CAPITULO 2

1211 Words
Lá estão eles, os Reis, o grande clube dos bad boys que ninguém fala. Mas, se eles são os reis, então estaremos seguros. — A família Manzella ajudará o seu pai e cuidará de você. — Eles vão mantê-lo, se... — Não seja uma criança mimada, Melodie. Escute. Isso significa que devo deixar os homens governarem e não desafiar as suas regras tolas. É o que sempre faço aqui, é por isso que todos me desprezam. As mulheres não deveriam entrar no mundo dos negócios, porque falamos demais, sentimos demais e choramos. Conheço essa família, conheço Vincenzo Manzella. Eu era uma menina naquela época, quando fomos para os Estados Unidos de férias. Era um negócio, mas meu pai me levou para a Disney e chamou "férias". Lembro que eram muitas crianças e eu era a única menina, porque a irmã delas estava doente e não podia brincar conosco. Os irmãos eram pequenos bandidos. O meu tio Aldo havia me dito que um dia eu me casaria com um rapaz como eles. Ele ficou muito bravo por tê-lo desafiado. Ele não entendia, porque o meu pai só tinha uma filha. Mas, o meu pai nunca me tratou como um homem e para ele eu sou o seu mundo. O telefone de Guido toca e ele se afasta para falar onde não pode ouvir. Então a minha atenção se volta para meu pai. — Maximo, ajuda. Eu luto contra as minhas lágrimas. Não vou chorar. Eu não vou quebrar. — Você não pode morrer assim. — Ele não está morrendo, Melodie. Máximo me diz, enquanto executa um curativo na ferida. — Vou colocar uma sonda e vai ficar tudo bem. Mentira. Os seus olhos estão desviados e ele não consegue nem olhar para mim. Ele está mentindo. — Máximo, se ele morrer eu mato você. Digo a ele, e devagar acrescento, para que ele saiba a seriedade com que falo — Apenas cure-o. Eu me levanto e vou até Guido, a sua ligação acabou. — Vamos. O meu primo está com uma cara triste e eu não gosto nada disso. — Quem era? Eu pergunto. — Meu pai. Ele acrescenta. — Temos que ir agora, não teremos mais de uma chance. Ele não está me dizendo toda a verdade, mas se disser que temos que ir agora, então iremos. — Deixe o seu telefone aqui embaixo. Desligue isso. Eu faço o que eles me dizem. Há momentos para lutar e este não é um deles. — Vincenzo ou um dos seus filhos irá encontrá-lo num aeródromo fora de Boston. Eles já providenciaram atendimento médico e uma ambulância que irá recebê-lo quando você pousar. Você receberá um novo telefone deles. O portão eletrônico se abre e alguns Soldados entram com cadeira de rodas e equipamentos médicos. Máximo cuida do meu pai e Guido me entrega uma mochila. A partir daí, tudo se tornou um borrão até que no momento em que decolamos no ar. As últimas palavras do meu primo ficaram na minha cabeça. "Exílio". *** A aterrissagem foi suave e a máquina que Máximo conectou ao meu pai ainda está apitando. Eu sei que ele está vivo, mas sua cor mudou. Preocupação revira o meu estômago. Quando o avião para completamente e ouço o som dos motores desligando, tiro o cinto de segurança. As minhas pernas doem, então eu me levanto e me estico para tentar colocar o meu corpo em movimento. Não há tripulação, somos apenas nós dois na parte de trás. O piloto sai da cabine e abre a porta para nós. Luzes vermelhas piscando e dois sedãs escuros nos esperam na pista. Assim que os degraus da escada tocam o solo, os paramédicos correm em direção ao avião. Sinto um grande alívio e peço a Deus que o meu pai esteja bem. Deixo eles passarem e saio para o ar da noite. — Melodie. Um homem se aproxima para me cumprimentar com um sorriso forçado no rosto. — Sou Vito, o meu pai me mandou pegar você e o Capo Luigi. Está tudo bem? Ele pergunta me examinando. E eu estou bem. Fisicamente, sim, mas mentalmente, estou a três segundos de um colapso total. — Eu estou bem, obrigado. Mas meu pai precisa urgentemente de um hospital. Ele não está nada bem. Maximo cuidou dele, mas... — Máximo, aquele que chamam de 'o açougueiro'? Ele pergunta e, infelizmente, eu aceno. — Eles vão estabilizá-lo e eu já providenciei para que ele seja recebido num centro médico privado. Ele terá o melhor cuidado, eu prometo. Vito me leva para longe do avião onde ainda trabalham para meu pai e me leva até o comboio de carros que estão esperando. — Você quer esperar e segui-los até lá? Ele me pergunta. — Ou você quer ir para nossa casa descansar e eu te levo depois para vê-lo? — Vou esperar, preciso saber que vai ficar tudo bem. Obrigado. De jeito nenhum eu vou embora. — Que tipo de segurança existe nessas instalações? Preciso perguntar, só porque estamos em outro país, não significa que o Stidda não pode tentar novamente. Tenho certeza que eles já estão tentando nos alcançar. Vito Babá. Eu deveria me sentir insultado, e de fato me sinto. O meu pai acha que esta é a melhor maneira de usar as minhas habilidades e o meu tempo. Entendo como as coisas funcionam, temos uma dívida com esta família e eles a reivindicaram. Mas não quero ser babá de uma garota. Temos um negócio para administrar enquanto estou fazendo isso. Marco vai enlouquecer, encontrando ainda mais motivos para me deixar de fora. Aguardo com a ambulância particular, a equipe médica e os nossos seguranças no aeródromo, local normalmente utilizado apenas para movimentação de drogas ou armas. Aqui não há infraestrutura para passageiros, nem registro do que chega ou sai. Antigamente, a Cosa Nostra tinha navios fantasmas carregando coisas para eles, mas hoje em dia já existem voos fantasmas. É mais rápido. Não sabíamos em que estado Luigi Calderone estaria quando chegasse, só sabemos que foi baleado. Quando as luzes de pouso da pista se acendem, percebo que estão se aproximando e nos preparamos para a operação. Eles estão no ar há horas. Só poderíamos ter minutos. O meu pai deixou bem claro para mim que o melhor é que o Capo não morra durante a minha supervisão. As rodas rangem quando o avião para suavemente na pista, os motores diminuem a velocidade e, assim que a escada toca o solo, a equipe de emergência entra em ação. Espero que não haja mais nada que eu possa fazer. Melodie Calderone aparece na porta do avião. O seu cabelo preto brilhante esvoaça ao vento. Isso não é o que eu esperava. Em absoluto. Ele está vestindo calças escuras e um top preto ombro a ombro com tênis. Ela não usa salto agulha como as outras meninas pertencentes a essas famílias. Melodie parece tão normal. Não, na verdade, é linda. Sem maquiagem e com uma simplicidade que me faz olhar para ela com desejo. Ela está de olho na porta do avião quando nos cumprimentamos. Ela decide esperar por seu pai. Eu também teria feito o mesmo, então faço o que ela deseja, nem que seja por esta noite. Dormir é para os fracos.
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