Elisângela Narrando O caminho até minha casa foi em silêncio. Não um silêncio r**m, mas aquele tipo de silêncio cheio de coisa não dita, sabe? Eu tava com a cabeça fervendo, tentando entender como tudo tinha virado do avesso tão rápido. O carro dele parou devagar em frente ao meu prédio, aquele predinho simples com pintura gasta e portão sempre meio emperrado. Olhei pra cima, pro meu apartamento no segundo andar, com a luz da cozinha ainda acesa. Respirei fundo. — Chegamos — ele falou, com a voz mais baixa do que de costume. Olhei pro lado e encontrei os olhos dele. Parecia que ele também tava com um milhão de pensamentos engasgados na garganta. A mão dele veio até a minha perna, apertou de leve, como se não quisesse me soltar ainda. — Valeu por me deixar aqui — murmurei. — Tu sabe

