PRÓLOGO
— Pai, por que agora? Tentei soar calmo apesar do medo crescendo na boca do meu estômago enquanto olhava para a garota loira agachada no canto da sala sem janelas.
Ela estava soluçando, o rosto enterrado nos joelhos dobrados, mas dava para perceber que ela não era muito mais velha do que eu.
Eu tinha acabado de completar treze anos.
— Porque eu mandei. O meu pai respondeu com uma carranca. — Porque é hora de você se tornar um homem. Porque essa garota precisa ser inaugurada antes de eu vendê-la.
Uma onda de náusea me atingiu. A minha mãe me manteve tão longe dos negócios do meu pai, com muito medo de quem eu me tornasse, uma réplica dele.
Sem fé, imoral, mau.
Mas ela havia morrido há um ano e agora eu estava à mercê dele. Quantas vezes eu quis dizer a verdade para Luca? Meu
