O primeiro copo bebi muito rápido e as bolhas da bebida subiram para a minha cabeça.
Quando Vito olha para mim do seu lado da cozinha eu não desvio o olhar, encho o meu copo novamente. A minha mente obscena continua pensando nele, no chuveiro, na forma como os seus músculos terminam em um V perfeito e como a água destaca cada elevação do seu peito maravilhosamente esculpido.
Agora, quando olho para ele, só consigo imaginá-lo nu e a única coisa que eu posso pensar é como o abraço dele era bom.
Eu bebo o vinho e tento pensar na comida e não nele se masturbando no banheiro.
— Pare de me olhar assim. Ele me diz.
— Assim como? Eu ajo como se estivesse surpresa.
— Como se você me imaginasse nu e coberto de chantilly. Pare, porque não consigo pensar direito quando você faz isso.
Eu reviro os olhos. Ele é tão arrogante. — Não se iluda, Vito. Digo a ele. — Imaginei você engasgando com a cenoura.
Eu me viro e olho pela janela, tentando esfriar o calor sob a minha pele. Eu sei que estou corando, mas vou dizer que é o efeito do vinho, se ele mencionar.
— Tenho certeza que você gostaria de engasgar com a minha cenoura, Melodie.
Agora a imagem na minha cabeça fica ainda pior. Quando eu me entrego, e me viro, Vito está bem na minha frente, ele entrou no meu espaço pessoal.
— Você sabe que não é boa em fazer piadas, Melodie. Ele diz com a voz rouca, como se a sua garganta estivesse presa.
— Eu não estava brincando, Vito. Digo a ele, tentando não perceber o quanto a sua proximidade me afeta.
Tenho certeza que ele podia ouvir o meu coração batendo como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Ele se aproxima ainda mais e eu me vejo encostada no balcão.
Não tenho mais para onde ir. Vito dá um sorriso torto, sedutor, de derreter calcinhas e se inclina para que o seu corpo fique pressionado contra o meu.
— Não estava? Ele me diz, inclinando o meu queixo para cima com o dedo. — Prove. Ele diz tão perto de mim que as suas palavras vibram contra os meus lábios.
Agora é ele quem está tirando sarro de mim, então não devo ceder. A tentação de beijar Vito é demais. Mas ele me desafiou e não posso desistir de um desafio.
Olho nos seus olhos e sem o romantismo de fechar os meus, me inclino para ele, estreitando aquele espaço entre nós. Os seus lábios tocam os meus e, naquele momento, percebo que não ganhei, perdi. Perdi a cabeça e o controle da situação. As suas mãos seguram o meu cabelo enquanto ele segura a minha cabeça, o beijo do Vito parece áspero. Ele tem gosto de vinho e pecado, e quando a sua língua encontra o caminho para dentro da minha boca, eu nem mesmo tento resistir.
Não consigo respirar, mas não me importo. Não estou pensando, nem raciocinando, apenas sentindo. Ele contra mim, o seu cheiro e a maneira como ele morde suavemente o meu lábio inferior me faz apertar as minhas pernas. Quero que ele continue me beijando e, pela primeira vez, quero conseguir o que quero.
Vito
Ela está bêbada, eu sei. Ele tomou três taças de Lambrusco em menos de dez minutos. Eu sei que ela não está pensando direito e, para ser honesto, eu também não. Ela me perturba completamente e não consigo pensar racionalmente quando ela está perto de mim. Eu olho para os olhos dela. Nós dois tentamos recuperar o fôlego depois daquele beijo.
Mas é inútil porque não consigo, não consigo respirar. Agora que eu provei, não estou interessado em fazer o jantar, só quero mais do sabor da Melodie.
Ela não se mexeu, não tentou me afastar, apenas olhou para mim. — Não pare. Ela sussurra baixinho para mim.
Eu não quero parar. Eu a quero com todas as minhas forças. Mas se eu não parar, isso vai chegar a lugares que nós dois sabemos que não podemos chegar. Se eu não parar agora, não tenho certeza se conseguirei antes que vá longe demais.
— Nós temos que parar, Melodie. Eu digo a ela, beijando os seus doces lábios pela última vez. — Você sabe que não podemos fazer isso. Por mais que eu queira, não podemos. Me forçando ao contrário de cada molécula do meu ser que puxa para ela, eu me afasto.
— O que está acontecendo com você? Ela diz irritada.
— Não há nada de errado comigo, você sabe que não podemos fazer isso. O meu pai vai me matar e o seu pai também. Indico o óbvio, porque eles não vão se importar com o fato de ela ter bebido.
Não fomos feitos um para o outro. Não tenho permissão para tocá-la.
— O que há de errado comigo, Vito? Melodie sibila as palavras e torna a encher o copo com a mão trêmula. — Você não gosta de mim? Agora ela está com raiva. — Porque eu não entendo você, uma hora você gosta de mim e na outra você se comporta como uma criança de cinco anos, com medo de piolhos. Que po*rra? Ela balança a cabeça, e vira de costas para mim. — Ninguém vai saber o que vamos fazer aqui, por que não podemos pelo menos aproveitar esse confinamento juntos?
Realmente me agrada muito ouvir o que ela está dizendo. Mas não posso ceder, a essa coisa entre nós. Não sei como chamar, ela me atrai como nenhuma outra mulher.
— Mas e depois? Porque está tudo bem, mas o que vai acontecer depois disso? Vamos esquecer e fingir que nada aconteceu?
Eu sei que não conseguiria. Porque se eu a visse um homem colocar a mão nela depois que eu a tivesse, eu o mataria. Eu o mataria e adoraria fazer isso.
Ela é diferente. Não tenho certeza se posso ficar com ela e depois deixá-la.
— E então, Melodie? Eu a pressiono, porque quero que ela me diga como isso vai acabar. Eu quero saber se ela pode se livrar de mim depois, porque eu realmente não acho que ela pode. Porque Melodie não está procurando dinheiro ou poder, isso ela tem. Ela quer emoções, amor e todas aquelas coisas em que ninguém no nosso ramo realmente acredita.
— Então voltamos para nossas vidas. Ela diz. — Ou você não acha que podemos apenas nos divertir? Ela está me tentando e está funcionando.
Ela está fazendo isso soar como se pudesse funcionar, e oh meu Deus, eu realmente quero isso.
— Nós literalmente não temos mais nada para fazer, Vito.
— Melodie, você está bêbada. Na verdade, você não quer dizer nada disso... talvez seja o vinho falando, então tenho que descartar essa ideia rapidamente.
Um de nós tem que se comportar com responsabilidade.
— Vamos comer e, quando estiver sóbria, podemos conversar. Eu coloco os pratos na mesa.
Comemos sem dizer uma palavra, sinceramente não faço ideia do que dizer. Eu gostaria que a sua proposta não tivesse soado tão bem e eu não a estivesse considerando.
Podemos realmente ter um caso enquanto estamos aqui e depois agir como se nada tivesse acontecido? Melodie termina a sua refeição, assim como outra taça de vinho, então se senta e me encara.
Ele não desvia o olhar. Acho que ela nem piscou.
Estou prestes a me levantar e limpar a mesa quando ela me diz: — Nunca fiz isso. Eu sento de novo. — Nunca me ofereci para nenhum homem, nem nunca, beijei alguém.
A sua confissão agrava, ainda mais a minha culpa.
— Nunca tive oportunidade porque sempre tinha alguém me observando.
Claro, eles a tinham protegido como se ela fosse o tesouro mais precioso e nenhum homem ousaria.
— Por que você fez? Eu pergunto. — Por que é a primeira vez que você tem a liberdade para fazer, ou você gosta mesmo de mim?
Isso é uma espécie de jogo para ela, porque ela não está sob o olhar do pai, então ela pode enlouquecer. Bem, na verdade, ela não é selvagem, já que está presa numa casa segura.
— Eu não teria feito se não gostasse de você, não sou uma louca desesperada. Ela esclarece e não sei se isso melhora ou piora.
— Não importa, Vito, esquece! Ela se levanta, pega os pratos e copos que eu ia tirar.
Eu ouço enquanto ele os coloca na máquina de lavar louça. Eu tenho que pensar sobre isso, só por um momento. Ela sabe que não podemos ter nada real, ela não é burra.
Melodie nunca teve a chance de se aproximar de um homem, não como nós. Para o inferno com tudo.
Não vou tirar vantagem do seu estado de embriaguez, mas depois desta noite, não vou me segurar mais. Se ela ainda quer isso quando estiver sóbria, por que impedi-la? Eu vou para a cozinha e a impeço de fechar a máquina de lavar louça com a minha mão sobre a dela.
Ele para e olha para mim, como quando nos beijamos.
— Vou considerar. Eu digo a ela. — Mas não assim, não quando você está bebendo. Eu a puxo para mais perto de mim, descansando a minha mão nas suas costas.
Meu Deus, é linda. E desta vez, quando a beijo, não me contenho. Quero que sinta o que está fazendo em mim, que entenda exatamente o que está me pedindo.
Quando solto, fecho os olhos e respiro fundo. Isso não pode ir mais longe, pelo menos não esta noite. Então, naquele momento, o destino intervém quando o telefone via satélite na sala de estar toca. É a primeira vez desde que chegamos que alguém ligou.
— Alô. Respondo, esperando por meu pai ou Marco.
— Vito, como vai? Como está Melodie? É Sam e o meu estômago está começando a revirar.