O Traficante e a Advogada

Prólogo

Prólogo

Fumaça narrando

Traguei o baseado devagar, deixando a fumaça preencher meus pulmões enquanto o silêncio reinava na sala. Meus olhos percorriam cada rosto ali, até que Cacau virou o notebook na minha direção.

— Quem é esse? — perguntei, encarando a foto na tela.

— Jonas Pedroso — ele respondeu, seco.

— É o nosso problema?

— Ele mesmo.

Fechei os olhos por um segundo, respirei fundo e falei sem titubear:

— Vamos matar ele.

Cacau franziu o cenho, me encarando com aquele olhar de quem pesa todas as consequências.

— Tem certeza? — ele disse com voz firme. — Isso pode dar merda. Vão querer vingança, vão subir os morros, invadir tudo. A guerra vai estourar, irmão. Se vingar pode ser o nosso fim.

— E a gente vai fazer o quê, então? Assistir ele ferrar com os nossos parceiro na cadeia? Esse desgraçado tá armando tudo nos bastidores pra quebrar o sistema por dentro. E nós vamos cruzar os braços?

— Talvez... talvez a gente não precise matar. A gente pode arrancar algum podre dele.

— Podre? — dei uma risada curta, amarga. — Um cara como ele se suja e limpa antes de deixar vestígio. Esses certinhos são os piores, fazem tudo no escuro e saem como santos.

Cacau estalou os dedos, os olhos brilhando com uma ideia.

— Talvez tenha alguém que possa nos ajudar.

— Quem?

— A ex-mulher dele.

Ergui uma sobrancelha.

— E o que a gente quer com essa mulher?

— Ela é maluca. Foi no dia da posse dele, na frente de todo mundo, gritou que foi traída e passada pra trás. Expôs o cara em rede nacional. Precisaram de uns quatro seguranças pra tirar ela de lá. Ele destruiu a carreira dela. Hoje em dia... virou advogada de porta de cadeia. — Ele virou a tela de novo, me mostrando a foto.

Observei a imagem com atenção.

— É bonita... — comentei, acendendo outro baseado. — Mas será que serve pra algo?

— Vamos estudar o caso. — Cacau falou com convicção. — Essa mulher pode ser a nossa arma. Precisamos derrubar esse filho da p**a. E rápido.

— Nisso eu tô contigo. — respondi, soltando a fumaça com um sorriso frio. — É hora de jogar sujo. E a gente sabe fazer isso melhor do que ninguém.