Pai presente

1133 Words
Meu coração estava despedaçado.Ficava no quarto vendo as fotos nossas juntos...eu,Thiago,Bruno,meus pais...eu ,Thiago e Bela... Saudade até das nossas discussões,eu ficava dizendo para mim mesmo que se ele não tivesse se afastado de mim,como se afastou,ele não estaria morto... Era muita desgraça,e hoje eu penso que quanto mais você anda no lodo,mais você carrega isso pra sua vida... Minha mãe tinha razão,se eu não conhecesse Júlio,me envolvesse,quem sabe se Thiago nem teria se envolvido no crime?Eu me sentia sim,culpada. Tinha enterrado em alguns meses três pessoas,duas muito amadas...tia Carmem e Flávia não eram mais próximas,mas foram.Lembro de tia Carmem me falando para estudar,e também para pensar bem se queria ficar com Júlio. Eu amava Júlio... Dora dormia lá em casa e eu dizia que ela podia ir embora...mas ela tinha medo que eu entrasse em trabalho de parto... Aluguei um carro novamente para o caso de passar mal...o marido dela estava de sobre aviso,se eu passasse m*l ela ligaria para ele,e eu iria para o hospital. Não ligaria para minha mãe,ela tinha raiva de mim,sei lá....era estranho. Jantei e lembro que antes de dormir Júlio ligou... Ele estava chorando muito e disse que era de muita emoção,que queria muito me beijar,me abraçar,e cuidar do nosso bebê... Ele então disse que tinha uma surpresa porque o bebê já estava perto de nascer,então ele tinha um presente pra mim. Júlio tinha dinheiro,apesar de tanta coisa r**m acontecendo. A venda de d***a continuava,e Renato tinha colocado Bocão pra ficar de frente,mas o dono ainda era ele,com mais uns caras de São Paulo. Eu fiquei emocionada,mas nunca tinha visto Júlio chorando assim... Já não tinha roupa que ficasse bem,mas coloquei uma calça branca e fui toda de branco. Não sabia oque me esperava,ou não teria ido. Homem é muito escroto,mas homem quando quer se vingar é mais ainda.... Não ia para parlatório pois estava grávida,ia fazer oito meses ainda mas para Júlio eu tinha quase 9. Fui de táxi,e avisei a Dora que voltaria cedo... Renato não tinha ligado de novo....bem que ele podia ter morrido no lugar de Thiago...ele não ia mandar em mim...querer ver meu exame para que? Era de Júlio meu filho meu filho,e pronto.Ai de quem dissesse o contrário. Não fazia mais amizade no presídio...ficavam me elogiando,elogiando minha barriga,dizendo que eu estava linda,mas eu mantinha distância. Tinha umas senhoras que falavam que meu filho seria lindo,pois o pai era muito bonito. Que tinham visto na visita...essas coisas. Eu só ria,não queria mais amizade.E Agatha,e a outra,Suzane ou Suzana o marido foi transferido,então nem via mais. Cris ficou como bandida mesmo,morta por vingança por causa do marido. A verdade era outra,mas que ninguém nunca soubesse... Eu não tive culpa da vingança ou da forma de Renato resolver as coisas. Mas eu tinha esquecido que Júlio também era bandido.... Entrei na visita e ele tinha usado d***a,reconheci.Ele não usava,as vezes maconha,mas tinha cheirado.Já fiquei p**a,falei que se soubesse nem tinha ido... Meu alerta ligou quando perguntei se ele ia gostar do filho dele ver ele assim e ele disse então meu filho?Tem certeza? Você disse que tinha uma surpresa pra mim,qual é? Ele saiu de perto,chamou uns dois amigos e fomos para uma outra cabana. Lá tinha uma cadeira,e um rapaz desconhecido. Oque está acontecendo aqui...não tive tempo de gritar...alguém me ameaçou com uma faca. Olhei pra Júlio pra tentar entender,então ele mostrou um papel que eu nunca tinha visto,era o exame de paternidade... Lá tinha o meu nome,e o nome de Renato....era a prova de que o filho era dele. Não,Renato não ia fazer isso comigo....Mas fez. Sacudia a cabeça dizendo não,pois tinha uma fita na minha boca.Os presos entravam e saíam para vigiar.Eu sei que Júlio pagou alguém para conseguir fazer aquilo comigo. Um preso todo tatuado se aproximou e me colocaram sentada no banco. Eu tinha um caco de vidro na direção da garganta. Primeiro cortaram meu cabelo,que estava enorme,e depois que cortaram curtinho vieram com uma navalha e simplesmente rasparam minha cabeça. Eu chorava de vergonha,ódio,e tristeza. Eu não merecia isso...ou será que merecia. Ele disse que não ia me m***r,porque eu não merecia que ele fosse perpetuado por minha culpa,mas ele ia se vingar....ele ia se vingar de mim na hora certa... Disse que quando o meu filho nascesse eu ia virar cadáver... Eu não vou te esculachar não...hoje não,mas porque você está grávida sua p**a. Ele me deu um t**a bem no meio da minha cara... Júlio criou um ódio de mim a partir daquele dia,que parecia que o amor nunca existiu... Falei então que o amava. Eles então fizeram uma espuma com sabão e rasparam a minha cabeça,enquanto eu chorava...Deixaram minha cabeça branca...brilhando mesmo,e depois ele me deu um lenço branco,e pediu para eu colocar...eu estava de branco curiosamente...branco é paz,mas ele me ofereceu guerra! Eu sentia meu filho chutando no meu ventre,meu filho não era filho dele,graças a Deus. Eu não sei porque Renato fez isso comigo,será que Renato sabia que estaria colocando o próprio filho em risco?Ou será que entre aqueles que estavam ali,havia algum amigo dele?Com certeza sim,devia ter alguém ali para interceder. Minha vergonha só não era maior que o meu ódio... Eu menti errei,mas como eu sempre dizia,ele errou antes... Queria gritar que ele não tinha filho porque matou...no meu ventre. Só ficava imaginando como sairia dali,e quanto ele tinha pago para cada uma daqueles infelizes . Ficaria m*l falada,a mulher que traiu o preso,a puta... Era castigo... Cris devia estar rindo de mim.. Penélope chorando..... Eles me levantaram e disseram que agora era só eu ir embora.... Eu levantei sem forças para falar...meu cabelo era minha vaidade,é a vaidade de toda mulher... Renato era um homem vingativo...demais. Ele arrumou um jeito de me afastar de Júlio para sempre,mas eu o amava... Eu o amava sim...mas ia aprender a odiar! Quando estava saindo do presídio o Desipe me chamou e perguntou oque aconteceu,disse que nada...Mas minha cara dizia outra coisa,estava usando um lenço,e dava pra ver que tinha chorado.Eu estava apavorada. Na mesma hora mandaram chamar o preso,e eu disse que queria ir embora,pelo amor de Deus...eu não queria olhar Júlio.Os Desipe me olharam com um olhar de pena,ou sei lá oque e me deixaram sair,perguntaram se eu queria ligar par alguém,foi então que eu vi que eu não tinha ninguém...para quem eu ia ligar... Eles disseram que eu podia dar parte,e conversar com a assistente social,que isso não podia acontecer...e que eles iam prender minha carteira.Deixei a carteira lá com todo prazer...nunca mais pisaria ali,mas Júlio ia me pagar...covarde. Ele ia pro castigo,como foi,e talvez falasse que perdeu a cabeça,pagaria e sairia,um preso com dinheiro é outra história... Eu estava no fundo do poço.... Eu e meu filho... Peguei um carro....depois mandei alguém pegar o alugado... não estava em condições de dirigir!
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