Corredores brancos, pisos de azulejo branco, cartazes de animação, aquela mistura implacável de grupos estereotipados que são normais até mesmo para escolas sobrenaturais, e todos os livros "Chicken Soup for The Teenage Soul" que minha mãe me presenteou nas últimas semanas, enquanto as férias de verão chegavam ao fim, não foram suficientes para me preparar para isso.
Anos de ensino doméstico no conforto da minha casa foram jogados fora por causa de um teste i****a solicitado pelo alfa, que me colocou no meu último ano neste inferno particular de uma escola secundária onde meu irmão e todos os outros membros graduados desta matilha frequentam.
Minha mãe sempre se gabou de como eu sou brilhante, mas eu achava que era apenas algo que ela gostava de dizer porque é minha mãe. Acontece que ela estava certa. O teste me colocou aqui, pulando completamente meus primeiros e segundos anos.
Suspirei enquanto navegava pela multidão, desviando de ombros largos e nuvens de perfume. O cheiro enjoativo doce pairava pesado na parte de trás da minha garganta, fazendo-me franzir o nariz, e o suor em minhas palmas me lembrava que eu não tinha nada a ver com isso.
242...242... Repeti o número do armário várias vezes enquanto procurava em cada fileira que passava. A raiva me dominou quando os números brilhantes chamaram minha atenção.
"Ei, Harls. Você está bem?" Meu irmão perguntou, bagunçando ainda mais meu cabelo. Eu não tinha percebido que estava parada ali olhando para o meu armário na fileira de cima até ele se aproximar.
"Não. Eu quero ir para casa." Fiz bico, arrastando meus Converse desgastados no chão de azulejos.
"Ah, vamos lá. Dê uma chance." Ele disse, apoiando-se no armário e olhando para baixo para mim.
"Den... Eu não pertenço aqui. Eu nem consigo alcançar meu armário." Lágrimas encheram meus olhos, não exatamente de tristeza, mas de raiva. Eu não quero isso.
Eu fui educada em casa por um motivo, e mesmo que o Alfa Grimm atribua minha educação em casa a eu ser estranha, isso me fez ver como ele é cheio de merda. Ele me despreza e quer me fazer infeliz por algum motivo, e meus pais permitem porque meu pai é o beta dele, e meu irmão é o próximo na linha.
Eu posso sentir meu lobo lutando por domínio, rugindo uma tempestade contra minhas emoções. Ela quer correr, eu quero me esconder.
Denny soltou um longo suspiro enquanto meus olhos escureciam.
"Não aqui, Harls. Se recomponha até chegarmos em casa." Den sacudiu meus ombros.
É preciso manter em segredo que meu lobo apareceu. É estranho para um lobo aparecer antes dos dezoito anos, o meu apareceu há seis anos. Meus pais e Denny são os únicos que sabem, e eu ouvi quando todos disseram que era melhor escondê-la. Eles afirmaram que sabiam o que era melhor para mim, e quem sou eu para discordar? Afinal, os filhos gêmeos do Alfa Grimm, os sucessores do seu trono, nem terão seus lobos até os dezoito anos, e meus pais sabem o inferno que isso poderia significar para mim.
Ele se virou para mim, encarando meu armário enquanto o abria. "O que você precisa?"
Eu sei que ele está tentando ser prestativo, o que eu aprecio, mas vou ter que mudar isso.
"Cálculo Avançado," resmunguei. Seus olhos queimaram através de mim com uma mistura de confusão e medo.
"O que você é?" ele riu. Sua piada foi leve, mas era uma pergunta válida com apenas uma resposta.
"Uma maldita aberração," respondi enquanto ele me entregava os materiais para a minha primeira aula.
"Harley, você está longe de ser uma aberração. Pelo contrário, você é brilhante e especial, e não há nada de errado nisso." Ele respondeu, apertando meu ombro.
"Não sei o que faria sem ele."
"Talvez eu ainda não tenha terminado meu primeiro período quando o seu acabar, mas posso pedir ajuda ao Atlas ou ao Axel até conseguirmos trocar seu armário... ou arranjar um banquinho para você." Ele riu enquanto meu coração afundava.
"Não!" Eu disse rápido demais. "Eu consigo descobrir."
"Não os incomode." Não consigo ficar perto dos gêmeos há anos sem meu coração acelerar e minha boca secar. Sem mencionar a agitação que eles causam na minha loba, e já estou lutando para controlá-la. Eles confundem minha mente e fazem minhas mãos tremerem, e não preciso disso além de tudo mais.
Virei as costas para Den antes que ele pudesse argumentar, seguindo para minha primeira aula. Estudei o layout deste lugar por semanas e sei exatamente como chegar onde preciso rapidamente. Respirei fundo na porta, tentando me centrar antes de entrar, esperançosamente acalmando a mim mesma e à minha loba, que estava arranhando minha mente, implorando por reconhecimento.
Cravei as unhas nas palmas das mãos, respirei fundo e segurei o ar até que meus pulmões queimassem. Um... Dois... Três. Entrei. Meu corpo inteiro congelou quando vi os dois gêmeos e apenas uma cadeira vazia ao lado de Axel. Merda!
Atlas estava com uma loira em volta da cintura, usando-a como um tanque de oxigênio, e os olhos de Axel queimavam em minha direção com suspeita. Me arrastei para o fundo, caindo levemente na carteira que engolia meu corpo de um metro e cinquenta.
"Acho que você está perdida, passarinho." Axel sussurrou, usando meu apelido de infância.
"Quem me dera." Resmunguei, tirando meus materiais da mochila, uma bebida energética e o pano de limpeza para meus óculos. Sua risada sombria enviou um formigamento delicioso pela minha espinha, fazendo meu estômago revirar enquanto ele se acomodava em sua cadeira, preparando suas coisas.
Consegui passar pelo primeiro período sem apresentações constrangedoras ou interrupções. Na saída, juntei minhas coisas, parando no banheiro. Um grupo de garotas estava lá consertando a maquiagem e fofocando quando entrei na cabine e fiz xixi.
"Acho que ele vai t*****r comigo neste fim de semana." Uma delas disse, rindo.
"Pensei que você estivesse transando com aquele cara que ofereceu para fazer uma cirurgia no seu nariz?" perguntou a outra curiosamente. A pergunta dela irritou a loira.
"SHH!" sua agitação era evidente.