CAPÍTULO 9: É A ÚLTIMA VEZ QUE FALAREI COM ELA

1022 Words
Concordei com um aceno de cabeça, mas as palavras dele ecoavam na minha mente. Enquanto deitava na cama, enfrentei a dualidade dentro de mim. A vingança continuava a ser meu propósito, mas a imprevisibilidade das emoções humanas tornava o caminho mais complexo do que eu imaginava. O conflito interno persistia, e a linha entre minha antiga determinação e as novas experiências estava borrada. O destino ainda reservava desafios, e eu estava prestes a descobrir até onde estava disposto a ir para concretizar minha vingança. Ao amanhecer, após uma noite de reflexão tumultuada, decidi clarear a mente com uma corrida pelos arredores da Catumbela. O vento fresco da manhã tentava dissipar os pensamentos confusos que me assombrava desde o encontro com Merciana. No meio do exercício, fui surpreendido por um dos nossos clientes, que apresentou um novo produto. Ele buscava alguém para expandir a distribuição, e eu, mesmo imerso nos meus próprios conflitos, decidi experimentar a d***a para avaliar sua potência. Enquanto eu provava o produto, Aristildes, o irmão de Merciana, observava discretamente de longe. Assim que o cliente partiu, Aristildes se aproximou, revelando que havia testemunhado toda a cena. Sua expressão denunciava um misto de curiosidade e interesse. — Vi tudo, Aloisio. E eu quero entrar nesse negócio. -"declarou Aristildes, com determinação." Recuei, ponderando sobre os riscos envolvidos e a natureza sombria do meu envolvimento com esse mundo. Tentei argumentar, explicando que esse tipo de trabalho exigia uma frieza que não era adequada para ele. No entanto, Aristildes, olhando-me nos olhos, revelou uma carta na manga. — Se não me deixares entrar nisso, vou contar à Merciana sobre o teu passado como mafioso. -"chantageou ele, mostrando que conhecia o meu lado obscuro." Um frio percorreu minha espinha. Eu, que sempre mantive minha verdadeira identidade longe dos olhos de Merciana, via-me diante de uma chantagem que poderia comprometer tudo. Consciente de que não podia arriscar a exposição da minha vida dupla, cedi, relutante. — Está bem, Aristildes. Entras no negócio. Mas lembra-te, isso não é um jogo de crianças. -"adverti, percebendo que a trama ao meu redor tornava-se cada vez mais complexa e perigosa." Aristildes sorriu, satisfeito com sua conquista, agradeceu dizendo que eu não vou me arrepender e desapareceu na sombra do meu novo caminho. A manhã clara em Catumbela se transformou em um labirinto de escolhas complexas. Ao aceitar Aristildes em meu mundo sombrio, sabia que o jogo tinha se intensificado, e as peças se moviam em direções imprevisíveis. Após o exercício revitalizante, retornei à casa, onde a água do banho buscava lavar não apenas o suor físico, mas também a tensão emocional. Decidi compartilhar a chantagem de Aristildes com Jackson, buscando conselho em meio ao caos. Ao revelar a situação, Jackson, com um olhar severo, repreendeu-me por ceder à chantagem. Suas palavras ecoaram como um lembrete cru da fragilidade das escolhas feitas na busca por uma nova vida. — Estou perplexo. É inconcebível que alguém tente chantagear o ilustre Aloisio, especialmente visando preservar sua reputação diante de uma senhora. - expressou Jackson diante de mim, exibindo uma mistura de admiração e indignação. — Peço desculpas, meu irmão. — Surpreende-me vê-lo pedindo desculpas e demonstrando emoções, sendo que a quinta regra que você mesmo criou é não ter emoções e muito menos sentimentos. - provocou Jackson, lançando insultos. — Hoje realizaremos a apresentação do nosso trabalho de inglês, e a partir desse momento, optamos por encerrar qualquer tipo de comunicação com ela, eu nunca mais falarei com ela. - comuniquei de forma decidida. — Espero sinceramente que assim seja, meu irmão. - suspirou Jackson, compartilhando a esperança de que essa seja a última interação desconfortável. No decorrer das horas após minha conversa com Jackson, o aguardado momento da apresentação finalmente chegou. Em meio à pressa, dirigi- me ao colégio, percebendo que já estava consideravelmente atrasado. Ao adentrar a sala, percebi que era o momento exato de apresentarmos nosso trabalho. Durante a exposição, a sinergia entre Merciana e eu foi notável, resultando em uma apresentação coesa e impactante. O desempenho foi tão marcante que até mesmo o professor não poupou elogios. — Vocês formam uma equipe excepcional. Espero ver mais colaborações assim no futuro. Parabéns! - expressou o professor com satisfação. No final da aula, Merciana aguardava ansiosamente na porta da sala. Eu hesitei por um momento, mas acabei saindo. Ela me olhou com curiosidade e um sorriso leve. — Sabe, acho que formamos uma dupla incrível na apresentação. Talvez pudéssemos continuar colaborando em outros projetos - sugeriu Merciana, mantendo seu sorriso. — Não quero me envolver em mais nada. É melhor seguirmos caminhos diferentes - respondi, tentando ser firme. Merciana franziu a testa levemente. — Não entendo, às vezes parecemos tão conectados, e outras vezes você age como se eu fosse uma estranha. — As pessoas não são sempre previsíveis, Merciana. Tenho meu jeito, não quero te iludir - expliquei, olhando sério. Ela suspirou, desviando o olhar por um momento. — Eu só queria entender, talvez tenhamos algo especial. — Merciana, não é tão simples. Eu não quero te magoar, e isso é melhor para ambos. O toque do celular interrompeu a conversa, era uma mensagem urgente que eu precisava responder. Quando olhei de volta para Merciana, seus olhos refletiam uma mistura de decepção e aceitação. — Acho que preciso ir, Merciana. Boa sorte para você - falei, seguindo apressado para a saída. Ela ficou parada por um momento, absorvendo a situação, e eu continuei meu caminho, deixando para trás a incerteza daquela breve conexão. Capítulo 4: Sendo herói Após um desentendimento com Merciana, parti abruptamente, deixando-a em um estado de incerteza. Observando a cena, Teresa, do outro lado da sala, percebeu o descontentamento da amiga e prontamente se aproximou para entender a situação. — O que está acontecendo, amiga? - indagou Teresa com empatia. — É aquele Aloisio, um verdadeiro palhaço - desabafou Merciana. — Eu te avisei para se afastar, amiga. Tanto ele quanto o irmão parecem gostar de magoar as pessoas - alertou Teresa. — Agora vejo que você estava certa. Vou seguir seu conselho e nunca mais falar com ele - afirmou Merciana com convicção. CONTINUA ...
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