Pierre/Igor
Tenho uma vida um pouco complicada, um dia antes do meu pai se suicidar, na prisão, eu fui visitar ele junto com minha mãe do coração, Vivian, e ele me pediu para que eu me vingue de todos que machucaram-no.
Ele e minha mãe sofreram por culpa dos outros, sei que o Gustavo tem uma filha e ela era o meu alvo. Porém, a princesinha Helena é cercada de seguranças e ninguém pode chegar próximo a ela, sem falar que o pai pessoalmente a treinou.
Porém, não vou desistir do último desejo do meu pai. Em uma das minhas viagens a Nova Iorque, conheci Catarina Gutteman, filha do sócio da minha mãe, ela é bem maluquinha e será uma bela diversão.
Flashback on:
Estava em uma festa e vejo Catarina dançando, por um instante imagino que a Helena esteja por aqui. Olho ao redor e é como se eu fosse reconhecê-la. Já faz anos, que não vejo a Helena, só reconheci a Catarina Gutteman, por ser fotografada em quase todas as coleções do pai dela.
O Ian se aproxima e fala:
— Igor, tem umas gatinhas que quero te apresentar — sim, eu e o Ian, somos pegadores natos e não dispensamos gatinhas na balada, mesmo sendo sérios quando o negócio é trabalhar. Só que meu foco aqui hoje é outro.
— Ian, eu já estou de olho em alguém. Vai se divertir — falo e sigo em direção a Catarina.
— Oi — falo no ouvido dela, fazendo-a virar e ficar de frente para mim.
Assim que me vê, ela abre um lindo sorriso, eu, sem pressa, me apodero de seus lábios e ela retribui na mesma intensidade. Ficamos nesta pregação até uma certa hora.
Quando me despeço, peço o telefone dela e ela me passa prontamente. Dou mais alguns beijos nela, porém meu alvo é Helena Macenna.
FlashBack off.
Desde então, Catarina tem se apegado a mim e acreditado que estamos namorando.
Deixa-me falar um pouco de mim.
Eu sou Igor Vieira, filho adotivo de Vivian Vieira e Túlio Alcântara. Meus pais biológicos, Megan Cooper e James Vieira (ex-marido de Vivian), morreram e, um dia antes da morte do meu pai, ele me fez jurar vingança por ele e minha mãe. Vivian, minha mãe, nunca fez distinção entre mim e os gêmeos Ian e Isa, e o atual marido dela, Túlio, me trata muito bem. Moramos em Paris, mas quando posso, viajo com meus irmãos. Somos muito unidos; no entanto, apenas Ian sabe da promessa que fiz para nosso pai.
— Acorda, porque além de ser feio, você precisa trabalhar. Fala Ian, pulando na minha cama.
-–Você não tem nada para fazer, não é? Em casa a essa hora.
— Só vou dar aula hoje depois das 9. Você tem alguma turma hoje? — Eu, o Ian e a Isa seguimos os passos do nosso pai e também trabalhamos com moda. A Isa ajuda minha mãe no ateliê, produzindo looks modernos, enquanto minha mãe cuida dos vintage e dos mais tradicionais. O Ian e eu damos aulas na faculdade de moda: ele como estilista e eu como pintor. Amo pintar e me perco diante de uma tela e suas paletas de cores.
Na faculdade, gosto de usar o meu segundo nome, pois me lembra da minha mãe, que partiu precocemente. Minha mãe, Vivian, queria que eu usasse apenas o nome Igor, porém pedi para continuar com Pierre, mesmo que ela retirasse o sobrenome da minha mãe, e ela aceitou sem insistir.
Então, eu sou Igor Pierre Vieira, filho ilegítimo de James Vieira e professor na faculdade de Belas Artes, onde os melhores estilistas, pintores e artistas em geral se formam.
Chego atrasado para ministrar minha aula, hoje abre uma turma nova e ministrarei desenho gráfico. Mas, como bom pegador, vou ao encontro das meninas antes de ir para a sala de aula.
Ando com pressa, apenas para cumprimentá-las e alguém esbarra em mim. Quando levanto meu olhar me deparo com o mais belo anjo.
— Desculpa, não te vi — falo com uma voz grave.
— Eu, que estava com pressa e não te vi — fala ela, um pouco ansiosa.
— Pierre, você vem ou não? — Diz a Kátia, que já estava com cara de poucos amigos.
Olho mais uma vez para o pequeno anjo e não falo nada, seguindo o meu caminho.
Vou em direção à sala de aula, mas a imagem daquela garota não sai da minha mente. E, para fuder ainda mais com meu psicológico, na primeira sala que entro, lá está ela, na primeira fileira. Vejo seu rosto corar quando seus olhos encontram o meu.
Fico feliz, pois ela não é indiferente…
Inicio a aula me apresentando e quando a olho ela está com seus olhos ávidos prestando atenção em cada palavra que ouve na aula.
Termino minha aula e procuro pelo meu irmão nos corredores da faculdade, preciso conversar com ele, colocar o que estou sentindo para fora.
Quando o vejo de longe, apresso os passos para me aproximar dele, o meu celular toca e na mesma hora xingo-me por dentro ao olhar o visor, pois é a Catarina Gutteman, minha namorada.
Respiro fundo antes de atender. Não posso ignorá-la, ainda mais agora que ela tem se mostrado tão presente — demais, na verdade. Atendo com a voz mais neutra que consigo:
— Catarina?
— Amor, bom dia! Tava com saudade de você… a gente se vê hoje?
Fecho os olhos por um instante, controlando o incômodo que sinto quando ela me chama assim. Amor. É engraçado como uma palavra tão pequena pode carregar tanto peso quando dita pela pessoa errada.
— Hoje vai ser difícil. Estou com aulas o dia todo e tenho uns projetos para revisar com o Ian — minto, parcialmente. Não que eu não tenha o que fazer, mas se quisesse mesmo, encontraria tempo. Só que hoje, sinceramente, tudo que quero é descobrir quem é a garota dos olhos curiosos que me encarou da primeira fileira como se pudesse me ver por dentro.
— Ah… que pena. Mas tudo bem, eu entendo. Só não esquece de mim, tá?
Ela desliga antes que eu possa responder. Melhor assim.
Continuo caminhando até meu irmão, que me vê de longe e abre um sorriso.
— Você está com uma cara de quem viu um fantasma — diz ele, batendo de leve no meu ombro.
— Algo assim. Preciso conversar contigo.
Nos afastamos para um canto mais reservado do jardim da faculdade, onde quase ninguém passa durante o horário de aula.
— Lembra da promessa que fiz ao nosso pai?
Ele me encara com seriedade, a expressão brincalhona sumindo de seu rosto.
— Claro que lembro. E sei que isso ainda te consome.
— Encontrei alguém… ou melhor, esbarrei em alguém hoje. E, Ian, por um momento eu esqueci. Esqueci da vingança. Esqueci da Helena. Esqueci até da Catarina. Aquela garota… tem algo nela que me puxou, que me fez querer descobrir mais. Como se ela tivesse parado o tempo quando nossos olhos se encontraram.
Ian cruza os braços e me observa em silêncio. Ele sabe que eu não falo essas coisas à toa.
— Você acha que ela pode atrapalhar seus planos?
— Acho que ela pode fazer muito mais do que isso. Acho que ela pode me mudar. E isso me assusta.
Meu irmão ri, mas não com deboche — é aquele riso de quem entende.
— Talvez esteja na hora de você lembrar que também é humano, Pierre. Que, por trás da promessa, do artista, do pegador e do vingador, existe um homem que também quer sentir. E não só destruir.
Suspiro, desviando o olhar. Porque a verdade é essa. Eu quero sentir. Só que sinto culpa até por admitir isso.
— Vou tentar descobrir mais sobre ela. Só preciso ter certeza de que ela não tem nenhuma ligação com o passado. Com ele.
— E se tiver?
— Então… será só mais uma peça no meu jogo.
Mas mesmo enquanto digo isso, uma parte de mim já sabe: ela não será só mais uma.