Ah, fala sério!

670 Words
As pessoas vivem dizendo que para ser feliz é preciso traçar um caminho pelo qual você vai percorrer quase a sua vida inteira, e então já ao final dela, poderá provar do que é felicidade. Por dezessete anos eu me perguntei onde quero chegar e qual caminho devo escolher para conseguir, mas quando se é jovem é difícil traçar algo que se sustente até você pisar na linha de chegada, e isso francamente me alivia os ombros porque me livra da responsabilidade de decidir um futuro que seja consistente o suficiente para vingar. Mas não se preocupe, essa não é mais uma história sobre descobrir o meu caminho e acertar o meu destino.   Bom, pelo menos não devia ser, mas talvez seja exatamente a moral de tudo. Meu nome é Mariana, há alguns anos eu, minha mãe, e meu irmão mais novo nos mudamos para o interior de São Paulo, já que depois que perdemos o papai ficou difícil manter as despesas morando na capital. E por incrível que pareça, isso acabou se tornando uma dádiva porque rendeu a minha mãe um bom emprego, ao meu irmão um bom colégio, e a mim boas amizades. Na verdade, amizade. No singular. Apesar de obter vários seguidores nas redes sociais, sou capaz de compartilhar meus segredos a somente uma pessoa: Susana. Susana e eu somos muito diferentes. E não é pelo fato de uma ter cabelos negros e a outra loiros que digo isso, e sim porque diferente de mim, Susana não tem o hábito de acordar de mau humor, ela está sempre disposta a ouvir os outros e teve de lidar com a ausência dos seus pais desde muito nova. Apesar de ricos, nunca souberam ou puderam ser presentes na vida dela, o que também resultou, infelizmente, numa insegurança exagerada e necessidade constante de ser amada. Nós nos conhecemos durante um evento de trabalho da mãe dela que por acaso, (e extrema necessidade da época) eu estava como funcionária. Lembro de passar a semana enviando currículo eletrônico para todas as empresas da cidade, afim de conseguir algo temporário que nos ajudasse com as despesas. Encontrei Susana entediada de "tanta gente fresca" e o seu desabafo de duas horas me fez dar boas risadas. Ela não se importou que eu estivesse com crachá de garçonete enquanto seu vestido valia muito mais do que o que eu ganharia por mês e por isso hoje somos melhores amigas. Além da Susana, existe outra pessoa na minha vida capaz também de me arrancar alguns sorrisos: Christian. Ele tem sido meu namorado desde que me mudei e me matriculei no colégio da cidade, cujo estudamos juntos. Nossos altos e baixos me fazem questionar muitas coisas na vida, mas nunca, até hoje, questionei o nosso amor. Enquanto o intervalo corria, Christian simplesmente surgiu na minha frente com aquele sorriso que diz: "Eu amo você!". E é exatamente o que ele diz quando eu devolvo o sorriso: — Eu amo você. — Chris segurou minhas mãos e me guiou para um canto mais silencioso. — Preciso conversar contigo. — Prosseguiu. — Sobre o quê? — Perguntei, e logo percebi suas bochechas corarem, enquanto seus cabelos negros e sua pele pálida contrastavam bem seus olhos azuis. Eu sei o que você está pensando... Mais uma história sobre um garoto de estética e caráter perfeito. E na minha perspectiva, ele era. Mas na verdade, Christian era um cara comum, apesar de ser muito bonito. A gente se dava bem porque ele sabia que mesmo também sendo bonita, tinha defeitos horríveis, e tudo bem. — Eu não posso te dizer aqui. — Respondeu. — Posso te levar para jantar hoje? — Senti meu estômago embrulhar, sabia que não era uma boa notícia, e pelo tom de sua voz, podia jurar que ele estava prestes a chorar. — Tudo bem... Às oito? Tenho que ensinar a lição do Antônio. Ele depositou um beijo na minha testa como confirmação, e aquilo me passou segurança que não importava o que fosse, tudo ficaria bem. 
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