CAPÍTULO 03

998 Words
GABRIELE Apesar da recepção aterrorizante, Vila Cruzeiro até que é bem legal. Mas não sei se fico uma semana como foi o combinado. Sei lá cara é tudo muito estranho. Esses cara armado, da arrepio sem contar que a cada esquina tem alguém usando drogas. Na cidade em que moro tem isso né, hoje em dia tem em qualquer lugar mas graças a Deus a parte violenta da cidade fica bem longe da minha casa. Tem um tal de um morro por lá que me dá um medo do c*****o, já ouvi muita coisa terrível que dizem acontecer por lá. Aí você imagina como uma louca paranóica fica, se lá que não é nem metade daqui já tira meu sono. Aqui eu to é surtando, qualquer um que chega perto já mijo de medo. Fui muito bem recebida na casa da Gláucia, a mãe dela é super gente boa e tão louca quanto a própria filha. Foi engraçado ver uma mulher mais de idade cheia de piercings, tatuagem e de roupa curtinha. Acho que ela tem uns 40 e poucos anos, mas o jeito de ser e a vestimenta é de adolescente. Adorei ela, nos damos bem. Mas se minha avó visse a cena que vi dela rebolando até o chão com uma lata de cerveja na mão, com certeza minha avozinha teria um infarto. Quando vi a cena lembrei logo dela. Vanuza, ou só Nuza como gosta de ser chamada é pura auto estima, simplesmente amei. Tito o irmão da Gláucia também me pareceu ser legal, mas não posso dizer uma boa pessoa já que ele mesmo disse que colocou fogo no cara ainda vivo. Quem faz isso de bom não tem nada. Ele largou nós em casa e saiu nem vi mais. Gláucia: Bora toma uma cervejinha? Quero te apresentar uma amiga Gabriele: Vamos, sua mãe não vem? Gabriele: Não, ela tá podre foi dormir um pouco. Mais tarde tem forró num inferninho aqui perto e é sagrado que ela vai cola por lá. Gabriele: Ela sempre bebe muito assim? - ela concorda Gláucia: Ela entra na garrafa de Kaiser na sexta e sai no domingo pela madruga. Nem sei como aquela veia consegue trabalha na segunda depois de beber tanto o find todo - misericórdia O tal barzinho não ficava longe, apenas algumas casas baixo, lá tocava Ferrugem e já fui logo cantarolando toda animada, mas isso até perceber o olhar que estava em mim. Do outro lado da rua sentado debaixo de uma árvore rodeado por caras estava aquele esquisito, me olhava do mesmo jeito que antes, frio e sem brilho. Era um olhar perdido, era fixo em mim e mais uma vez me arrepiei era uma sensação estranha, não é legal ter um bandido m*l encarado de olho em você. Gabriele: Por que ele olha tanto pra cá? - disse encarando a mesa Gláucia: Quem? Gabriele: O cara moreno lá Gláucia: Ah, sem camisa e com o bona socado na cara? - concordo ainda sem olhar - É o Ramon, ou Terror, mas poucos chamam assim, e só longe dele. Isso é pelo medo que o povo tem. O cara é estranho mesmo, assombroso. Gabriele: Percebi - me olha e sorri Gláucia: Ele parou de olhar - levantei o olhar e agora ele encarava o chão, mas logo volto a olhar para onde nós tava - Quer trocar de mesa? - Concordo e sentamos mais afastadas da porta - Valeu ai tio Túlio, tio saqui é a Gabi, ela veio curtir a favela uns dias Tulio: Bem vinda garota - o homem gordo e com um largo bigode grisalho diz sério - Cuidado com essa aqui - aponta para Gláucia que se faz de ofendida - Ela num bate bem dos cornos, bebeu água do parto Gláucia: Oh tio! Te manda vai! Gabriele: Que figura - sorrimos - É teu tio mesmo? Gláucia: Irmão do meu pai - bebe um gole da cerveja - Eram só os dois, e agora tá ele aí tocando o bar sozinho - diz cabisbaixa O pai da Gláucia morreu a uns três anos durante um assalto. Ele estava no engarrafamento quando passou uns moleque fazendo arrastão, eles não sabem o que houve pois o pai dela estava sozinho só tiveram a notícia que ele havia levado um tiro e morrido na hora. Depois de três cerveja começo a relaxar e esquecer toda a tensão que estava sentindo, tava legal ali e quando foi anoitecendo foi chegando cada vez mais gente, aquilo não me incomodo em nada mas sei que foi só por conta do álcool em meu sangue, eu fico digamos que corajosa quando bebo. Caso contrário eu já estava era toda cagada a uma hora dessas. Suellen: Cachorra filha da p**a! - tiro a atenção do celular e observo o ser estranho em nossa frente. Cabelos cheio de dreads, vários piercings e tatuagem. Gláucia: Té que enfim arrombada! Já tava indo embora Suellen: Que nada! Tu acha que acredito? Agora só sai daqui em coma alcoólico - gargalham e ela pega o copo da mão da Gláucia - E essa aqui - me cutuca com o braço - É você a tal Gabi? - concordo Gabriele: Sim, prazer Suellen: Satisfação! - sorri amigável - Prazer só na cama. E sinceramente? Curto b****a não, prefiro rola, grande e grossa - passa a mão na boca - Salivo aqui Gláucia: p**a louca Sorrimos e conversa vai, conversa vem tá sendo muito legal. Surpreendente, para quem a horas atrás queria voltar correndo pra casa tô é bem animada. Suellen: Bora pro baile hoje? Gabriele: Dizem que em favela tem baile toda semana né? Suellen: Aqui é duas vezes na semana! Sexta é lá no morro, na parte bem de cima, e hoje mais aqui em baixo. Nós vai né? Gabriele: Já que to aqui, adoro funk. Mas tem uma coisa? Eu saio viva né? - e os pensamentos macabros já invadem minha mente Gláucia: Claro louca! - assim espero
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