Capitulo 6

1005 Words
Assim que os primeiros raios de sol da manhã entraram no quarto de Laura, ela logo notou que não estava bem. Sentia-se demasiado quente e com o corpo pesado, mas foi quando se tentou levantar que tudo piorou. As tonturas atacaram com tudo e o m*l estar só piorou. Imediatamente pegou no telemóvel e pediu tudo o que precisava para se tentar sentir um pouquinho melhor, um termómetro, alguns medicamentos, sacos de chá, uma sopa para aquecer ao almoço, que ela tinha a certeza que não conseguiria comer com muita vontade mas que teria que se esforçar para ficar boa logo. Ela m*l podia acreditar que depois de uma noite tão mágica e leve, viria uma manhã tão triste. Há muitos anos que não se sentia assim, mas ela acreditava que por não estar habituada ao ambiente e aos novos ares, que algum virus a tivesse pegado. Depois de entregarem tudo o que tinha pedido, tomou alguns remédios e ficou na cama o dia inteiro, com o corpo coberto por cobertores quentes e uma sensação persistente de cansaço que não a deixava. Apenas se levantava para comer alguma coisa e para tomar os medicamentos, e quando chegou as 3 da tarde, Laura entregou-se ao sono até bem tarde. Os dias seguintes arrastaram-se lentamente e Laura ainda se encontrava com o corpo enfraquecido, mas o pior já tinha passado. A febre diminuíra, mas o cansaço continuava a pesar sobre ela. Quando começou a sentir que estava finalmente a recuperar as suas forças os seus pensamentos a levavam, constantemente para a noite do festival, para os momentos que passara ao lado de Ângelo. Aquela troca de olhares, as longas conversas e os breves toques mas carregados de significado, permaneciam vivos na sua memória. Ela tinha a sensação de que algo especial acontecera entre os dois, algo que não poderia ser explicado em palavras. O que mais a incomodava, porém, era o fato de que após a noite do festival, Ângelo simplesmente... desaparecera. Não havia mais sinais dele. Ela tentou, de forma inconsciente procurá-lo nos dias seguintes ao festival mas sem sucesso. Hoje de manhã, ainda com o corpo debilitado ela se arrastou até a praia, como que em busca de uma explicação. O vento estava mais ameno e as ondas batiam na areia com suavidade, mas não havia sinal de Ângelo. E logo o seu coração apertou ao notar que apesar de todos os detalhes, de toda a conexão que sentira, ele não estava ali. Ela permaneceu algum tempo, observando o horizonte, mas ele não apareceu. Nos dois dias seguintes, a sensação de vazio só se intensificou. Laura não sabia porquê, mas ela sentia que algo dentro de si a impulsionava a voltar à praia, a continuar a procurar por ele, mesmo sabendo lá no fundo, que talvez ele já tivesse ido embora. Talvez nem fosse para lá voltar. Mas algo no comportamento de Ângelo tinha tocado Laura de uma maneira que ela não conseguia compreender. O que significava tudo aquilo? Por que ele não se tinha dado ao trabalho de ao menos deixá-la saber que estava bem, que não havia mais interesse nela? Que fora apenas dois desconhecidos a passar bons momentos juntos num festival? Ela não queria admitir, mas a sensação de perda estava a começar a se instalar. Quando no terceiro dia, ela acordou e se arrastou novamente até a praia, a brisa fresca da manhã não trouxe consolo. O cenário era o mesmo de sempre: a água azul, as gaivotas sobrevoando o céu e o farol distante. Mas mais uma vez, não havia sinal de Ângelo. Ela procurou por ele com o olhar, mas não conseguiu encontrar nenhuma pista, nenhum indício da sua presença. Sentiu-se tola, enquanto caminhava pela praia sem rumo, com os pés afundando na areia fria. Por que ela estava fazendo aquilo? Por que não seguia em frente, como todos os outros? Mas algo dentro dela ainda insistia na ideia de que ele voltaria, de que ele em algum momento cruzaria o seu caminho novamente. Ao voltar para casa com o rosto pálido e o olhar cansado, Laura sentiu uma pontada de tristeza. Talvez fosse melhor deixar esta história para trás, tentar entender que às vezes, as coisas aconteciam de forma fugaz e que nem todos os encontros tinham um significado duradouro. Mas ao mesmo tempo, havia algo que não a deixava desistir. O vazio que a presença de Ângelo tinha deixado era mais profundo do que ela queria admitir. Nos dias seguintes, a vida voltou ao ritmo normal. A dor e o mau estar passaram, e Laura se viu retomar as suas atividades diárias, mas no fundo a busca por Ângelo continuava. Ela se permitiu por mais algum tempo, imaginar que ele apareceria, que ele viria falar com ela, que algo aconteceria para que ela soubesse que ele também pensava nela. No entanto, ele nunca mais apareceu. Mesmo que a razão tentasse convencê-la de que ele não era mais do que uma lembrança passageira de um festival distante, Laura não conseguia deixar de sentir que algo tinha sido interrompido, algo que merecia uma explicação. O que restava agora eram apenas memórias esmaecidas de uma noite iluminada pela música, uma sensação de algo que poderia ter sido e que de repente se desfez. Nas noites em que se deitava, Laura olhava para o teto enquanto pensava no que poderia ter sido. Ela sabia que não podia viver à espera de algo que talvez nunca acontecesse, mas uma parte dela ainda acreditava que em algum lugar, em algum momento, ela poderia encontrar a resposta. Mesmo que a praia, no fim, não tivesse sido o lugar onde suas expectativas se tivessem cumprido, ela ainda se via a caminhar por ali de coração aberto, aguardando inconscientemente, por um sinal que nunca chegaria. No fundo, Laura compreendia: a vida com todos os seus encontros e desencontros, era feita de momentos fugazes, e talvez fosse hora de deixar Ângelo ir, mas ela sabia que a lembrança dele ficaria marcada em seu coração por muito tempo.
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