Luiza Narrando
Bagdá tá com a cara fechada pra mim faz dias, nem olha direito, só responde o que precisa e olhe lá. Mas, claro, continua andando na linha, porque ele sabe, se ele é doido, eu sou doida e meia. Se meter chifre, leva chifre dobrado. Comigo não tem dessa de mulher ser otäria, não. Eu sou mulher de respeito, mas também sei me fazer respeitar. E ele sabe que o sangue aqui ferve rápido.
O clima em casa tá pesado, parece que o ar até fica mais grosso. Ele senta no sofá, liga a TV e finge que eu nem existo. Eu passo, ele desvia o olhar. Fico olhando pra cara dele e penso: “quer guerra? então vambora, mas não vem bancar o santo não”. Só que hoje eu resolvi tentar resolver essa mërda.
Cheguei perto, botei a mão na cintura e encarei:
— Qual foi, Bagdá? Vai continuar com essa cara
