Chase ( Capítulo 2)

2496 Words
Duas horas antes Fiquei olhando a p***a de um lustre por quase meia hora. Ele pendia do teto lindamente, indicando as pessoas que pisavam no chão daquele salão eram incrivelmente ricos. Cheguei uma hora adiantado, como sempre, e prestei atenção a cada detalhe do salão luxuoso em que estava. As paredes eram pintadas de branco e em intervalos, paredes de vidro e madeira subiam do chão de mármore, se encontrando no teto alto. Estava esperando o sr. Sheppard, meu chefe. Hoje é definitivamente o dia mais feliz de toda a minha vida. Ele finalmente vai reconhecer que eu sou digno de uma promoção. Em toda a história da Shaffer e Sheppard eu fui o cara que mais levou clientes para a empresa. O sr. Sheppard me garantiu que se eu fisgasse mais um cliente hoje, poderia espalhar para o mundo que seria o novo diretor de marketing. Isso com certeza me deixaria em um patamar mais alto que Alan Patrick, o cara que está concorrendo comigo. Ajeitei-me na cadeira e vi Alan do outro lado do salão. Ele lançou um sorriso malicioso quando me viu e eu respondi com uma piscada. Alinhei o terno. — Chase, querido! — Sheila, a esposa do sr. Sheppard, me cumprimentou de longe. Ela arrastou o pobre homem, agarrado ao seu braço, até mim. Eu levantei e mostrei meu melhor sorriso. — Sra. Sheppard — estendi a mão. Ela me puxou para um abraço. Eu fiz uma careta quando quase encarei seus p****s enormes que pulavam para fora do vestido longo e exagerado demais. Sr. Sheppard. — murmurei, ainda sufocado pelo abraço de urso. Estendi a mão. Ele apertou minha mão, cutucou Sheila com o cotovelo e ela me largou, enfim. Do canto do olho vi Brandon, o filho deles. Ele rapidamente pegou uma das taças de champanhe dispostas numa bandeja que o garçom carregava e, num piscar de olhos, estava plantado na minha frente, me puxando para outro abraço. Jesus! — Big d**k! — esfregou o topo da minha cabeça. Desvencilhei-me dele e ajeitei o cabelo. — A mamãe disse que seria uma boa ideia vir. E pelo jeito… — ele olhou em volta do salão. Eu sabia exatamente o que ele via. Mulheres elegantes desfilavam por todo o salão, espalhando charme e encanto. Mas Brandon via apenas bocetas com pernas. Ele piscou para mim. — Bom, tenha uma ótima noite, Chase. — Disse o sr. Sheppard. Eu assenti, acenando com a cabeça. Brandon e eu passeamos pelo salão, apreciando a vista — que, no mínimo, era espetacular — e eu vi Alan conversando com o cliente. Ele parecia deslocado e coçava o saco. Eu me aproximei e Brandon me seguiu, imitando-me depois que pedi para se comportar corretamente. O sr. Simon, CEO de uma das maiores marcas de cosméticos, abriu um sorriso educado quando me viu, ao contrário do Sr. Atrapalhado. Eu retribuí o gesto educado, e passei um braço por suas costas. Alan me fuzilou com o olhar, decretando que iria me matar. Eu sorri por cima do ombro e mandei um muxoxo. Brandon nos acompanhou até um garçom. Peguei uma taça de champanhe e ofereci ao sr. Simon, que conversava comigo sobre como precisava de uma inovação em sua empresa. Eu discuti com ele os motivos de que escolher a Shaffer & Sheppard era a melhor opção. — Sabe de uma coisa? — Disse ele, olhando para mim. — Você foi o único que me ofereceu uma proposta decente. — Eu sorri. Conversei sobre amenidades. Essa era uma tática muito importante. Se quer conquistar alguém, faça-a parecer Deus para você. Há uma semana eu venho me preparando para essa ocasião e todas as cartas da manga estavam acabando, então, parti para a minha ideia e arranquei um sim dele, que pareceu super empolgado e disse que iria falar com o sr. Sheppard mais tarde. Mais uma vitória. Dei um soquinho no ar quando tive certeza de que ele estava longe o suficiente e percebi que Brandon ainda estava do meu lado. — Parabéns! — comemorou ele. — Você conseguiu, cara! Isso é tipo fazer um gol só de primeira. Brandon, o filho do Sr. e a Sra. Sheppard, era um cara peculiar. Ele era uma mistura confusa de playboy e homem de negócios. O resto dos setenta por cento do tempo que estava caçando diversão era composto por trabalho duro e muitas horas de academia. Nos sentamos à mesa e ele tirou o celular do bolso do paletó. O garçom trouxe nossos pedidos, que chegaram somente depois de quase meia hora de espera. — O que está fazendo? — perguntei, curioso. Ele deu de ombros. A verdade é que nos aproximamos nos últimos tempos. A mãe dele me adora, seu pai me adora e ele me adora. Eu sou tipo o primo que de vez em quando aparece para uma visita surpresa. — Sabe, é deselegante usar celular à mesa. — Bebi um gole do champanhe. — Deve ser por isso. — Ele disse, chamando minha atenção. — Quê? — Deve ser por isso que você não tem namorada, Big d**k. — Disse ele. — Você não deveria se afundar tanto no trabalho, principalmente porque o resto das coisas são tão melhores. — Franzi a testa. — Você sabe… conversar, encontros, festas… essas coisas que todos solteiros deveriam fazer. — E? — E você faz justamente o contrário. Eu nunca vi você com uma mulher que não seja uma cliente ou a mamãe. Você precisa t*****r, Big d**k. — Comentou ele. Inclinei para frente e ergui uma sobrancelha. — Eu transo. Transo muito. — Muito? — ele não acreditou, porque sua expressão de descrença espalhou-se por todo o rosto. — Não tanto quanto gostaria, mas isso não importa. Eu não tenho tempo para relacionamentos que não sejam profissionais — admiti. Ele praticamente gargalhou. — Vou passar a te chamar de Bolas Azuis. Eu bufei e ele riu. — Pode me chamar de herói — ele me deu o telefone. — Se chama Secret People Chat. — E o que tem de especial? — perguntei. — Parece só mais um site de encontros. — Dei de ombros e bebi mais um gole do champanhe. — Talvez, mas neste, você pode manter sua privacidade enquanto conversa com quem quiser. Se o relacionamento ao decorrer da conversa parecer bom, você pode ganhar pistas de quem a pessoa é. Esse é o diferencial. O suspense, a empolgação… — Hum. — Assenti, fingindo interesse. Eu o entreguei o celular. — Parece ótimo. *** O evento estava só pela metade quando um dos garçons derrubou uma taça de vinho no meu terno novo. Eu fiquei puto, mas só sorri e fui ao banheiro. Ótimo! Quando voltei, eu percebi que Alan estava sentado com o Sr. Sheppard e sua esposa. Aproximei-me e descobri que Alan havia mentido para ele, dizendo que havia conquistado a conta da Liferty. Eu quis acertar um soco no meio do focinho dele quando lançou aquele olhar de " chupa essa manga ". Tive que usar todo o meu controle para não pular em cima dele. O Sr. Sheppard foi embora trinta minutos depois, e eu voltei a olhar o lustre, quando finalmente tive a brilhante ideia de voltar para casa. Saí do restaurante e reconheci facilmente meu Audi vermelho estacionado ao lado de outros dois carros. Frustrado, bati a porta com força e dirigi até minha casa. Meus ombros estavam rígidos e doloridos. O filho da p**a do Alan conseguiu vencer a guerra, mas eu não iria deixar que ganhasse a batalha. Quando finalmente cheguei no meu prédio, o elevador pareceu durar uma eternidade até chegar no andar. Entrei em meu apartamento, derrotado e só de admitir isso podia ver o sorriso convencido no rosto do miserável. Eu o odeio! Odeio Alan Patrick. Odeio o Sr. Sheppard. Me odeio. Caí no sofá e bufei, jogando o paletó para o outro lado da sala. De repente, lembrei do que Brandon disse. Como era mesmo o nome? Secret People Chat. Peguei meu celular no bolso e procurei na internet. Não demorou a aparecer. Fiz uma conta e comecei a divagar, rolando a tela, entediado. Então, uma notificação explodiu. A. Curioso, entrei no chat e li: Quanto tempo? — A. Eu ajeitei a postura, sentando-me. Como é que é? Mordi o lábio inferior. Depende — Sr. Bolas Azuis — digitei. Do quê? — A. De quanto tempo vai me fazer esperar. — Sr. Bolas azuis. HA HA — A. Posso saber qual é o seu nome? — Sr. Bolas Azuis. Depende — A. Um sorriso de canto repuxou meus lábios. De quê? — Sr. Bolas Azuis. De quanto tempo você vai esperar. — A. Brandon estava certo no final das contas. A minha conversa com a misteriosa A. durou quase uma hora. Conversamos mais do que provavelmente eu devo ter falado por um ano, e suas provocações fizeram com que meu coração acelerasse. Era um misto de suspense e empolgação, como Brandon disse, só que intensificado a mil. Por algum milagre, A. conseguiu fazer minha noite melhorar. *** Meus olhos abriram rapidamente. Olhei em minha volta e vi a cama vazia. Um lapso de memória percorreu meu cérebro e lembrei da noite de ontem. Minha cabeça doía. Aspirina. Saí da cama e fui para o banheiro. Agachei, procurei o maldito pote de aspirina e tomei uma. Levantei. Olhei-me no espelho e ajeitei os cabelos castanhos médios, penteando-os com os dedos para trás. Pisquei para meu reflexo. Eu tinha olheiras enormes debaixo dos olhos. Às oito da manhã, já estava no trabalho, e no trajeto, me preparei para o que iria acontecer assim que eu pusesse os pés no maldito escritório do Sr. Sheppard. Eu respirei fundo, passei no escritório de Alan e bati à porta. Ele atendeu, mostrando o sorriso convencido. Ah… como eu queria quebrar seus dentes! Minha cabeça voltou a doer. — Parabéns — eu disse, colocando a cabeça para dentro. — Foi uma vitória injusta, mas não deixa de ser uma vitória. Ele se sentou e ergueu uma sobrancelha. Babaca! — Eu aprendi com o melhor — ele disse. Eu sorri, entrei na sala e andei até sua mesa. O mogno dava um ar rústico ao ambiente. Apoiei meus braços sobre a mesa e inclinei-me na sua direção. — Fico feliz que reconheça — disse, encarando-o. Meus olhos percorreram o terno preto com uma horrorosa gravata vermelha e pousaram na cara de bocó de Alan. — Aproveite. Vai ser por pouco tempo. Virei, ajeitei o blazer e respirei, andando até a porta. — Tchauzinho, filhote. Fechei a porta com um baque forte. Agora era hora de enfrentar a fera. Me dirigi até o escritório do Sr. Sheppard e bati à porta. Ele mandou entrar e eu abri a porta lentamente, verificando se não havia ninguém por lá além dele. Então, entrei. — Olá, Chase — ele disse. — Você sabe o motivo de estar aqui, não é? Eu fiz que sim. É claro que eu sabia. Eu trabalhava todos os dias da minha vida para conseguir subir os degraus. Assim que me formei, quando nenhuma agência de publicidade queria contratar um cara inexperiente, eu encontrei apoio na Shaffer & Sheppard. Bom, na verdade, eu conheci o Sr. Shaffer, irmão do Sr. Sheppard. O Sr. Shaffer era um homem bondoso e gentil. Ele fundou a Shaffer e Sheppard do zero, ao contrário do irmão, que era um visionário. Eu trabalhei como garçom num evento e ofereci a última taça de bebida para ele, antes de dizer como a campanha em que estavam trabalhando era péssima. Eu saía com a secretária de um dos gerentes de conta e isso me permitiu uma vasta possibilidade de informações fresquinhas. Ele apontou para uma das cadeiras acolchoadas de visitantes e eu sentei, cruzando as pernas. — Sobre quem ganhou o cliente. — Disse. Ele fez que sim e eu respirei fundo, como se a simples menção significasse um peso maior do que eu poderia carregar. Conrad Sheppard é um homem sem igual. Ele não se engana tão fácil, mas leva a sério o ditado " matar ou morrer" e acredita que não existem injustiças, apenas oportunidades — não importa de quem você vai ter que furar o olho para consegui-la. Eu o admiro, porque é inabalável. Quando o irmão morreu, todos ficaram inseguros sobre como ele iria lidar com o luto, afinal, os dois eram inseparáveis. Mas para a surpresa de todos, ele não se deixou abalar. Minha motivação era acordar todos os dias e parecer um pouco com ele, mesmo que meu interior estivesse quebrado, tinha que parecer inabalável. Ergui um pouco o queixo e o vi pegar os óculos de armação preta. Ele pegou alguns papéis e olhou por cima deles na minha direção. — Você sabe que eu não sou a favor do favoritismo, não é? — Eu fiz que sim. — E que apesar dos esforços, sempre existem contratempos. Mas, eu percebi que você é excepcional. Você nunca se cansa e sua ganância é o poder que lhe precede. Eu gosto disso em você, Chase. Sem dúvidas seria o novo diretor de marketing, se esta vaga estivesse disponível. — Ele sorriu, se inclinando sobre a mesa. Pousou os papéis e entrelaçou os dedos. Foi um teste. Foi um teste! Arregalei os olhos e segurei o queixo, talvez com receio de que desabasse na frente dele. — A esta altura você já pode concluir qual a minha intenção. — Avaliar qual é o melhor? Ele assentiu. — Pretendo demitir quem não estiver lá. E isso inclui você, se não se destacar. Ao final, quem ganhar a próxima etapa, vence a disputa. Eu sorri, vitorioso. Chupa essa manga, Alan Patrick. Estendi a mão e ele apertou. Eu levantei e andei na direção da porta. — E Chase? — Ele disse. Virei na sua direção. — Tente descansar um pouco. Quem sabe uma boa noite de sono o ajude com essas olheiras. Assenti mais uma vez e me encaminhei para a minha sala. Encontrei a nova secretária apanhando alguma coisa no chão, desesperada. Só me faltava essa… Aproximei-me e notei a saia preta e justa abraçando a b***a. Nada m*l. Passei por ela e pigarreei, chamando sua atenção. — Sr. Ward — ela levantou a cabeça e pegou uma das pastas, colocando-a no topo da pilha que carregava. — Bom dia. Os cabelos loiros emolduravam o rosto bonito. Ela era até que bonita. Vestindo um blazer vermelho e saia preta, com sapatos de salto, era sexy. As mechas do cabelo caíam do coque bagunçado. Qual é o nome dela, mesmo? — Bom dia, Adele. — Annelise. — Annelise — experimentei. — Há quanto tempo trabalha para mim, Adele? — perguntei, enfiando uma mão no bolso. Ela levantou, me lançando um olhar crítico, como se estivesse me julgando. — Há duas semanas e meia. — Hum. Espero que se dedique — eu disse, virei e entrei no escritório, completando: — talvez bata o recorde.
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