Capítulo 3

2020 Words
Dia da prova... Estevão - Eu quero que todos se sentem mais afastados. Solicita Estevão, ele organiza a sala e aplica a prova. Chega bem próximo a carteira de Maria Victória e ao entregar a avaliação diz a ela em tom ameaçador. Estevão - Boa sorte! "Era uma afronta, ele queria que eu perdesse isso era evidente. Por que ele me queria derrotada? que bem iria fazer a ele que eu perdesse minha bolsa de estudos e meu lar?" O coração de Maria dispara, aquilo era sim um desafio...aquele tom, aquele olhar tiraram o controle emocional que ela com muito custo estava mantendo. Ainda assim ela se agarra na fé e na dedicação que teve aos estudos naqueles dias. Finalizou e entregou a prova saindo da sala ainda gelada com a tensão do momento, tudo estava ali o que havia estudado sabia de cor todo aquele conteúdo era dada como certa uma boa nota...a não ser que ele a prejudicasse e esse era o maior medo dela. Luzía percebeu como ele a olhava sair, não restava dúvidas de que aquele homem queria sua amiga...a desejava de maneira incisiva e parecia não se importar com o que os outros pensassem. Luzía - Ele nem sequer se esforça para disfarçar. Estevão - Disse alguma coisa? Luzía - Nada...só pensei em voz alta. Estevão - Muito cuidado com esses pensamentos. Estevão sempre ia até o refeitório, às vezes acompanhado de outros professores sempre bem humorado, parecia um cara qualquer. Mas sempre que tinha oportunidade lançava olhares para Maria Victória, ela já tinha assimilado que não havia inocência ou imparcialidade no seu trato com ela. Ele era sim um homem que a olhava como mulher, isso era assustador quando ela era o elo mais fraco...apenas uma aluna bolsista. ... Algum tempo mais tarde... Estevão - Hoje entregarei as provas de vocês. Sei que estão ansiosos para saber quem conseguiu se livrar dessa disciplina. Ele sorri entregando as avaliações. Luzía - Amiga eu passei, graças a Deus estou livre desse semestre. Comemora Luzía. Maria fica feliz pela amiga, mas ao mesmo tempo com muito medo da sua própria nota. Estevão - Maria Victória..sua prova. Diz Estevão entregando e olhando em seus olhos. "Eu congelei, novamente aquela sensação porém desta vez muito mais forte...muito mais dolorosa." Aquela nota era um golpe quase letal nos seus sonhos, ela não se controla e sai da sala aos prantos. Luzía faz menção de ir atrás dela, mas Estevão a impede. Estevão - Deixe...depois eu irei falar com ela. Ela precisa de um tempo. Diz ele olhando para Luzía e satisfeito por dentro. Maria corre para a biblioteca se encosta em uma prateleira de livros e chora compulsivamente. Estava de recuperação por um décimo e pelo histórico de suas notas sabia que se não atingiu a nota que precisava com um trabalho e uma prova, dificilmente em uma única avaliação conseguiria. Tudo estava perdido, sua bolsa de estudos e seu sonho de um bom emprego. Maria volta para casa, Andréia percebe sua tristeza. Andréia - Fiz um chá de camomila, tenta se acalmar Maria. De nada adianta chorar assim... Maria Victória - Você não entende Andréia, tudo pelo o que eu sempre lutei...a única coisa nessa vida que eu podia conquistar sozinha era meu estudo e agora nem mais isso. Sem família, casa...futuro profissional! Andréia - Você e inteligente, linda...se o pior acontecer e você perder essa bolsa de estudos, Deus vai te abençoar com outra oportunidade. Maria Victória - Obrigada por ser tão especial, se não fosse você e Luzía na minha vida eu não sei o que seria de mim. As duas se abraçam. Nos dias seguintes... Luzía - Amiga sei que está preocupada com sua bolsa de estudos, mas eu acredito em você e sei que vai conseguir a nota que precisa. Diz Luzía conversando com ela no refeitório. Maria Victória - Eu nem sei o que fazer, se eu perder a bolsa terei que ir embora da faculdade e nem tenho para onde ir. Ela chora e abraça a amiga. Luzía - Não fica assim por favor, se isso acontecer você vai para minha casa comigo. Mas por que não vai conversar com o professor? Maria Victória - Luzía eu não posso fazer isso, você estava certa ele está empenhado em me prejudicar e se eu for atrás dele ele vai ter certeza que eu estou nas mãos dele. Luzía - Amiga você devia denunciar a conduta dele. Maria Victória - Eu não posso provar que ele me persegue, a avaliação era praticamente um relato da matéria. Ele pode simplesmente alegar que não estava satisfeito com o que eu redigi. Estou de mãos atadas! Luzía - Se eu fosse você tentaria. "E se Luzía estiver certa? Se ele me ouvir e de alguma forma tentar me ajudar?" Naquela tarde Maria Victória pensou sobre o que Luzia havia dito, recolheu toda a coragem que ainda tinha e foi até a sala dos professores falar com Estevão. Maria Victória - Professor Estevão...o senhor está ocupado? Eu queria falar com você um instante. Ela pede tímida. Estevão - Eu já estava de saída, mas podemos tomar um sorvete aqui na praça em frente? Ele convida sem pudor com quem estivesse por perto. Ela não tem outra alternativa, aceita. Chegam na sorveteria e se sentam próximos, ela estava visivelmente triste e cabisbaixa. Ele toca no queixo dela e levanta seu olhar, Maria afasta o rosto e pergunta: Maria Victória - Professor... Estevão - Estamos fora do campus, me chame de Estevão. Maria Victória - Estevão, eu nem sei como iniciar essa conversa, mas eu já não aguentava mais.. Estevão - Diga, estou aqui para te ouvir. Maria Victória - Por que me deu notas tão baixas...?eu, sempre fui boa aluna eu nunca em toda a minha vida havia passado por um fim de semestre assim. "Não queria parecer fraca, mas as lágrimas fugiram dos meus olhos." Ele responde sem qualquer expressão: Estevão - Esperei que me procurasse desde o trabalho que te devolvi...queria ver até onde seu orgulho iria. Ele sorri. Ela se surpreende com aquele sorriso inapropriado para o contexto daquela conversa, como orgulho? Luzía estava certa ele esperava que ela se humilhasse para ele todo esse tempo. Maria Victória - Eu não entendo, o senhor disse orgulho? Então já esperava que eu viesse aqui implorar? Ela se irrita e se levanta para sair, ele segura forte sua mão. Estevão - Sente-se menina, ainda não terminamos essa conversa. Diz ele sério. Maria Victória - Eu não vim me humilhar se é o que você pensa. Eu só não concordo com as notas tão baixas que tem me dado, mas se acha que eu as mereço então eu peço desculpas e esqueça que o procurei. Ela pede sem fazer contato visual, estava envergonhada com a situação. Ele friamente responde: Estevão - Eu sei que é uma aluna excepcional, inteligente e muito capaz. Essas notas foram para que você se esforce um pouco mais...nessa vida temos que merecer as coisas. Maria Victória - Um pouco mais? eu só tenho estudado durante esses meses não tenho dormido direito ou me alimentado...eu não sei mais de que forma e que tempo eu poderia dedicar aos estudos. Ela engasga tamanha a força que usou nas palavras, estava revoltada e nada lhe faria se conformar com aquilo. Estevão - Você precisa estudar mais, se dedicar mais...quero que estude comigo. Diz ele olhando fixo para os lábios dela. Pronto, aquela era a gota d'água se ela tinha dúvidas de que ele a estava assediando agora...tinha certeza. Maria Victória - Eu acho que entendi errado...estudar com você? Estevão - Parece que ficou assustada, estudar eu disse. Na faculdade mesmo na biblioteca, sala dos professores...enfim. Eu quero te ajudar Parecia impróprio, mas ainda assim não parecia tão incorreto aceitar estudar com ele nas horas vagas mesmo que isso desse ainda mais combustível para as fofocas sobre eles. Seria sufocante estar perto dele o ver mais vezes, porém seria pior perder todo o estudo, tempo investidos no curso. "Sempre que estávamos juntos estudando, ele me olhava de maneira insidiosa. Eu me sentia assustada...o que Luzía havia dito rondava minha mente sempre que estávamos sozinhos." Em um desses encontros Estevão falou com um pouco mais de intim1dade. Estevão - Já disseram que você tem lindos olhos? Ele sorriu. Maria ficou corada, era um elogio simples porém...vindo dele era estranho. Maria Victória - Sim... Estevão - Que pergunta estúpida a minha, claro que deve ouvir isso o tempo todo! "Ele olhava para os meus lábios, sentia que ele estava prestes a cometer uma loucura." Maria Victória - Podemos continuar amanhã? Estou com um pouco de dor de cabeça! Estevão - Claro que pode...ninfetinha. Maria Victória - O que disse professor? Estevão - Claro que podemos continuar amanhã...e tenha bons sonhos. Assim como esses...nos dias que se seguiram eles se encontravam sempre nas horas vagas para estudar, na biblioteca ou sala dos professores quando estava mais vazia. Ela notava os olhares dele, mas ele a respeitava...então ela seguia firme em seu objetivo de passar naquele curso. Um dia ficaram até tarde na biblioteca e ele se oferece para acompanhar Maria até seu alojamento no campus mesmo. Estevão - Posso te acompanhar até seu quarto? María Victória - Claro. Ele a acompanha até a porta antes de entrar ele beija a mão dela. Ela se assusta, mas não o repreende. Estevão - Eu estou me despedindo do campus e de você María. Ele diz com semblante triste. Maria Victória - Você já vai embora? o Professor Luís já vai voltar? Estevão - Eu aplicarei a prova de vocês amanhã a corrigirei, assim que finalizar o semestre em dois dias irei embora. Maria Victória - Sinto muito. Você é um bom professor! Diz ela e ele sorri. Estevão - De tudo o que deixo aqui o que mais lamento é deixar de te ver. "Eu congelei com aquela declaração, era direta sem rodeios e dessa vez eu não podia fingir que não ouvi." Maria Victória - Por favor Estevão não fale essas coisas, eu fico constrangida. Estevão - Não fique, você não tem culpa pelo que sinto por você. Ele tenta tocar seus cabelos e ela se afasta. Estevão fica visivelmente irritado com a negativa, se afasta a olhando bem dentro dos olhos e vai embora. María fica apavorada com o que havia acontecido, tinha certeza que ele a iria reprovar era certo que faria isso depois de tudo. Pensou até em nem sequer ir aquela aula, mas sabia que se arrependeria de nem mesmo tentar. "Fiz aquela bendita prova." Os dois nem sequer se olharam naquele dia. Dois dias depois como prometido a nota estava no sistema. Sim, ela havia sido aprovada...mal podia acreditar que mesmo depois daquele "fora" que havia dado nele tinha conseguido passar naquela disciplina. Tudo seguia como antes, o professor Luís voltou recuperado e pegou as disciplinas do semestre seguinte normalmente. Maria seguia sua rotina normal, um dia todos da turma recebem um convite misterioso era uma festa de halloween em uma propriedade rural a uns 15 km da cidade. Luzía estava empolgada afinal adorava uma boa diversão, ela passou a semana tentando convencer Maria Victória a ir. Luzía - Você vai comigo sim, nem que eu tenha que te arrastar. Maria Victória - Luzía você sabe que não curto essas festas e ainda mais uma que a gente nem sabe quem vai dar e onde vai ser...não acha estranho? Luzía - Por favor...você vai comigo sim. Por favor! Isso é apenas um detalhe, deve ser algum filho de milionário querendo se enturmar e quanto ao lugar temos o endereço. Maria Victória - Tá bem, você sempre me vence..sua chata vamos, mas eu nem fantasia tenho para isso. Luzía - Isso deixa comigo, vamos ser as mais sexy daquela festa ou mudo de nome... "Eu não sentia aquele convite como uma boa idéia, dentro de mim havia um sinal de alerta ligado. Eu não sabia dizer por que, mas eu não queria ir a esse lugar ao mesmo tempo que outra parte de mim dizia: você tem que ir."
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD