Capítulo 7

2170 Words
Inês e Miguel continuavam conversando animadamente. - Então quer dizer que seu filho é veterinário? - pergunta Miguel. - Sim. O melhor! - disse Inês com orgulho. - Parece conversa de mãe coruja! - disse Miguel sorrindo. Inês ri. - É verdade! Sou muito coruja mesmo quando se trata da minha família. - disse Inês. - Mas ele é muito competente, com muito esforço e profissionalismo conseguiu essa bolsa de especialização nos Estados Unidos. E agora está voltando pra casa. - E em que seu filho se especializou? -pergunta Miguel. - Cavalos. Ele adora cavalos e sempre quis se especializar nessa área, digamos que essa paixão é coisa de família. - disse Inês com um ar nostálgico. - Mas olha só as coincidências da vida! - disse Miguel. - O que foi? - Eu tenho um amigo, e ele tem uma fazenda com uma criação de cavalos puro sangue, pra todo o tipo de modadilade de equitação. Bom... Ele está precisando de um veterinário e... Bem, aqui está. - disse ele dando um cartão a Inês. - É o cartão da empresa onde esse meu amigo é o dono. Peça pra que seu filho me procure, quem sabe não posso ajudá-lo? Inês estranhou um pouco. Não era de aceitar ajuda de quem m*l conhecia. Miguel percebeu a desconfiança dela e tratou logo de explicar. - Calma, não pense m*l de mim, por favor. Eu estou dizendo a verdade, esse meu amigo está realmente precisando de um veterinário. Se o seu filho aparecer por lá, vai estar muito mais nos ajudando do que nós a ele. Inês abaixou a guarda e resolveu aceitar o cartão. - Empresas Sanlact? - disse ela. - Esse nome não me é estranho. - É uma indústria alimentícia. Muito famosa no país. Meu amigo é o dono e sócio majoritário, seu nome é. .. Quando Miguel se preparava para dizer o nome de Victoriano, o auto falante do aeroporto anuncia que o vôo onde estava Alejandro se aproximava. - Ai, meu Deus! Meu filho está chegando! - disse Inês. - Me desculpe, Miguel, preciso ir até a área de desembarque... - Eu sei, entendo perfeitamente. Vá logo se encontrar com seu filho e m***r essa saudade! - disse Miguel sorrindo. - Mas de qualquer forma, foi um prazer conhecê-lo. - disse Inês estendendo a mão. - Acredite, Inês, o prazer foi todo meu. - disse Miguel beijando-lhe a mão. - E pode dizer pro seu filho me procurar nas empresas. - Ah, eu vou dizer sim. Obrigada. - disse Inês saindo. Miguel, definitivamente ficou encantado com Inês. Os olhos dela, o sorriso, a simpatia, tudo o atraiu. Inês foi até o portão de desembarque. m*l podía conter sua ansiedade em ver seu filho. Foi quando, finalmente, este vem surgindo. Alejandro não se contém e vai correndo abraçar sua mãe. - Mãe! Mamita!... Que saudade eu estava da senhora! - disse ele abracado com ela. - E eu de você meu filho adorado! - disse ela axariciando o rosto de seu filho. - Deus sabe o quanto senti sua falta! Mas agora você está aqui comigo, meu menino! - Sabe que eu senti falta da senhora me chamar assim, de "meu menino!" - disse Alejandro. - Não importa quanto tempo passe, você sempre vai ser o meu menino. - disse Inês. - Coisa de mãe! - Sei bem como é, mesmo quando minhas filhas crescerem ainda serão minhas princesinhas. - disse Alejandro. - E onde elas estão? Por que não vieram com a senhora? E a tia Isabel? - Sua tia Isabel ficou no restaurante. E as meninas? Bem... Ambas tinham provas muito importantes e não podiam faltar na escola, mas no caso delas, eu resolvi fazer diferente! - disse Inês sorrindo. - Eu não disse a elas que você chegaria hoje. Elas vão ter uma surpresa quando formos buscá-las! - A senhora é danadinha, hein mãe? - Alejandro sorri. - Mas vamos, vamos buscá-las e no caminho a senhora me conta as novidades. *** Mais tarde. _CIDADE DO MÉXICO_ Miguel chegara a capital e foi até a fazenda de seu amigo Victoriano. - Miguel, meu amigo! - cumprimenta Victoriano. - Como se foi de viagem? - Foi tudo bem, Victoriano. Tenho novidades sobre os investidores norte americanos. - Ah, essas novidades muito me interessam! - disse Victoriano. - Venha, vamos ao escritório. Jacinta! - ele chama a empregada. - Sim, senhor. - ela vem prontamente. - Providencie dois cafés. - ele ordena. - Sim, senhor. Os dois entram no escritório. - Pelo que vejo a fazenda vai muito bem! - disse Miguel. - Graças à muito trabalho, meu amigo! - disse Victoriano. - Mas me diga, como foram esses dias nos Estados Unidos? - Corridos! m*l tive tempo de aproveitar o passeio! - ele brinca. - Mas você não foi a passeio, espertinho! - brincou Victoriano. - Foi a trabalho!... Mas me conte, o que os "gringos" disseram? - Eles gostaram da nossa proposta! Vão mandar os seus representantes em alguns dias! - Ah, mas isso é espetacular! - disse Victoriano. - Isso merece uma comemoração! Nisso, Jacinta entra com o café. - Leve isso de volta, Jacinta! Miguel e eu vamos comemorar como se deve! - disse Victoriano. A empregada só faz dar meia volta com as xícaras de café. Victoriano tira do seu armário uma garrafa de sua melhor tequila e coloca em dois copos. - Vamos brindar, meu amigo! - disse Victoriano. - A mais uma conquista para as nossas empresas! - Posso fazer o brinde dessa vez? - pergunta Miguel. - Claro! Você conseguiu esse feito! O mérito é seu! A que brindamos então? - pergunta Victoriano. - Brindemos ao par de olhos verdes e sorriso mais lindo que eu já vi na vida! - disse Miguel. - Olha só! Depois diz que não teve tempo de passear nos "Staits" não é? - disse Victoriano com um sorriso malicioso. - Não é nada disso!... Eu a conheci no aeroporto, antes de vir pra cá. - disse Miguel. - Ela é linda, Victoriano! É simpática, sorridente, é uma mulher de família... - Como sabe de tudo isso, se acabou de conhecê-la? - disse Victoriano. - Nós conversamos um pouco. Ela esperava pelo filho que também chegaria dos Estados Unidos. - disse Miguel. - Ah, Miguel! Com tantas mulheres pra você se interessar, teve que ser por uma com uma bagagem extra?! - brincou Victoriano. - Fazer o quê? Não pude evitar. Assim que coloquei os olhos nela... Foi de imediato! - disse Miguel. - Ôpa! Espera um pouco! - disse Victoriano. - Quer fizer que o grande Miguel Sanchez se apaixonou a primeira vista?!... Vou beber a isto! - disse ele virando a dose de tequila de uma vez. - Não seja debochado, Victoriano! - disse Miguel. - Vai me dizer que nunca se apaixonou a primeira vista? - Sim, me apaixonei. - disse Victoriano. - Uma vez. Não foi a primeira vista, mas foi intenso e verdadeiro. Eu a amava com toda a minha alma. - disse ele com certa tristeza em suas palavras. - Imagino que não estamos falando da Débora, não é? - disse Miguel. - Não, Miguel. Não estamos. Essa mulher por quem fui apaixonado, foi o grande amor da minha vida. A ninguém amei tanto!... - disse Victoriano. - Com ela aprendi o que significa amar alguém com todo o seu coração. E por causa dela também, hoje eu não acredito mais no amor. - Nossa, meu amigo! Nunca te ouvi falar assim com tanta tristeza. - disse Miguel. - Essa mulher deve ter mesmo partido o seu coração! - Em mil pedaços, Miguel!... Mas vamos deixar de falar de coisas tristes e vamos brindar a essa sua dama misteriosa! Saúde! - disse Victoriano. - Saúde! - disse Miguel. A vida é engraçada. m*l sabiam eles, que estavam falando da mesma mulher. Aquela que partiu o coração de Victoriano, e aquela que a partir daquele momento tomaria conta dos pensamentos de Miguel. Seu nome? Inês. *** _GUADALAJARA_ Apartamento de Inês e sua família. A felicidade foi geral. Todas estavam muito contentes com a volta de Alejandro. Como Inês planejou, as meninas ficaram eufóricas quando o pai delas foi buscá-las na escola. Não desgrudaram dele um minuto sequer, desde que chegara. - Meninas, deixem o pai de vocês, respirar um pouco! - disse Inês. - A gente tava com muita saudade, vovó! - disse Naty. - É, vó Inês! O papai ficou muito tempo longe da gente. - disse Mary. - Deixa elas, mãe! Eu também estava morrendo de saudades dessas princesas! - disse ele enchendo suas filhas de beijos. - Elas também sentiram muito a sua falta! - disse Inês sorrindo. - Era uma euforia só quando você ligava! - disse Isabel. - E sua mãe chorona, ficava com os olhos marejados, sempre que falava com você! - disse Isabel abraçando a irmã. - É. Mas agora nada mais de choro. - disse Inês. - Agora é só alegria! - disse Inês se juntando ao abraço de suas netas e de seu filho. - Adoro abraço em família! - disse Isabel se juntando também. Um pouco mais tarde, Inês, Isabel e Alejandro conversavam. - E então, Alejandro? - pergunta Isabel. - Quando vai começar a construção da clínica? - Bom, tia... Eu já tenho uma boa parte de capital, mas preciso de um pouco mais. - disse ele. - Vou pedir um financiamento ao banco. Mas pra isso, preciso de uma renda fixa. Foi então que Inês se lembrou. - Ah, sim!... - disse ela. - Eu conheci uma pessoa no aeroporto, e ele me deu esse cartão. - disse ela lhe entregando. - Ele? - disse Alejandro. - Então quer dizer que a senhora conheceu um homem no aeroporto, não é dona Inês? - disse ele com um sorriso travesso. - Ué, Inês? Essa parte você não me contou. - disse Isabel sorrindo. - Porque eu só me lembrei agora. E parem de me olhar desse jeito! - disse Inês. - Que jeito, mãe? - disse Alejandro. - Desse jeito como se eu estivesse falando de algum pretendente! Eu acabei de conhecer esse homem, meu Deus! - disse Inês. - Inês, minha irmã, se ficamos assim, é porque queremos que refaça sua vida. - disse Isabel. - Você é linda, é a avó mais enxuta que conheço! - Isabel! - exclamou Inês. - A tia Isabel tem razão, mãe. A senhora tem todo o direito de ser feliz. - disse Alejandro. O que Alejandro não sabia, mas que sua tia Isabel sempre foi ciente, era que o único motivo de Inês nunca ter conseguido abrir seu coração para outra pessoa é porque só houve um único homem a quem ela amara de verdade: Victoriano. Um amor do qual ela teve que abrir mão, mas que nunca pudera esquecer. *** _CIDADE DO MÉXICO_ À noite. Victoriano estava em seu escritório olhando alguns papéis, quando sua esposa entra. - "Mi corazón", não vai dormir? - perguntou ela. - Eu já estou indo, pode ir na frente. - ele responde. Débora se aproxima de Victoriano e senta em seu colo. Ela usava uma langerie bem provocante. - Só vou se você vier comigo. - disse ela com uma voz sedutora. - Assim é jogo sujo, mulher! Você me desconcentra desse jeito! - disse Victoriano não resistindo as provocações da esposa. - Meu amor, e a nossa festa de bodas? Já pensou em como será? - pergunta Débora. - Eu não sei, mulher. Sabe que não entendo dessas coisas. Por que você não se encarrega de tudo, hein? - disse ele lhe beijando o pescoço. - Eu posso? - ela se anima. - Pode ser tudo como eu quiser? - Você é a rainha! O que decidir está feito! - disse Victoriano sorrindo. - É por isso que eu te amo! - disse Débora o beijando apaixonadamente. Os dois se deixam levar pelo desejo e transam ali mesmo no escritório. Depois de um breve momento de luxúria, enquanto Victoriano vestia sua camisa, Débora notou a medalhinha que estava em seu pescoço. - Essa medalhinha é tão antiga, meu amor! - disse ela com desdém. - Por que não joga ela fora? Você não tira ela pra nada! - E nem vou! - disse Victoriano aborrecido com o comentário de Débora. - Fiz um juramento de que nunca, jamais, a tiraria do pescoço. - E pra quem você fez esse juramento? Posso saber? - ela o questiona. - Não. Não tem necessidade de você saber. Mesmo porque a pessoa não importa mais. - disse Victoriano. - Se a pessoa não importa mais, então por que você não se livra dessa medalhinha? - pergunta Débora. - Porque quando se faz um juramento, você cumpre. Mesmo que a outra pessoa tenha lhe faltado com a palavra, mas você tem que cumprir a sua! - disse Victoriano saindo do escritório. Será que a pessoa que deu a medalhinha à Victoriano, realmente não lhe importava mais?
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