O PAI

1099 Words
Eu não ia deixar ninguém mandar na minha vida. Acordei as seis da manhã para visitar Júlio.Abusado estava enorme,e muito levado. Sabia que o resultado do exame sairia e também sabia que Renato iria me procurar. Desliguei o telefone,ele teria que aparecer. Pedi a Dora para chegar cedo,e as seis da manhã ela estava lá.Chamei um táxi,e fui. Estava de calça jeans,chinelo,e não levava nada..Só a carteira do presídio e minha identidade. Não tinha ninguém para guardar meu lugar na fila,então enfrentei a fila do presídio como uma visitante qualquer.Até porque eu era.A única coisa que diferencia as esposas dos presos ali na fila é a aparência ou a situação financeira. Eu era uma mulher bonita,ainda sou,embora bem mais velha.Mas ali eu vivia o meu auge. Todo mundo me olhava,e eu sorria porque sempre fui simpática mesmo. Quando passei na revista um desipe perguntou se eu era mulher de Júlio e eu disse que sim. Ele me olhou com uma cara estranha,e eu não entendi. Talvez tenha feito isso por causa de Livia,aquela s****a que andou com meu macho. Sim,eu decidi que era com ele que eu queria ficar.Renato eu m*l conhecia,e ele seria capaz de fazer comigo coisas que eu não tinha como saber,eu senti sim,medo dele. Eu estava levando a foto da nossa afilhada,e estava pronta para passar quatro anos transando só no presídio,sem olhar para outro homem,era isso que eu faria. Levei o resultado do teste de gravidez,iria contar a ele e dizer que não contei antes porque não queria que ele voltasse pra mim só por isso,e também por estar com raiva,devido a história com Lívia,minha ex cunhada fura olho. Quando Júlio me viu veio correndo,e me beijou.Nossa,como eu estava com saudade dele. Estava bem mais magro,mas ainda assim muito bonito. Não era parlatório,era visita comum,mas o preso sempre da um jeito de dar umazinha,mesmo sem muito luxo,aliás luxo nenhuim.. Ele foi lá e pediu ao responsável pela barraca que ele ia...era ali naquela barraca que a gente ia t*****r. Tava ótimo,seria na barraca,no chão mesmo,em edredom,não importa.Eu queria sentir ele dentro de mim e tirar Renato de mim. Ele nunca mereceu me ter,eu fui louca.Mas isso ia ficar pra trás. Eu era uma mulher adulta,dona do meu corpo e da minha vontade. Coloquei nossos assuntos em dia,e ele disse que o dinheiro estava pouco,as bocas não estavam dando muito lucro,mas tia Carmem tinha colocado Renato para ajudar,e ele tinha trazido uns três comparsas. Ouvir o nome dele me dava um certo desconforto,e então fomos para a cabana. Ele foi logo tirando minha roupa,e dizendo que estava com tesão...Me beijando,e apertando meus s***s,já meio doídos... Foi então que eu aproveitei e falei que era para ir devagar,pois eu tinha algo para contar... -Fala..ele disse. Então eu falei para ele que estava grávida. Ele meio que se assustou,e me olhou de forma estranha..perguntou como eu podia estar grávida... Então eu falei para ele fazer as contas...Ele ficou bolado porque não contei antes,disse que nunca teria cortado meu parlatório,mas que fez isso na hora da raiva. Eu estava com tres meses,e fiquei com medo de contar antes,fiquei muito m*l com toda a história de Flávia. Ele disse que queria ver então o exame,e se eu estava mesmo grávida a gente devia casar.Casar era bom para ele,se eu casasse eu estaria ajudando ele a sair até mais rápido... Bem,não era meu sonho casar dentro de um presídio,até porque na rua ele nem em noivado quis me pedir... Ele estava um doce.Quem já teve um homem preso sabe,cadeia muda um homem,mas só quando está lá,depois que sai tudo muda. Ele beijou minha barriga,disse que me amava,e eu embarquei nessa onda,me arrependi de ter falado da gravidez pra Renato,e de não ter logo falado com Júlio.Ele não teria como saber,nasceria um pouco depois mas e daí...ele nem ia se ligar nisso. Ele transou comigo com carinho,cuidado,e depois ficamos conversando sobre que nome darmos ao nosso filho. Ele disse que com certeza seria menino... Julio não estava feliz,ele estava radiante. Aquela gravidez me deu medo,dúvida,mas agora,agora tudo ia dar certo. Eu ia ter um filho do homem que eu amava,e era só isso que importava. Hoje,vendo a situação em que me coloquei,vejo como eu era maluca. Primeiro que eu não devia ter falado para Renato,e segundo que eu devia ter me cuidado,ido ao médico,pra ter certeza se realmente eu não podia ser mãe... Ele disse que soube que Thiago tinha matado o cara que matou Penelope,e isso foi a única coisa boa que ele fez nos ultimos meses,Thiago tava derramando a boca,tia Carmem já tinha cantado essa pedra pra ele... Será mesmo que era Thiago..então tia Carmem era uma falsa. Meu primo estava em Minas,falei para Júlio,e Júlio disse que ele ia acabar morrendo,porque ele tava preso,não sabia de nada... Meu filho não vai me ver quando nascer....ele disse e começou a chorar. Eu também chorei,por tudo que a gente passou e por tudo que a gente talvez fosse passar... Quatro anos preso era muito tempo... Ele então começou a falar que Flávia deu mole pra ele desde que ele foi preso...e ele acabou pegando ela por raiva de mim,mas foi só uma vez.Não acreditei. Disse que ela tinha terminado o relacionamento com meu irmão,e que sendo minha cunhada ela não podia ter feito isso... Eu sei,mas me perdoa.Eu já tirei ela de ser minha advogada,quem vai me defender é um mano que defende um amigo da cela,mas ele é bom. Júlio chorou muito,disse que não tava bancando ficar preso , e que deu muito mole mesmo por querer roubar um caixa rápido... Ele mandou eu procurar Bocão,porque eles iam ter que voltar a me dar mesada... Eu tinha dinheiro porque guardava,mas já estava acabando. Disse que podia ajudar ele em alguma coisa,mas não sabia oque . Ele disse que nunca ia me deixar fazer nada,eu ia ser mãe do filho dele. Disse que ia ver o lance do casamento,se eu quisesse claro. Disse que sim,claro que eu queria. Renato talvez até gostasse,ia poder tirar o corpo fora. Ele era casado mesmo,não tinha porque querer ter um filho comigo. Nós comemos pão com coca cola,e ele disse que eu não podia ficar sem comer... Falou para eu me cuidar... E ficamos passeando pelo pátio,ele falando pra todo mundo que ia ser pai,e que a gente ia casar. Todo mundo dava os parabéns a Júlio,ele estava todo bobo e eu também. A gente se amava,Lívia foi só um escorrego,e Renato também. Eu ia ter um filho com o homem que eu amava,e a gente ia casar. Nada nem ninguém ia mudar isso...
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