Surpresa

1308 Words
A manhã estava em pleno vapor na delegacia. O ar estava carregado do cheiro de café e donuts, e os policiais estavam ocupados com seus afazeres diários. Eu estava sentado em minha sala, revisando alguns relatórios, quando ouvi uma voz familiar me chamando. Levantei o olhar e vi Leila entrando pela porta, carregando uma cesta de café da manhã. Ela estava linda, como sempre, com um vestido florido e um sorriso radiante. Os policiais que passavam por ela paravam para admirá-la, alguns até sussurrando entre si. Eu sabia que ela era uma mulher bonita, mas nunca havia percebido o quanto ela atraía olhares. Leila chegou à minha sala e colocou a cesta na mesa. — Bom dia, Henry — disse ela, com um sorriso. — Bom dia, Leila — respondi, sorrindo de volta. Ela se sentou em uma cadeira e começou a tirar os pães e o café da cesta. — Eu fiz isso para você — disse ela, com um olhar carinhoso. — Obrigado, Leila — respondi, me sentindo um pouco envergonhado. Ela sorriu e começou a comer um pão, observando-me enquanto eu fazia o mesmo. — Você está bem? — perguntou ela, notando minha expressão pensativa. — Sim, estou bem — respondi, tentando disfarçar minha preocupação. Ela me olhou com um olhar penetrante. — Você não está me escondendo alguma coisa? — perguntou ela, sua voz suave, mas firme. Eu hesitei por um momento, mas decidi ser honesto. — Leila, eu… — comecei, mas fui interrompido por um barulho na porta. Era Bryan, o policial que tinha uma queda por mim. Ele entrou na sala com um olhar feio para Leila. — O que você está fazendo aqui? — perguntou ele, com um tom de voz acusador. Leila se levantou, com um olhar de desafio. — Eu vim trazer café da manhã para o Henry — respondeu ela, com a voz firme. — Você não tem permissão para estar aqui — disse Bryan, se aproximando dela. — Eu tenho todo o direito de estar aqui — respondeu Leila, se defendendo. Eu me levantei e me coloquei entre eles. — Bryan, por favor, vá embora — disse eu, com um tom de voz autoritário. Bryan me olhou com raiva, mas acabou saindo da sala. Leila me olhou com gratidão. — Obrigada, Henry — disse ela, com um sorriso. — Não precisa me agradecer — respondi, sorrindo de volta. Ela se aproximou e me deu um beijo na bochecha. — Eu te amo, Henry — sussurrou ela, antes de sair da sala. Fiquei olhando para a porta por um momento, sentindo meu coração bater mais forte. Eu sabia que Leila era uma mulher especial, uma mulher que merecia ser amada e protegida. E eu faria tudo o que fosse necessário para mantê-la segura A presença de Leila na delegacia causou um certo burburinho, era inegável. Não era comum me verem acompanhado, muito menos por uma mulher tão… radiante. Bryan, coitado, nunca escondeu sua admiração por mim, e vê-la ali, trazendo café da manhã e me tratando com tanta i********e, o deixou visivelmente contrariado. Aquele olhar que ele lançou para Leila era uma mistura de ciúme e reprovação. Mas Leila, alheia a tudo isso, parecia focada apenas em mim. Depois que ela saiu, o clima na delegacia ficou um pouco estranho. Sentia os olhares curiosos dos meus colegas, alguns até cochichando entre si. Ignorei os comentários e me concentrei no trabalho, mas a imagem de Leila, com aquele sorriso doce e a cesta de café da manhã, insistia em permanecer em minha mente. Mais tarde, naquele mesmo dia, enquanto eu estava absorto em um caso de roubo a banco, meu telefone tocou. Era Miller. — Henry, precisamos conversar. Encontramos mais algumas evidências no caso Vargas. Meu estômago se revirou. A sombra daquele crime sempre pairava sobre mim, e a cada nova descoberta, a apreensão só aumentava. — Já estou indo para aí, Miller — respondi, tentando manter a voz firme. O encontro com Miller foi tenso. Ele me mostrou algumas fotos do carro de Ricardo, agora completamente carbonizado, e alguns objetos encontrados no local. Nada que me incriminasse diretamente, mas a pressão era constante. — Encontramos vestígios de gasolina no local, Henry. E um tipo específico de pneu, usado em alguns modelos de carros pretos… — Miller me encarava com um olhar penetrante. Senti um calafrio percorrer meu corpo. Meu carro era preto. — Estamos verificando os registros de veículos da época, Henry. É só uma questão de tempo até chegarmos a uma conclusão. Saí da delegacia com a sensação de que as paredes estavam se fechando ao meu redor. A teia que eu havia tecido com tanto cuidado estava se desfazendo, e eu me sentia cada vez mais preso. Naquela noite, encontrei Leila em meu apartamento. Ela havia preparado um jantar romântico, com velas e música suave. A atmosfera era perfeita, mas eu não conseguia relaxar. A sombra do meu segredo pairava sobre nós, ameaçando nossa felicidade. — O que aconteceu, Henry? Você parece tão distante — Leila perguntou, com uma expressão preocupada. Hesitei por um momento, pensando em contar a verdade, mas o medo de perdê-la me paralisou. — É só… trabalho. Tenho um caso complicado em mãos — menti, desviando o olhar. Leila pareceu aceitar minha explicação, mas eu podia ver a dúvida em seus olhos. Depois do jantar, nos abraçamos no sofá, em silêncio. Eu a apertei contra meu corpo, tentando absorver sua paz e seu amor. Mas mesmo em seus braços, a angústia não me abandonava. Naquela noite, enquanto Leila dormia tranquilamente ao meu lado, eu fiquei acordado, olhando para o teto, atormentado pela culpa e pelo medo. Sabia que a verdade, mais cedo ou mais tarde, viria à tona. E quando isso acontecesse, eu perderia tudo. Perderia Leila, perderia minha carreira, perderia a mim mesmo. A manhã chegou com um raio de sol que invadiu o quarto. Leila acordou com um sorriso doce nos lábios. — Bom dia, meu amor — ela disse, me dando um beijo suave. — Bom dia — respondi, tentando sorrir. Naquele momento, enquanto a olhava, senti uma determinação crescer dentro de mim. Eu precisava proteger Leila. Precisava garantir que ela não fosse envolvida na minha queda. Decidi que faria o que fosse preciso para mantê-la a salvo A iminente investigação do meu carro me deixava em um beco sem saída. A cada dia, a cada conversa com Miller, a corda apertava mais. Precisava de uma saída, uma forma de desviar as suspeitas antes que fosse tarde demais. A ideia de perder Leila, de ser preso e ter meu nome manchado para sempre, me assombrava. Passei noites em claro, repassando cada detalhe do caso Vargas, procurando uma brecha, uma pista que tivesse passado despercebida. Foi então que encontrei no celular do Vargas uma conversa casual com um homem, algumas semanas antes de sua morte. Ele mencionou estar envolvido em negócios arriscados, com pessoas influentes e perigosas. Falou sobre uma dívida alta e o medo de não conseguir pagá-la. Essa pista me acendeu uma faísca de esperança. Se Ricardo tinha dívidas com criminosos, eles poderiam ser os verdadeiros responsáveis por sua morte. Decidi investigar essa linha de raciocínio, mesmo sabendo que era arriscado. Comecei a vasculhar os arquivos da delegacia em busca de informações sobre agiotas e outros criminosos conhecidos na região que o Ricardo morava. Encontrei um nome que me chamou a atenção: Carlos “Cobra” Moreira, um sujeito com um longo histórico de violência e envolvimento com agiotagem. Segundo os arquivos, Ricardo tinha um histórico de empréstimos com ele. Decidi então mudar o foco da investigação, direcionando as atenções para Cobra Moreira. Comecei a levantar informações sobre seus negócios, seus contatos, seus álibis na noite do crime. Descobri que ele tinha um histórico de ameaças a devedores e que era conhecido por seus métodos violentos de cobrança.
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