A batida na porta foi firme, autoritária. Meu coração martelou no peito, mas eu mantive a expressão neutra. Ao abrir, me deparei com dois policiais à paisana. — Senhor Henry Vasconcellos? — perguntou um deles, mostrando um distintivo. — Sim — respondi, cruzando os braços. — Precisamos que nos acompanhe até a delegacia para prestar alguns esclarecimentos sobre o desaparecimento de Hugo Freitas. Meu maxilar se contraiu, mas assenti. Eu já esperava por isso. Na delegacia, o interrogatório foi longo e meticuloso. Me perguntaram sobre a relação com Hugo, sobre as brigas, sobre as testemunhas que afirmavam ter nos visto discutindo violentamente. Eu neguei tudo, mantendo-me firme, mas sabia que a suspeita já estava sobre mim. Quando fui liberado, senti o peso daquela acusação me esmagando.

