A sala da presidência da Belmonte Empreendimentos era um símbolo de poder, de riqueza. Luxuosa, ampla, com janelas que iam do chão ao teto, proporcionando uma vista deslumbrante da cidade. Mas naquele momento, Victor Belmonte não parecia se importar com a grandiosidade ao seu redor.
Ele estava tenso, inquieto, incapaz de relaxar.
Sentado atrás de sua mesa de mogno impecável, suas mãos apertavam com força a ponta da mesa, os dedos crispados contra a madeira polida. Seu olhar oscilava, entre o ódio profundo e o medo crescente. Sabia que estava em um beco sem saída.
Do outro lado da mesa, Lorenzo Salvatore permanecia calmo, frio, calculista. Ele não precisava levantar a voz, nem ameaçar. A sua simples presença diante de Victor era o suficiente para fazer o magnata suar frio.
— O que você quer de mim? — Victor perguntou, tentando soar firme, mas o tremor em sua voz entregava seu medo. — Dinheiro? Poder? O que vai te fazer me deixar em paz, Salvatore?
Lorenzo soltou um riso baixo, quase zombando, afinal nada do que Victor lhe oferecia parecia ser suficiente.
— Você tem algo a me oferecer? — ele disse, avançando alguns passos, os olhos fixos em Victor. — O cheiro da sua ruína. — Esta com medo, Belmonte? Me fale qual é o gosto do medo. — Lorenzo o encurralou entre olhares frios através daquela mesa. — Eu sei que você pode senti-lo se infiltrando em sua pele, assim como meu pai sentiu quando você o destruiu, Belmonte.
Victor engoliu em seco, a sua garganta apertada quase o impedindo de respirar.
— Eu não destruí ninguém. Isso são apenas negócios. — Lorenzo estreitou os olhos, a expressão mais sombria do que nunca.
— Negócios? — sua voz ficou mais baixa, mais ameaçadora. — Você roubou a ideia do meu pai. Arrancou dele tudo o que ele construiu. Enquanto você subia, nós afundávamos. Enquanto você se tornava um magnata, nós caíamos na miséria a´te que você o...
O ar na sala parecia denso, pesado. Victor sentia que não havia saída, até que soltou um grito sufocado.
— O que você quer de mim? — Victor repetiu, a voz falhando, já sem forças para manter a postura.
Lorenzo sorriu de canto, se a sua mera presença o deixa assim, como seria a sua ruína? Um sorriso sem qualquer traço de alegria surgia em seus lábios, o seu oponente é um covarde, nada mais que isso.
— Eu quero tudo o que você tirou da minha família. — Ele inclinou ainda mais sobre a mesa, seus olhos escuros fixos em Victor, como um predador observando sua presa nervosa, a tremer, a suar.
— Tudo? — Victor tremeu com as suas palavras, foram anos lutando para conquistar tudo que possui, como poderar abrir mão de tudo que tem? Havia muito que ele não poderia lhe da.
— Isso... isso não é possível.— Afirmou gaguejosamente.
Lorenzo riu, mas seu riso não teve nenhuma diversão, Victor tinha certeza que aquele Salvatore não estava brincando, e pelo seus olhos fixos nele, ele não teria salvação alguma.
— Não? Você acha que não? — Ele já era mais rico que Victor. A empresa Belmonte não significava nada para ele. O que Lorenzo queria não era a fortuna de Victor, mas a ruína total. A vingança era o único prêmio que ele desejava.
— Quero juros, Belmont. Quero que pague cada centavo que roubou. Pelos anos de miséria que passei. Pelos anos que meus pais sofreram. Pelos meus irmãos, que foram arrancados de mim.— Afirmou, e a cada palavra sua, era como espetos enfiados em cada orgão de Victor, ele era capaz de sentir o peso de cada cobrança, cada ameaça, afinal aquele homem não parecia cogitar em desistir disso.
Victor passou a mão pelo rosto, respirando com dificuldade. O peso da culpa, do medo, o sufocava.
Lorenzo apenas observava, impassível, absorvendo o medo do homem que outrora se considerava intocável.
— Te dou semanas para começar a me pagar. — Lorenzo disse, se afastando lentamente, a voz fria como gelo. — E acredite, Victor... eu sempre cobro minhas dívidas.
Antes de sair, ele parou à porta e lançou um último olhar em direção ao magnata derrotado.
— A queda dói mais quando se está no topo, não é?
Sem mais uma palavra, Lorenzo se retirou, deixando Victor Belmont preso em seu trono de ouro, sentindo o chão desmoronar sob seus pés.
Lorenzo saiu da sala com o sabor da vitória começando a se formar, mas sabia que ainda estava longe de conquistar o que desejava. Ele havia imposto uma dívida impossível de ser paga por Victor, mas era só o começo. A vingança seria lenta, meticulosa. A destruição de Victor seria gradual, até que não restasse nada. A humilhação, a dor, tudo o que ele e sua família haviam vivido... agora ele faria Victor experimentar a mesma coisa.
No caminho para o elevador, Lorenzo se sentiu mais calmo, mas a mente ainda estava afiada, centrada no que viria a seguir. Quando o elevador parou no andar presidencial, uma mulher saiu, esbarrando nele. Ela não olhou para ele de imediato, mas a maneira como se moveu chamou sua atenção. Lorenzo observou com pouca curiosidade, percebendo que ela exalava uma confiança rara, uma classe distinta. Ela era bonita, sim, mas o que realmente atraiu sua atenção foi a maneira como ela parecia se sentir dona daquele ambiente, como se o mundo fosse seu, e era.
Até que seu corpo esbarrou-se no seu.
Um choque entre corpos, em que um moveu-se, o outro permaneceu no lugar.
O deixando satisfeito por isto, a vida já havia lhe movido demais, já esteve em lugares que nunca desejará estar, a jovem garota de olhos verdes intensos, nariz fino, lábios rosados foi de vez contra a parede, observando-a trombar, mesmo impactado com a sua beleza, Lorenzo, não moveu-se a ajuda-la. Enquanto ia contra a parede, segurando contra o seu corpo a sua bolsa marrom, ela mantivera seus olhos firmes nos seus falando algo que não compreendeu, ou não quisesse dar atenção.
— Senhorita Belmont? — O nome Belmonte chegou aos seus ouvido. Ela era filha de Victor Belmont, e sem dúvida.
A vingança começaria ali, com ela.
Sem perder tempo, Lorenzo pegou seu celular assim que a porta do elevador se fechou e ligou para seu assistente, Alessandro.
— Alessandro, investigue sobre a senhorita Belmont. Quero tudo sobre ela. Quem ela é, onde frequenta, quem são seus amigos, e, claro, sua vida amorosa. — Ele fez uma pausa, um sorriso frio se formando. — Não deixe passar nenhum detalhe.
Alessandro, sempre eficiente, respondeu rapidamente.
— Sim, senhor. Já estou no caso. Vou trazer todas as informações o mais rápido possível.
Lorenzo desligou e, por um momento, se concentrou no que acabara de ordenar. Não demorou muito para que Alessandro lhe enviasse um arquivo com todos os detalhes. Claire Belmont estava em todas as capas das revistas mais prestigiadas da cidade. Seu noivado com Heitor estava sendo amplamente divulgado nas mídias sociais e jornais.
Lorenzo sorriu de maneira calculista.