Lucas
Julia estava indo embora. Tentei ir atrás dela, mas Jéssica me segurou pelo braço.
Sério?
Essa garota tem problema, só pode! Tentou me puxar então peguei nas suas lindas e delicadas mãos, e soltei. A deixei lá. Fui atrás da Júlia, precisava conversar com ela para me ajudar com as provas. Também precisava pedir desculpas pelo modo como a Jéssica tratou minha amiga, como se não fosse ninguém! Logo com a Júlia! Não admito isso! Acho que minha atitude deixou a Jéssica furiosa. Que se dane! Depois vejo isso. Primeiro tinha que falar com minha amiga e me desculpar pelo ocorrido. Que Merda!
Chego ao corredor onde ficam os armários para guardar os livros. Lá estava ela conversando com uma colega de classe, corri antes que ela fosse para aula.
— Oi Jú! – Ela se vira para ver quem era e a garota sai quando me vê, nos deixando a sós.
— Lu?! – Se espanta por me ver. – Você por aqui? Não estava com aquela nojenta platinada? – Ela bateu com força a porta do armário, colocando a mão na cintura. Está brava, tenho que admitir que fica linda quando está assim. Não resisto e sorrio. – Que foi? – Pergunta sem entender.
— Nada... – Olho para ela, ainda esperando alguma resposta, então mudo de assunto. – Como chamou a Jéssica... Nojenta platinada? – Seguro para não rir.
— S... Sim... – ela desvia o olhar, jogando a mochila no chão e se encostando no armário. – Ah, Lu! Viu como ela falou comigo? E sim, ela é nojenta! – No começo parecia engraçado, mas vendo seu olhar, notei que ela não estava legal. Logo a Jú que é toda doce, ser tratada daquele jeito. p***a, Jéssica, como pode fazer isso?! Chega dar uma dor no peito... Droga!
— Entendo... Também não gostei de como ela a tratou. – Seguro no seu braço. Ela olha para mim. – Não fique assim, não entra na dela... – Alisei seu cabelo como forma de carinho. Percebi que ela assentiu pelo carinho, se aproximou e encostou sua cabeça no meu peito, não resisti e a abracei. Não dissemos mais nada um pro outro, ficamos apenas nos confortando. Era isso que estava acontecendo ali, dois amigos se confortando um nos braços do outro. Como estava gostoso ficar assim... Ela nos meus braços... Sentir seu perfume... Ela cheira a pêssegos... É tão bom...
De repente bate o sinal, ela se assusta com o barulho e sai dos meus braços.
— Caramba... Tenho que ir, Lu. – Ela pega sua mochila e sai correndo para a aula. Merda! Tinha que bater essa p***a de sinal justo agora? Precisava falar com ela sobre as provas... Sem contar que estava tão bom senti-la nos meus braços...
Eu me viro para outro lado, onde seria minha próxima aula. Vejo Jéssica no meu caminho de braços cruzados. Estava bem brava por sinal. Merda! Merda!
Mais essa agora! Como me livrar dessa encrenca? Isso é para você aprender, Lucas, que quando sair a noite tem que parar de pensar com a cabeça de baixo! Merda! Ela vem andando na minha direção. Tive que fazer uma coisa, que nunca pensei que faria.
— Olha, Jéssica, já tocou o sinal e eu tenho que ir para aula.
— Nem comece! – Tentou pegar meu braço, mas me desviei dela.
— Depois você me liga. Tchau, gata. – Aceno pra ela. Isso, consegui escapar! Que alívio! Nem tentei olhar para trás, vai que me faz mudar de idéia....
***
Chego na sala faltando um minuto para a aula iniciar. Sentei na última fileira da direita, ali ninguém ia me perturbar. Encostei minha cabeça na parede, fechando os olhos, e começo a me lembrar do cheiro da Ju quando estava nos meus braços. Nossa, adoro aquele cheiro... Quando alisei seus cabelos, eram tão macios que pareciam plumas de travesseiros. Deu uma vontade de beijá-la... Estava sonhando com isso quando ouço um barulho alto bem perto de mim e levo um susto, me fazendo cair da cadeira.
— p***a! Quer me matar do coração, infeliz! – Grito com Beto.
— Tinha que fazer isso. Mais um pouco você ia me beijar! – Me levanto do tombo que levei, ajeito a cadeira e noto que ele fez uma careta. – Estava sonhando com quem? Eu conheço a gata? – Ficou esperando a minha resposta.
— Eu? Com ninguém. Você está louco. – Desconversei, mas continuou insistindo.
— Logo pra mim, cara? Fala aí, não vale mentir! – Deu uma piscada. Tenho que inventar alguma coisa. Não posso dizer que estava sonhando com a Júlia. Por que diabos eu estava sonhando com minha melhor amiga? Estou louco mesmo, só pode!
— Está bem... Você venceu... – Esfrego meus olhos. – Estava sonhando com a Jéssica, uma gata que conheci em outra semana. Pronto, feliz?
— Caraca... Aposto que é uma gostosa... – Balancei a cabeça concordando. Depois mudou de assunto. – Vem cá, já falou com sua "amiguinha" para te ajudar?
— Ainda não. Quando ia conversar com ela, a Jéssica apareceu. Deu uma confusão... – Disse. Nisso o professor entra na sala.
— Confusão?! – Beto questionou.
Eu ia explicar ao meu amigo como ela maltratou minha melhor amiga, mas aponto pra frente, mostrando que o professor já tinha entrado e estava se ajeitando na cadeira. Eu preciso prestar atenção na aula. Ou ao menos fingir que estou prestando atenção.
Pelo menos vou ter sossego por um tempo. Pra falar a verdade, não queria falar sobre aquela confusão, não agora. Mais uma aula chata começando. Eu me lembrei que eu faço essa aula com a Júlia. Olho para outras cadeiras para procurá-la, mas nada dela. Que estranho... Cadê essa menina?
O sinal havia tocado quando estávamos juntos e ela saiu correndo para não chegar atrasada. Agora fiquei preocupado? O que será que aconteceu com ela?