Capítulo 2

1749 Words
Olí pareceu ter visto um fantasma, foi ficando pálida com os olhos marejados, o encarando fixamente, Justin se aproximou com aquele sorriso otimista - Está surpresa, imagino? Minha flor, eu esperei muito por esse momento. - Podemos nos sentar? Ainda sem reação ela foi desfalecendo, tendo que ser amparada por ele - Fique tranquila, querida. Ela lhe deu o copo com a voz trêmula - Obrigada! Eu não… - Justin? Ele a colocou sentada em uma mesa - Sim, em carne e osso. Eiii oque foi? - Por favor, se acalme! Ela começou chorar sentida até perder o fôlego, o deixando desorientado - Flor, desculpe, eu não sei como te chamar, podemos nos apresentar formalmente. - Porque estava a chorar quando conversamos? - Disse que não estava bem! Aconteceu alguma coisa? Por favor meu bem, se acalme. Ela chorou mais de dez minutos, ganhou um copo d'água, começou tentar conter o choro enxugando as lágrimas em um lenço de bolso que ele lhe deu - Ela foi atropelada. Eu não consigo! Ele foi tentando adivinhar o que estava acontecendo, deduzindo tudo sozinho - Ela quem? - Sua amiga que mora com você? Foi necessário apenas concordar afirmando com a cabeça, ele segurou suas mãos e lhe serviu o copo de bebida - Sinto muito, não estão mais sozinhas. - Meu bem, pode me contar tudo, irei ajudar no que for possível. - Como devo te chamar? Flor não é seu nome, não é? Confesso que imaginei esse momento diferente, com fogos de artifício e música romântica ao fundo, sua aparência é melhor do que eu esperava, seus cabelos são diferentes das suas piadas sobre você. Ela o olhou perdida, ganhando beijos e carinhos nas mãos, recuou segurando o copo, incapaz de o olhar nos olhos, o deixando muito desconcertado - Desculpe, eu só quero te acalmar. Com certeza não sou do jeito que você esperava! - Eu vim de muito longe, cheio de expectativas, criei todo um enredo de como agir ao te encontrar, eu gosto muito de você e não quero ser deselegante, com essa situação toda, sinto muito pela sua amiga. - Só preciso dizer, estava louco para te ver, abraçar e sentir seu cheiro. - Desculpe, novamente! Devo te dar um espaço, sou persistente às vezes. A oportunidade surgiu naquele momento, reparando nos detalhes de Justin, a qualidade das roupas de grife, sapatos de luxo impecáveis, relógio clássico Rolex, ela permaneceu calada pensativa com aquele olhar apático, poderia dizer a verdade e pedir ajuda financeira, afinal porque aquele desconhecido não ajudaria sua namorada, que tanto trocou afeto por meses? Justin havia viajado muitas horas, só para ver Daisy sua flor, como iria negar ajuda? Mas também, ele poderia não acreditar na história verdadeira e pensar que as duas, eram golpistas ou aquelas mulheres interesseiras. O celular de Olívia começou tocar interrompendo o silêncio absoluto entre os dois, era do hospital, falaram que era necessário a presença dela lá urgente, a única responsável por Daisy. Com poucas palavras Olí disse que já estava a caminho, perguntou se tinha acontecido algo grave, não quiseram lhe adiantar nada. Após desligar ela o olhou angustiada como quem pedirá socorro - É do hospital. Justin não pensou duas vezes - Como sua amiga está? - Precisa ir até lá, certo? Meu motorista está lá fora, aguardando. - Posso te acompanhar? Eu devo na verdade! Vou com você. Rapidamente foram saindo juntos, ele apenas perguntou o endereço, gentilmente a ajudou colocar o casaco, discretamente reparou no corpo e porte físico dela, notando que era gordinha, pegou sua bolsa e lhe amparou conduzindo até o carro de luxo pela cintura, com os pensamentos bagunçados ela permaneceu calada todo o trajeto, teve receio de encontrar sua amiga morta e isso a aterrorizava, tanto quanto o medo que passou sentir, notando que entrou em um carro com dois completos desconhecidos. Ao chegarem no hospital, ele desceu primeiro, a segurou pela mão ajudando descer do carro - Vai ficar tudo bem. Seu nome ainda não me disse! Ela quase que sussurrou se distanciando dele em direção a entrada - Olívia. Não precisa me acompanhar! Gentilmente ele a segurou pela mão entrelaçando seus dedos - Eu quero fazer isso, vou sempre segurar sua mão Olívia. Era inevitável não aceitar um ombro amigo, ela estava sozinha e assustada, realmente Justin chegou no momento certo. De mãos dadas receberam as notícias do médico, os exames haviam mudado e o quadro de Daisy era estável, até demais para ser mantida lá sem pagamento e ou convênio, deram um prazo para ela ser transferida e a dívida paga. Justin ouviu tudo e mostrou ser fluente em inglês, questionando como queriam a transferir naquele estado de saúde, sem dar muita importância e insinuando que não era lá o lugar delas, por serem estrangeiras, o médico ainda ressaltou, que provavelmente ela nunca mais acordaria e era só questão de tempo, até ir a óbito ou ficar naquele mesmo estado, em coma, foi muito grosseiro. Aos prantos Olívia começou a chorar, se sentou na sala de espera muito nervosa, pois sabia que não teria condições e estrutura para lidar com aquilo, sua vontade era correr pra casa e ir ficar no colo de sua mãe. Justin se sentou próximo a abraçando - Por favor Olívia, se acalme, nós vamos dar um jeito. - Eu vou fazer algumas ligações e já volto, pode ficar sozinha alguns minutos? - Tenho um amigo aqui perto, que poderá nos auxiliar. Eu volto logo! Tudo bem? Ela só sabia concordar com tudo, foi chamada para ver Daisy, que estava respirando por aparelhos, irreconhecível e toda machucada. Segurando a mão de sua amiga, Olí pediu perdão, prometendo fazer de tudo para a ajudar, enquanto isso Justin fez duas ligações um pouco demoradas, se informou e providenciou o pagamento de tudo, não se sabia qual era a maior surpresa, ele com condições financeiras para aquilo ou a boa vontade em ajudar quem m*l conhecia. Logo ele foi guiado até o quarto pela enfermeira, entrou de mansinho reparando no estado da moça, sem nem desconfiar da verdade, só quis ajudar, quando Olí o viu se levantou dando espaço, ele caminhou até ela e a abraçou forte consolando - Eu já resolvi, se quiser podemos voltar para o Brasil juntos, assim que outro médico autorizar, você não precisa se preocupar com nada e sua amiga, vai ficar com a família dela. - Acredito que eles não puderam vir, lembro que comentou comigo sobre serem de origem humilde. Desculpe se estou sendo invasivo! Aliviada ela correspondeu ao abraço - Muito obrigada, eu não sei mais o que fazer. Não temos condições, eu já gastei tudo o que tinha de economias. Justin garantiu que iria resolver tudo o mais rápido possível, precisou se afastar para conversar com um advogado no celular, e aproveitou para investigar a vida de Daisy, mandou para um amigo da polícia o nome completo dela, e começou pensar no quanto aquilo mudava as coisas, teve pena por ela achando que deixaria os pais sofrendo caso morresse. Olí passou a noite sentada vigiando a amiga, e ele junto dando toda assistência necessária, também reparando nela, nos trejeitos, a voz calma e tranquila, diferente das ligações que eram regadas a gargalhadas e piadas diariamente. Ele simplesmente pensou que a namorada estava tímida, e muito preocupada, mas que depois iria tudo ficar normal entre eles. Na manhã seguinte começaram preparar Daisy para viajar, já cedo ele avisou Olí de que precisavam da documentação delas, para a viagem, ela estava com medo de ser pega mentindo e arriscou pensando em um bem maior, apenas pediu desculpas por estar envolvendo ele naquilo, e prometeu pagar tudo, nem que levasse a vida toda, ele se aproximou afetuoso acariciando seu rosto - Não pense nisso meu bem. Sua amiga é da família, você sempre disse isso! -Agora ela está bem cuidada, porque não vamos para o hotel ou sua casa, você precisa comer, tentar descansar um pouco. Eu vou cuidar de você! Sutilmente ela virou o rosto preocupada - Não quero deixá-la. É seguro mesmo? Viajar? Ele começou mexer no celular - Sim, vamos ter um médico e uma enfermeira de confiança conosco. Preciso dos seus documentos, nome completo, número de… Ela interrompeu apreensiva - Preciso falar com algumas pessoas. Não pude avisar ninguém, com medo de deixá-los preocupados . E as malas, eu não fiz ainda, íamos viajar e tudo aconteceu. - Eu vou pra casa e você pode ir descansar, depois nós nos falamos. Era nítido o desconforto grande da parte dela o tempo todo, gentilmente ele concordou, ofereceu seu motorista para a levar em qualquer lugar, acabaram saindo juntos do hospital, ainda calada ela roeu as unhas imaginando em como esconder os pertences que poderiam lhe incriminar, ele precisava dos documentos, mais comentou sobre não ter a necessidade de entrar na casa, ela decidiu ser sincera - Chegamos, é aqui. Estou muito tensa, mas vamos sentar e conversar melhor. - Quer ir para o hotel e voltar depois, ou entrar agora? Ele estava um tanto quanto curioso para ver a casa dela - Acho melhor aproveitar, que estou aqui. Tudo bem se não quiser me receber sozinha, eu juro que as minhas intenções são as melhores possíveis. - Respeito totalmente seu momento, não quero de modo algum, te deixar em uma situação chata. Não se sinta pressionada pela minha presença Olívia. Ela o convidou para entrar, foi tirando os casacos, as botas - Eu só vou tomar um banho quente, e já volto. Pode ficar à vontade! Ele disse que tudo bem, sentou no sofá, reparando nas fotos em um painel, eram várias das duas com amigos, Daisy em várias festas sempre sorrindo e curtindo. Olí se trancou no quarto e foi tomar banho mexendo no celular escondido, sua família sabia sobre o acidente e estava angustiada esperando notícias, ela garantiu que Daisy estava melhor e preferiu esconder o fato, de que iria voltar para o Brasil em tão pouco tempo. Desistindo de revelar a verdade, leu todas as conversas que deu investigando o namoro deles a fundo, pegou o diário da amiga e olhou buscando informações sobre si, notou que era sério o lance da discrição no namoro a distância. Quando saiu do quarto usando uma roupa mais casual, calça de moletom e camiseta folgada, foi surpreendida, Justin estava sentado com uma caixinha de veludo azul marinho nas mãos - Acho que não tem nunca a hora certa mesmo. Olívia, quer namorar comigo, pessoalmente?
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