Cantamos três músicas e todos gostaram bastante, vibraram e dançaram com a gente, eu estava me sentindo super famosa, acho que eu queria fazer isso pro resto da minha vida.
- Vocês viram isso? Eles gostaram! - Disse Euge.
- Sim, meu amor. - Disse Emilia docemente. - Vocês arrasaram!
Ah, eu estava tão feliz e empolgada com tudo isso, parecia um sonho, e eu queria que fosse apenas o começo de um sonho, do qual eu não gostaria de acordar jamais.
(...)
Semanas se passaram, Juan passou a me dar aula quase todos os dias, ele era o professor mais atencioso, dedicado e lindo de todo o mundo. E aos poucos, eu consegui ir juntando as sílabas e formando palavras, é, eu já estava lendo, eu não era mais analfabeta, foi a coisa mais incrível que já fizeram para mim.
Juan e eu estávamos no jardim escondidos atrás de uma árvore nos beijando, já que não tinha ninguém por perto.
- Amor, eu tenho que ir agora. Preciso ir à casa de um colega para falar com ele sobre um trabalho que temos que fazer. - Falou.
- Tudo bem, vai lá. - Sorri e dei um selinho nele.
O garoto me deu dois selinhos e saiu, fiquei vendo-o até ele sair por completo do meu campo de visão. E quando eu me virei, dei de cara com ela.
- Posso saber o que é isso? - Júlia me pegou pelos cabelos.
- Isso o quê?
- Não se faça de desentendida. Eu vi muito bem. Vem comigo, precisamos conversar com o senhor Bernardo.
Soltou os meus cabelos e pegou em meu braço com muita força. Comecei a chorar. A mulher me arrastou pra dentro da casa e me levou até o escritório de Bernardo.
- Júlia, não, por favor. - Pedi aos prantos.
Entramos no escritório do homem, que se assustou com a forma repentina que a mulher adentrou o local.
- Mas que diabos está acontecendo? - Perguntou.
- Era tudo mentira! Essa infeliz e o Gastón não estão namorando coisíssima nenhuma. Eu a vi aos beijos com o menino Juan. Eu vi.
- Como é? - Se levantou e veio até mim, me fazendo tremer de medo. - Isso é verdade? - Chorei e chorei sem parar. - ISSO É VERDADE?
Sem conseguir encará-lo, eu apenas acenei a cabeça positivamente.
- Eu não acredito! Eu não acredito! Nos enganaram direitinho. Meu próprio filho… Como eu fui tão ingênuo? Ah, mas isso não vai ficar assim. Não vai mesmo… Escuta aqui… - Segurou o meu queixo com força, me fazendo olhar pra ele. - Eu quero que você termine imediatamente com o meu filho. Entendeu?
Sem parar de chorar, acenei positivamente com a cabeça.
- Só isso, senhor? - Júlia perguntou, fazendo o homem rir.
- Mas é claro que não. Isso é só o começo. - Deu um sorriso maligno ao me olhar. - Agora vá!
Sai rapidamente do escritório dele, e fui até o jardim. Me sentei em um banco e fiquei esperando por Juan. Nisso, Flor se aproximou de mim e sentou ao meu lado.
- Mar? O que houve? Por que está chorando?
- Não foi nada, não. - Dei um falso sorriso.
- Está com dor em algum lugar? - Perguntou docemente.
- Sim, estou com um pouquinho de dor de cabeça.
A garota deu um beijo suave em minha testa, me pegando de surpresa.
- Espero que você melhore logo. - Sorriu.
- Flor, vem brincar. - Chamou Tomás.
A menina sorriu para mim e saiu correndo para brincar com o amigo. Eu segui chorando enquanto aguardava por Juan, que chegou minutos depois. Limpei as lágrimas e fui até o garoto, que sorriu ao me ver.
- Oi meu amor. - Me deu um selinho.
- Juan, precisamos conversar.
- O que houve? - Perguntou.
- Hã… Eu… - Respirei fundo. - Eu quero terminar.
- Terminar? Como assim? - Perguntou surpreso. - Mas por quê? Estamos tão bem e nos amamos.
- Não, eu não te amo. Não mais. - Menti.
O garoto me olhou decepcionado, e começou a chorar.
- Você não pode estar falando sério.
- Desculpa! Desculpa!
Sai correndo, deixando-o chamando por mim. Adentrei o abrigo, e fui surpreendida por Bernardo.
- Muito bem! - Falou. - Agora venha comigo.
- Pra onde?
- Venha! Não ouviu?
Ele saiu e eu o segui. Fomos até o porão, e o homem ordenou que eu entrasse, supliquei para ele não fazer isso, mas não adiantou. Bernardo me empurrou, fazendo eu cair no porão. Eu soluçava de tanto chorar. E então ele saiu, sem dizer quanto tempo eu ficaria ali.
(...)
Eugenia
Já estava ficando tarde e fazia algumas horas que eu não via Mar, já estava ficando preocupada.
Fui até o quarto dos garotos, bati à porta e logo Gastón a abriu. Tato não estava nesse momento.
- Gas, você sabe da Mar? - Perguntei.
- A última vez que a vi, ela estava com o Juan. - Revirou os olhos. - Mas por quê? Aconteceu algo?
- Faz tempo que não a vejo e está quase na hora do jantar.
- Estranho! Vem, vamos procurá-la.
Descemos as escadas e logo avistamos Gimena, perguntamos se ela tinha visto a Mar, mas a megera disse que não. Nisso, Nano apareceu, e nos chamou para irmos jantar. O menino também não tinha visto a minha amiga.
Fomos até a cozinha, e nos sentamos à mesa. E antes que eu pensasse em perguntar, Emilia já foi perguntando por Mar.
- A Mar foi à casa de uma colega, vai dormir lá essa noite. Ela me pediu autorização e eu autorizei. - Disse Bernardo.
Gastón, Tato e eu nos olhamos em silêncio, pois sabíamos que aquilo era mentira, afinal, ela não tinha colega porque não frequentava o colégio. Ai, o que será que esse louco fez com a Mar? Tomara que minha amiga esteja bem, eu o mato se ele fizer algo para ela.