Dona Clara Narrando Sempre achei que a vida me ensinaria a ter paciência, mas, conforme os anos passam, vejo que cada dia é um novo teste. Meu nome é Dona Clara, mãe do Gabriel — ou Arcanjo, como todo mundo no Vidigal chama. Mas, pra mim, ele vai ser sempre só o meu filho, aquele menino que corria descalço pela laje, cheio de sonho nos olhos. Hoje em dia, virou esse homem marcado, cheio de tatuagem e fama de bandido. Dá um aperto no coração, mas não tenho como negar: tenho orgulho do homem que ele se tornou, o meu garoto, mesmo sabendo que ele caminha numa trilha perigosa. A casa onde moro fica num canto do morro, bem no meio da confusão. Toda vez que escuto algum tiro ou radinho anunciando “operação,” meu estômago aperta, porque sei que o Gabriel tá lá fora, metido em coisa grande. T

