Capítulo 1 - Sem Revisão

2153 Words
Olá. Meu nome é Valentina Briguenti Maserati tenho dezesseis e vou fazer dezessete daqui a quatro meses, mais ou menos. Uma adolescente quase normal. É... quase! Como todas as pessoas tenho meus segredinhos, mais... Como posso dizer? Terão que ler para entender. Muito difícil para explicar. Continuando... Uma das coisas que mais odeio é ficar enclausurada num lugar fechado, e isto piora umas dez mil vezes quanto estou dentro de um avião. Odeio voar! Se o ser humano foi feito para voar deveria ter nascido com asas, pensei olhando aflita pela janelinha do avião. A segunda pior coisa além de voar é ter uma pessoa que está mais apavorada que você sentado ao seu lado. Creia quando eu digo que a coisa mais h******l do mundo! É como se o próprio Hades viesse dar uma volta sobre a terra e te escolhesse como acompanhante. Imagina só a cena, cheiro de enxofre, roupas pegando fogo e aquele calor maldito. Bom, é assim que eu vejo! Olhei desgostosa o rapaz do meu lado que ora pela décima vez. Sério isto, bufei quando o avião passou por uma corrente de ar mais forte. _ Alguém lá em cima deve me odiar! - murmurei respirando fundo me segurando em meu assento. Meu vou do aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro até JFK em Nova York tinha sido um pesadelo, pois nunca pensei em ficar tanto tempo enclausurada dentro de um avião. Mas por viajar a noite e ser de primeira classe, isto é, ficar sozinha sem ninguém do meu lado, amenizou a situação. Nem mesmo as várias horas que tive que aguardar meu próximo vou para Burlington em Vermont me tirou tanto a paciência como agora. Meu voo até Burlington em Vermont não duraria mais que uma hora e meia, mas ao lado daquele rapaz estava sendo uma eternidade. Ainda não acredito que Marcelo me convenceu a estudar nos Estados Unidos, longe dele. Marcelo é minha única família. O único que conhecia e ficar afastado dele me causa pânico. Está na hora de o pássaro deixar seu ninho e ampliar seus horizontes, ele sempre me dizia. Por causa disto estou naquele bendito avião com um lunático religioso do lado. Bufo de raiva! _ Querem alguma coisa? - nos perguntou a aeromoça simpática. _ Não obrigada. - sorri agradecida. _ Quando vamos pousar? - quis saber o rapaz com o terço nas mãos. _ Daqui a dez minutos. - respondeu ela compreensiva. _ Graças a Deus. - murmurei para mim mesma. Olhei pela janela novamente e respirei fundo. O que será que me espera aqui? Mesmo não querendo me lembrei dos sonhos que tive dias atrás. Vi-me num cemitério cheios de lápides com nomes que não conhecia e tinha uma mulher toda de branco que flutuava entre elas. Ela parecia feliz dançando num lugar tão triste. Mas quando vi seus olhos senti minha alma gelar, não tinha olhos, em seu lugar havia a escuridão. Eram tão negros seus olhos que eu corri apavorada! Senti meu coração disparar e quando pensei que tinha fugido ela segurou meu braço e eu acordei ensopada de suor e com a respiração entrecortada. O outro eu me via enfrente há uma parede de pedras num lugar sombrio, mas não estou bem, pois quando olho minhas mãos estão molhadas de sangue, na verdade estou toda suja de sangue, ensopada da cabeça aos pés. De quem era aquele sangue? Não sei. Se é meu também não sei. Mas quando encosto a mão na parede eu vejo uma transformação, vários símbolos luminosos vermelhos e azuis aparecem em toda parede. Após alguns segundos estes símbolos correm pela parede e formam figuras de várias formas, cujo não sei interpretar para depois formar um grande círculo que depois foi diminuindo até ficar pequeno ao redor de minha mão. Posso sentir a dor me envolver, mas não consigo retirar minha mão. Acordei gritando de dor assustando Marcelo naquela noite. Eu simplesmente não conseguia explicar o que aconteceu. Fiquei me perguntando se isto tinha algo a ver com o dia de seu descobrimento. É, descobrimento? Não tenho recordações de minha infância. Não sei quem são meus pais. Não me recordo de quem são meus parentes. Simplesmente nada. No lugar disso havia um grande... vazio. Respirei fundo deixando que as lembranças voltassem novamente a minha mente. Flashback on Acordei num quarto todo pintado de verde e branco com várias flores e balões pendurados em minha cabeceira. Não consegui falar e meu corpo doía muito! Tudo parece muito estranho aos meus olhos e ouvidos. Nada me parecia familiar. Confusa tentei me levantar, sem sucesso. Uma mulher se aproxima de mim e vê que estou acordada e sai gritando correndo, chamando alguém. Mas tarde eu soube que se chamava Sara e era ela que tomava conta de mim. Logo depois um homem vestido de branco veio me examinar. Todos pareciam muito felizes por eu ter acordado. Eu conseguia entendê-los, mas não conseguia falar. Algumas horas depois Marcelo veio ao meu encontro e se apresentou como meu tutor ou pai adotivo. Me simpatizei com ele de cara. Ele se mostrou uma pessoa paciente e muito amorosa, sem falar o quanto é brincalhão. Tudo para ele era motivo de festa o que me deixava sempre leve e relaxada. Com ele eu aprendi a falar e andar. Ele foi meu apoio durante estes últimos dois anos e meio de minha recuperação. Devo tudo que sou a esta pessoa maravilhosa! Tempo depois ele me explicou como fui encontrada. Era muito estranho ouvir que você foi achada numa parte inacessível de uma floresta por índios. Na floresta Amazônica para ser mais específica. Alguns missionários me encontraram com os índios e me levaram para Manaus. Onde fiquei em coma por um ano. Marcelo me encontrou por um acaso do destino. Ele estava em viagem para conhecer a Amazônia e um dos médicos que cuidava de mim era seu amigo. Ele quis me conhecer e se apaixonou pela pobre menina em coma. Resumindo ele me adotou e cuidou de mim me transferindo para um hospital do Rio de Janeiro até achar um parente ou meus pais, o que nunca aconteceu. Foi procurado minha identidade em todos os bancos possíveis e nada foi encontrado. Era como se eu não existisse! Somando o tempo que fiquei em Manaus e no hospital no Rio eu fiquei dois anos e meio em coma, fora o tempo para me recuperar depois. E eu não me lembrava de nada. Sofria de amnésia crônica! Mas de tudo o que mais me assustou foi meus olhos. Eles não são comuns como verdes, azuis, pretos, mel... Meus olhos são de um verde forte e incomum, isto sem dizer a meia lua branca que circundava minhas írises. Aquilo era assustador! Nunca, segundo os médicos viram uma mutação assim. As pessoas me encaram como se eu fosse uma experiencia malsucedida. Com o tempo me acostumei, mas foi difícil! Usei lentes de várias cores, mas irritava meus olhos. Por fim aceitei meus olhos como são. Quando me encaram hoje finjo que não vi. Como não sabiam de nada sobre mim e não tinham nenhum documento me deram a idade de treze anos na época e meu aniversário foi marcado quando me encontraram. Marcelo me batizou como Valentina em homenagem a sua bisavó e por significar valente. Segundo ele era um nome perfeito para mim. Marcelo me ensinou tudo! Com ele aprendi sobre música, arte, francês, italiano, espanhol, tocar instrumentos..., mas principalmente a pintar. Eu amo pintar! Marcelo era um italiano pintor renomado que mora no Rio de Janeiro há quinze anos. Ele ama as praias e as mulheres brasileiras! Com ele também aprendi sobre vinhos e comida. Viajamos muito pelo país quando eu estou de férias. Por ter um QI elevado sempre me adiantam nos estudos o que sempre chama a atenção. Por isto Marcelo quis que eu estudasse numa escola melhor. O que me levou a esta viagem. Flashback off Pelo autofalante escuto o piloto avisando que íamos pousar. Quando o avião começou a descer para meu desespero o rapaz segurou minha mão. Sua mão está tão pegajosa de suor que me deixa enojada! Tive uma vontade louca de esmagar os ossos de sua mão, mas me contive. Assim que o avião aterrissa e manobra para descermos o soltei com um safanão e coloquei meu chapéu irritada passando por ele quase correndo. _ Moça. - o rapaz veio atrás de mim quando tento sair rapidamente pelo corredor estreito - Quero te pedir desculpas. - ele ainda vinha atrás de mim. Por mais que eu passasse a mão na minha calça eu ainda sentia o suor dele em minha mão - Posso te paga um café ou um suco? Passei por uma senhora colocando distância entre nós. _ Não obrigada. - gritei colocando, mais pessoas entre nós. Quando cheguei às escadas respirei fundo agradecendo os raios de sol pálidos e a brisa fria. Agradeci aos céus por estar de jaqueta preta e calça jeans com botas. Passei pela burocracia novamente da imigração e peguei minhas malas. Quando sai no saguão quis que um buraco se abrisse e me engolisse. Uma faixa enorme com direito a balões e purpurina escrito com meu nome estavam me esperando. Toda a família Culler estava ali a minha frente. Os risos que as pessoas davam me fazia ficar mais envergonhada. Marcelo me enviou para estudar na escola que seu amigo era diretor, Paul Culler. Ele havia me mostrado fotos da família toda. Também moraria com eles num cômodo fora da casa. Era uma de minhas exigências para estudar fora. Preciso de minha liberdade! Só não esperei que eles viessem lhe buscar, já que o aeroporto ficava a quase duas horas de onde eles moram, Stratton Mountain. _ Valentina!? - a mulher se aproximou é me abraçou forte. Senti-me petrificar no lugar! Megan Culler é linda! Nem parecia ser mãe de quatro filhos. Tipo mignon, loira, cabelos cheios e cortados até o ombro, olhos azuis e um sorriso aberto e cativante. _ Quero que conheça meu marido Paul. - ele me abraçou e me beijou também. _ Bem-vindo à família! - desejou ele jovial. Paul Culler parecia mais um galã de cinema do que um diretor de escola. Alto e musculoso, com os cabelos e olhos castanhos e um sorriso de garoto travesso. _ Estes são os gêmeos Joshua e Isadora. - apresentou os filhos mais velhos. As fotos que Marcelo me mostrou não fazia jus aos dois. Joshua era alto e musculoso igual ao pai, mas tinhas os traços, os olhos e os cabelos de Megan. Isadora também era belíssima, mas o olhar de desprezo que ela me deu ficou claro que não seriamos amigas. Ao contrário da irmã viu o brilho de interesse nos olhos de Joshua. _ Estes são Austin meu do meio e Débora minha caçula. Gostou do sorriso franco de Austin é o brilho de divertimento em seus belos olhos. De todos ele é o que mais parecia com Paul. Débora era uma mistura linda do casal com seus cabelos castanhos e olhos azuis. A pequena a olha com curiosidade, prevejo problemas a frente. Eles são tipicamente uma família americana. _ Agradeço a hospitalidade e a ajuda de vocês. - agradeci no meu perfeito inglês. Tirei um canudo de minha bagagem e entreguei ao Paul - Marcelo pediu para te entregar Sr. Culler. _ Paul, por favor. - pediu ele pegando o canudo. _ Nada de formalidade. Pode me chamar de Megan também. - pediu a mulher - Quer comer alguma coisa antes de partirmos? _ Não obrigada. - sorri - Não precisava vocês virem me buscar. Eu poderia pegar um táxi ou ônibus. _ E Izzy perder a oportunidade de fazer compras? - provocou Joshua fazendo todos sorrirem. _ Cala essa boca! - rosnou ela irritada - Podemos ir mamãe? _ Claro. Meninos carreguem as malas de Valentina. Fui guiada pela família falante até o estacionamento onde uma perua nos aguarda. Joshua e Austin guardaram minhas malas no bagageiro enquanto me sento ao lado de Débora. Durante toda viagem Austin e Joshua ficam me falando dos pontos altos de Stratton e onde poderiam se divertir. Quando chegamos fiquei encantada com a casa de dois andares de tijolos vermelhos. O jardim era imenso cheio de flores e árvores espalhadas. Gostou mais ainda da densa mata que ficava atrás da casa. _ Amanhã te mostraremos tudo. - prometeu Megan me arrastando para dentro da casa. Já está muito tarde para explorações. A sala imensa com direito a lareira para os dias de inverno e um piano simples no canto me deixou encantada. Ficou impressionada com o local bem decorado e cheio de porta retratos espalhados. Assim que comemos fui dormir no quarto de Débora, pois já é muito tarde. Na verdade, eu não dormia, apenas tirar pequenos cochilos desde que acordei do coma. É como meu corpo estivesse sempre pronto para ser atacado. *********************************************************************
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