Capítulo 4

1864 Words
Inês e Victoriano se olharam. Ela ficou apreensiva, não queria que Dona Constanza pensasse m*l dela. Victoriano percebeu e tratou de agir rápido. — Victoriano, filho, está tudo bem? — pergunta Dona Constança. — Sim, mãe. É que eu estava tomando banho. Mas pode ir, eu já desço. — disse ele. — Está bem. Mas não demore, sabe como é seu pai. — disse Dona Constança. Inês dá um suspiro de alívio. — Graças à Deus!... Eu preciso ir não quero que me vejam aqui. — disse Inês. — Não se preocupe, meu amor. Não vamos ficar às escondidas por muito tempo. — disse Victoriano. — Eu vou resolver essa situação. — ele abraça sua amada e dá um beijo em sua testa. — Eu sei. Confio em você. — disse Inês. — Me ama? — ele pergunta fitando-a. — Pra sempre! — responde Inês. Os dois se beijam e ela se despede. *** E assim foi por algum tempo. Victoriano e Inês se encontrando às escondidas, sempre que podiam. Era um amor puro, inocente. Inês tinha certeza que Victoriano era o homem de sua vida, confiava plenamente nele. E Victoriano estava disposto a enfrentar quem fosse para ficar com Inês. Eles tinham plena confiança que seu amor seria capaz de vencer tudo, até a fúria de Don Evandro. *** Fazenda Las Dianas. Don Evandro conversava com Loreto. — Você tem certeza disso, Loreto? — pergunta Don Evandro. — Tão certo como "dois e dois são quatro", senhor. Eu os vi juntos. Quase todo mundo na fazenda já sabe. — disse Loreto. Loreto iria se aproveitar ao máximo para prejudicar Inês e Victoriano. Ela por tê-lo rejeitado, e ele por ser o dono do coração de Inês. Se existiam coisas que tiravam Don Evandro do sério, ser feito de bobo, para ele era a pior. — Loreto, vá chamar Emiliano aqui. Agora! — disse Don Evandro furioso. Sem nem, ao menos, imaginar do que se tratava, Seu Emiliano prontamente vai atender as ordens de seu patrão. — Mandou me chamar, patrão? — disse Seu Emiliano. — Você achou que eu nunca iria descobrir, não é Emiliano? — Descobrir o quê, patrão? — pergunta Seu Emiliano sem entender nada. — Não banque o desentendido comigo, Emiliano! Vai querer que eu acredite que você não sabia?! — exclama Don Evandro. — Patrão, se o senhor não disser do que se trata, fica difícil responder! — A sua filha Inês anda se esfregando com o meu filho Victoriano por essa fazenda como se fosse uma qualquer! — exclamou Don Evandro. Ouvir Don Evandro ofendendo a sua filha fez o sangue de Seu Emiliano ferver. — Meça as suas palavras ao falar da minha filha! — disse Seu Emiliano. Don Evandro se surpreendeu um pouco com a atitude de Seu Emiliano, já que ele nunca foi homem de responder os patrões. — Pela sua reação, vejo que é mesmo verdade! — disse Don Evandro. — Eu estou sabendo disso agora que o senhor está me contando! — disse Seu Emiliano. — Porém, isso não lhe dá o direito de ofender a minha filha! — Você ainda defende o comportamento dela?! — Não estou defendendo! - disse Seu Emiliano. — Pode ter certeza que eu vou falar seriamente com Inês! ... Mas ela não está nisso sozinha. E o seu filho? — Meu filho é homem! Se uma mulher lhe der cabimento, é claro que ele não vai recusar! - disse Don Evandro. — Já lhe disse pra parar de ofender a minha filha, Don Evandro! — disse Seu Emiliano se enfurecendo. Victoriano passava pelo escritório e ouviu os dois discutindo. Ao ouvir o modo como seu pai ofendia Inês, ele não se conteve e entrou com tudo. — Não ofenda mais a Inês, pai! Eu não vou permitir! — disse Victoriano. Ele então se dirige ao pai de Inês. — Seu Emiliano, precisamos conversar. — Ah! Quer dizer que os dois resolveram me enfrentar?! — exclamou Don Evandro. A discussão estava acalorada. Dava para se escutar da sala à cozinha. — Isabel, você está ouvindo? — pergunta Inês. — Sim. Parece uma briga!... Inês, é a voz do papai! — disse Isabel. As duas vão correndo até a sala e encontram Dona Constança nervosa. Dona Constança, o que está acontecendo? - pergunta Inês. — Evandro está discutindo com seu pai! E agora há pouco, Victoriano entrou também! — disse Dona Constança. — Mas por que toda essa confusão? — pergunta Inês. — Parece que Evandro descobriu sobre você e Victoriano, filha. E contou para o seu pai. — Ah, não! — disse Inês. — Eu não queria que o papai soubesse desse jeito! E agora, Isabel? — Agora, eu não sei, minha irmã. — disse Isabel. Os três saem do escritório. Don Evandro e Seu Emiliano estavam com os nervos à flor da pele. — Eu quero você e suas filhas longe da minha fazenda e das minhas terras, Emiliano! — gritava Don Evandro. — E mesmo que o senhor não mandasse! Eu é que não passo mais um minuto nesse lugar! — disse Seu Emiliano. — Papai, eu... — Inês tenta falar com o pai. — Eu não quero ouvir sua voz, Inês! Você me decepcionou muito! — disse Seu Emiliano. — Mas, pai, eu não fiz nada demais! — ela chorava. — Não a trate assim, Seu Emiliano. — disse Victoriano abraçando sua amada. — Inês e eu nos gostamos. O que sentimos um pelo outro é sincero. —É verdade, papai. Eu amo o Victoriano. — E eu a Inês. ... Nós vamos nos casar. — Victoriano? — surpreendeu-se Inês. — O que?! Casar com essa daí?! — exclamou Don Evandro. — O nome dela é Inês! Eu a amo e quero me casar com ela!... E você, meu amor? — pergunta Victoriano. Inês se sente emocionada. — Sim, eu também quero, meu amor! — ela responde. — Seu Emiliano, eu quero pedir a mão da Inês em casamento. — Eu te proíbo, Victoriano! — disse Don Evandro. — Não estou pedindo nada ao senhor, meu pai! — disse Victoriano. — Então, seu Emiliano? O que o senhor me diz? Inês estava nervosa e feliz ao mesmo tempo, comprovara que Victoriano a amava de verdade e estava disposto a tudo. Seu Emiliano também pôde ver nos olhos de dele, que o rapaz estava decidido. Mas os ânimos estavam muito alterados. — Vamos embora, Inês e Isabel. — disse Seu Emiliano. — Mas papai, ... — disse Inês. — Agora, Inês! — Vem Inês, obedece o papai. — disse Isabel. Inês vai se desvencilhando de Victoriano, lentamente. — Eu não vou desistir de você, meu amor. — disse Victoriano. — Eu prometo. *** Casa da Família Huerta. Seu Emiliano passou o caminho inteiro calado. Ao chegarem em casa, continuou do mesmo jeito. Aquilo estava deixando suas filhas apreensivas. Até que ele diz... — Isabel, me deixe a sós com sua irmã. — ordenou ele. — Nem pensar! Não vou deixar o senhor bater na Inês! - disse Isabel. — Por acaso, eu já bati em vocês duas alguma vez, por todos esses anos? — Não, senhor. — Então não vai ser agora que eu vou começar. — disse Seu Emiliano. — Agora saia. Quero falar com Inês. — disse ele. Isabel deu um abraço em Inês e susssurrou em seu ouvido um "boa sorte", em seguida deu um beijo na testa da irmã e saiu. — Muito bem, Inês... Agora eu quero a verdade. Até o momento, o que eu sei, é o que Don Evandro me contou. Mas eu quero ouvir de você. — disse Seu Emiliano. Não havia mais o que esconder. Então, Inês resolve ser honesta com o seu pai sobre os seus sentimentos por Victoriano. *** Enquanto isso, na fazenda Las Dianas. O clima era tenso. — Filho, — disse Dona Constança. — Eu também gosto muito da Inês. Mas não acha que está se precipitando? — Foi o único jeito pra que não nos separassem, mãe. — disse Victoriano. — Eu sei, filho, mas casamento é... — Dona Constança é interrompida por Evandro. — Não diga bobagens, mulher! Ele não vai se casar com aquela mocinha "sem eira nem beira"! — disse Don Evandro. — Ele só está fazendo isso pra me afrontar! — Você acha que o mundo gira em torno de senhor, não é?! — disse Victoriano. — Pois eu vou provar que está errado! Eu vou me casar com a Inês, sim! — E vão viver de quê? — pergunta Don Evandro. — Coragem pra trabalhar nunca me faltou! — disse Victoriano. —E acha que é fácil?!... Casar, constituir familia. Isso quando se tem ajuda. E quando não se tem? Quando tem que viver por sua própria conta? — O que quer dizer? — Escute bem, Victoriano, se continuar insistindo nessa tentativa pífia de me desafiar, eu deserdo você! — disse Don Evandro. — Evandro, não! — protestou Dona Constança. — Eu estou falando sério, mulher! — se vira para Victoriano. — Ouviu bem, rapaz? Se insistir nisso, você deixa de ser o meu filho! Victoriano não era de voltar a trás, e nisso ele era como seu pai. — Pois muito bem, Don Evandro. A partir de hoje o senhor pode se considerar sem filho! — disse Victoriano saindo. *** De volta à casa da Família Huerta. Seu Emiliano escutou a filha atentamemte. — E é isso pai. — disse Inês. — As coisas aconteceram assim. Victoriano e eu nos amamos. E ele sempre foi um cavalheiro comigo, nunca me desrespeitou. — Filha, o que me dói é que eu fui o último a saber. — Eu sinto muito, papai. Não queria que o senhor soubesse de tudo assim. Victoriano e eu estávamos esperando o melhor momento pra contar. — Pra esse tipo de coisa, Inês, não existe o melhor ou pior momento, ou você conta ou não conta. — disse Emiliano. — Eu sei, pai. Mas o Victoriano me ama. — disse Inês. — Eu não duvido. Ele desafiou o pai dele, e estava disposto a me enfrentar. Mas as coisas não são assim tão simples, filha. Estamos falando de Victoriano Santos, filho de Don Evandro, que acaba de nos tocar pra fora de sua fazenda. — Eu não queria que as coisas acabassem desse jeito pai. Eu sinto muito. — Eu também, filha. Eu também. — disse Seu Emiliano. *** Era madrugada. Inês acorda com o ruído de pedrinhas em sua janela. Ela abre e... — Victoriano! — ela sorri. Ele estava montado em seu cavalo. — Olá, "mi morenita"! Te acordei? - ele também sorrindo. — Na verdade, não. Meu sono é leve. ... Mas o que faz aqui? Alguém pode te ver! — ela sussurra. — Precisamos conversar. É importante. — disse Victoriano. — Vem comigo. — ele lhe estende a mão. — A essa hora?! Não posso! — disse Inês. — Confie em mim, meu amor. Venha. Ela o amava tanto que confiava nele em qualquer circunstância. Inês apenas troca sua roupa de dormir por um vestidinho simples e um chale. Ela sai pela janela, e os dois saem a galope.
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