"Então você enrolou sua companheira humana e inocente?" debocho. Por um lado, estou feliz que ele não tenha interesse em Liana, mas por outro, quero dar uma bofetada nele por falar m*l dela assim.
"Que escolha eu tinha?" Wyatt sibila para mim. "A menos que nossas leis mudem, não posso ficar com a mulher que amo."
"Ok", eu assinto, e Wyatt relaxa um pouco. "Apenas me explique o que Liana ainda está fazendo aqui. Por que ela não deixou nossas fronteiras?"
"Eu juro que não sei", Wyatt balança a cabeça. "Eu pensei que ela tinha ido embora e fiquei surpreso ao vê-la ontem. Vou cuidar dela, apenas me dê..."
"Não", o interrompo bruscamente. "Vi como você cuida das mulheres. Vou fazer com que o Nick cuide disso."
Não espero sua resposta antes de virar as costas e voltar para o meu escritório. Preciso de tempo para pensar e colocar minha cabeça no lugar.
A felicidade que senti ao perceber que encontrei minha verdadeira companheira foi surreal, e eu estava pronto para reivindicá-la ali mesmo. Mas então descobri que ela é humana e, além disso, estava envolvida em negócios complicados com seu ex-companheiro. E agora Wyatt confirmou que eu estava certo em ser cauteloso.
Conheço Wyatt a vida toda e posso não gostar dele, mas sei que ele é ambicioso e leva sua posição a sério. Ele não teria arriscado sua carreira sem motivo. E como futuro alfa, tenho muito mais a perder.
Não, antes de reivindicar Liana como minha companheira, preciso conhecer tudo sobre ela. Ela pode ser minha companheira, mas isso não significa que ela será uma boa Luna. Felizmente, tenho uma saída para isso. Ainda posso manter meu título e rejeitar minha companheira. É apenas uma questão de tempo.
"Axel", o Beta, Nick, se aproxima de mim e estende um envelope. "Tenho más notícias. A Luna solicitou uma investigação sobre a Paula."
"Você está brincando comigo?" resmungo enquanto pego o envelope.
"Por que, Nick?" lamento como se estivesse com dor. "Eu nem contei para a mãe que estou considerando ela como uma possível noiva."
Abro o envelope e franzo a testa quando vejo as fotos de Paula na cama com outro homem. Eu já ouvi os rumores e não me surpreende, mas ainda assim, não é algo que eu queria ver.
"Não sei, cara", ele ri. "Ela é sua mãe."
"Vou falar com ela agora mesmo", dou um tapinha amigável no ombro de Nick enquanto passo por ele com passos largos para encontrar minha mãe em seu amado jardim.
Mordo os dentes quando a vejo. Amo muito minha mãe, mas droga, ela é intrometida como se não fosse da conta de ninguém. Não há chance de eu contar a ela sobre Liana.
"Mãe", a chamo e ela olha para cima sorrindo.
"O que é isso?" eu levanto o envelope e ergo minha sobrancelha para ela.
"Não sei", ela dá de ombros enquanto tira suas luvas e caminha até a mesa próxima com limonada fresca e copos. "Limonada?"
"Não, obrigado", suspiro enquanto ela se serve de um copo."O suspense está me matando", ela sorri enquanto se senta. "O que tem no envelope?"
"Sua pesquisa sobre a Paula", eu coloco o envelope na frente dela.
"Você olhou?", ela pergunta doce enquanto dá um gole. "É bastante divertido."
"Mãe, eu nunca tive a intenção de casar com a Paula," eu explico enquanto me sento na frente dela. "Ela pode dormir com quem quiser."
"Mas vocês dois estão namorando há meses", a mãe exclama. "Por que investir tanto tempo nela se você não está levando a sério?"
"Porque eu estava tentando conhecê-la antes de considerá-la como minha noiva", cansado, passo meus dedos pelos meus cabelos. Quantas vezes vamos ter essa conversa? "Eu sei sobre ela e o Hank. A única razão pela qual não terminamos é porque ela está fora da cidade."
"Bem, eu só estava cuidando de você", ela se defende. "Sou sua mãe, me preocupo."
"Eu sei, mãe", me inclino para a frente e coloco minha mão sobre a dela. "Mas por favor, eu te imploro, fique fora dos meus assuntos. Você será a primeira a saber quando eu estiver levando alguém a sério e então você poderá investigá-la à vontade. Ok?"
"Tudo bem", ela revira os olhos para mim. "Mas não demore muito. Você está programado para assumir o lugar do seu pai em seis meses, e nós dois preferimos que você fizesse isso com uma parceira significativa ao seu lado."
"Eu sei, eu sei", suspiro quando me levanto e dou um beijo em sua bochecha antes de caminhar até o meu escritório.
Liana
Estou de mau humor enquanto pego o ônibus de volta para a casa de Nina. Já se passaram dois dias desde o incidente com Wyatt, e ainda não encontrei um emprego fora dos limites da matilha. Olho pela janela do ônibus a paisagem que passa. Honestamente, eu pensei que meu antigo empregador me aceitaria de volta, mas eles nem têm uma vaga para lavadora de pratos ou garçonete.
Na verdade, entreguei meu currículo para todos os restaurantes da cidade, mas sem sorte. Até tentei os pubs e bares que encontrei.
Terei que expandir minha busca, suspiro interiormente. Espero que consiga algo como empregada de limpeza. Não sou qualificada para mais nada.
Estou tão absorta em meus pensamentos que perco completamente minha parada. Quando percebo meu erro, o ônibus já chegou ao shopping.
Ah, bem, não estou com vontade de ir para casa agora de qualquer maneira, penso comigo mesma ao descer. Preciso de um momento sozinha para me lamuriar. Mas se a Nina me ver assim, ela fará sua missão me animar e eu não quero isso. Quero sentir pena de mim mesma. Mesmo que seja apenas por uma noite.
Coloco as mãos nos bolsos do meu casaco e passeio pelo shopping em direção ao parque adjacente com uma vista para o mar. Passo pelos casais de mãos dadas ou se beijando nos bancos. Passo pelas crianças pulando pedrinhas na água até encontrar uma árvore isolada. Me acomodo contra ela enquanto observo as cores mudando na água enquanto o sol se põe.
Meu telefone começa a tocar, mas não atendo quando percebo que é minha mãe ligando. Não posso lidar com ela agora. Ela e meu pai estão furiosos comigo por não seguir adiante com o casamento.
Nunca me considerava uma garota boba, mas ultimamente, estou reconsiderando. Fui uma i****a por abandonar meu emprego por um homem. Não importa que eu estivesse apaixonada e noiva. Eu deveria ter continuado trabalhando. Lidar com esse rompimento teria sido muito mais fácil.
Mesmo com o apoio da Nina, me sinto totalmente sozinha. Não posso dizer a ela o quanto sinto falta do Wyatt. Ela só tentará me confortar dizendo que é melhor que eu tenha descoberto a verdade antes do casamento. E sim, ela estaria certa. Mas isso não suaviza meus sentimentos por ele. Ele foi uma parte da minha vida por sete anos. Não posso apagar isso ou desligar meus sentimentos com um botão.
Sinto que sou um fracasso em tantos níveis. Não fui boa o suficiente para meu noivo e ouvir nos últimos dois dias que não tenho as qualificações e experiência para encontrar emprego, não está elevando minha autoestima também.
Quando finalmente estou pronta para ir para casa, está escuro e estou completamente sozinha no parque. Levanto-me e estico meus membros cansados de ficar na mesma posição. Estou prestes a sair quando ouço a voz do Axel e rapidamente me escondo atrás da árvore.
Não quero que ele me veja. Depois que a Nina me explicou as leis, tenho medo demais de enfrentá-lo. Espio ao redor da árvore e percebo o Axel e uma mulher deslumbrante não muito longe de mim. Felizmente, estou em uma posição a favor do vento e eles não perceberão meu cheiro. Mas mesmo com essa sorte, não há como eu fugir sem que eles me notem.
Suspiro e reviro os olhos enquanto volto a me esconder atrás da árvore. Não tenho escolha a não ser esperar até que eles saiam.
"Axel, por favor", a mulher implora para ele. "Nós somos bons juntos. O que aconteceu na semana passada que te fez mudar de ideia?"
"Quer dizer, além de você ter fodido com o Hank?" Axel pergunta sarcasticamente.
"Foi apenas uma vez, e nós estávamos dando um tempo", a mulher argumenta. "E você sabe muito bem que eu era virgem quando dormimos juntos pela primeira vez."
“Acabou, Paula,” a voz firme de Axel alcança meus ouvidos. “Se você queria ser minha Luna, deveria ter se afastado de Hank. A Luna desta matilha só conhecerá o toque de um homem.”
“Axel, por favor,” a mulher chora abertamente. “Me dê outra chance.”
“Agora estou indo embora,” Axel responde friamente. “E quando eu me virar, é melhor você estar fora de vista, ou haverá consequências.”
Eu fecho os olhos e me aproximo mais da árvore quando o ouço caminhando em minha direção. Por favor, não me veja, por favor, não me veja, eu rezo em silêncio.
Ele passa por mim e para a poucos metros de distância. Ele está de costas para mim, e eu silenciosamente me movo ao redor da árvore para que ele não me possa ver. Paula já está fora de vista, e eu estava prestes a me mover quando Axel fala.
“Você gostou do espetáculo?” Ele pergunta e se vira.