Desejo Proibido

Capítulo 14

— Ele foi tão ríspido comigo ontem, tão grosseiro — afirmei, sentindo um nó se formar em minha garganta.

Cristine me olhou com uma expressão de preocupação misturada com desaprovação.

— July, sinceramente, não sei porque você continua com ele. Você é uma garota incrível, carinhosa, romântica... Por que se submeter a um cara que claramente não te valoriza?

— Porque eu amo ele, Cristine — minha voz m*l conseguia esconder a angústia.

— Amiga, acho que você está confundindo as coisas. Talvez você goste dele, mas amor... eu realmente tenho minhas dúvidas — Cristine falou com sinceridade.

— Você duvida dos meus sentimentos por ele? — Perguntei, um tanto chocada com sua afirmação.

— Não é isso. Só acho que se fosse realmente amor, você não aceitaria tanta arrogância da parte dele, e também acredito que vocês já teriam tr@nsado — Cristine respondeu, com um olhar triste.

— Se não fosse amor, por que eu toleraria tudo isso? — Contra-argumentei, embora uma parte de mim soubesse que ela poderia estar certa.

— Medo! — Ela afirmou, eu respirei fundo, mais uma vez sentindo as mãos dela nas minhas. — É uma pena que você não veja o quanto é especial, July. Espero que um dia você perceba que o Túlio não é o cara certo para você. Sinceramente, você merece muito mais que ele te proporciona — ela falou com um carinho, que me fez realmente repensar todo meu relacionamento.

— Sempre imaginei que me casaria com meu primeiro namorado, sabe? Quando conheci o Túlio, achei que ele seria esse cara, que ficaríamos juntos para sempre — confessei, com a voz embargada.

— Não se prenda a essa ideia só porque você imaginou que seria assim. Se não está dando certo, é hora de seguir em frente. Primeiro, você precisa se amar e se respeitar, amiga — Cristine aconselhou, com firmeza.

— Eu sei, você tem toda razão. Mas quando penso em terminar, ele muda. Fica carinhoso novamente, e eu me confundo toda — admiti, sentindo-me perdida.

— Você precisa ser mais firme, July. A relação de vocês não é saudável. Reflita sobre o seu futuro, sobre como você quer que ele seja. Vocês estão juntos há menos de seis meses e já estão enfrentando tantos problemas. Imagine o que pode acontecer daqui a um ano? — Cristine falou, sua voz impregnada de preocupação.

— É tão complicado... me imaginar sem ele parece impossível. Eu sei que ele é grosso comigo e não posso afirmar que ele seja completamente fiel, mas, Cristine, eu gosto tanto do Túlio — minhas palavras saíram embargadas, e senti as lágrimas brotarem em meus olhos, revelando a angústia que eu tentava esconder. — E o que mais me assusta é a ideia de terminar com ele e acabar caindo na mesma situação com outra pessoa. Imagina, começo um novo relacionamento, tudo parece perfeito no início, mas depois, de repente, os mesmos problemas surgem... Seria como trocar sem fazer qualquer diferença. Não seria mais sensato ficar com o que já conheço, mesmo com todos os defeitos? — Questionei, minha voz carregada de incerteza e medo de enfrentar o desconhecido.

— Amiga, definitivamente não. Você merece muito mais. Acredite, nem todos os homens são iguais ao Túlio. Olha o Murilo, por exemplo, ele é completamente diferente, um cara sensacional — Cristine argumentou, demonstrando um misto de convicção e esperança, tentando abrir meus olhos para possibilidades mais saudáveis e gratificantes, porém com um cara que eu não poderia nem sonhar em me relacionar um dia.

— Cristine, por favor, não vamos voltar a esse assunto. Murilo nunca será uma opção para mim — afirmei, tentando esconder qualquer traço de dúvida que pudesse existir em meu coração.

— Só estou tentando te mostrar que existem outras possibilidades, July. Você merece alguém que realmente te valorize e te trate com o carinho que você merece — Cristine continuou, segurando minha mão com um afeto sincero, expressando sua preocupação genuína pela minha felicidade.

— Eu amo o Túlio, e sei que ele também me ama. Vai dar tudo certo, amiga, você vai ver, vamos ficar bem — disse, tentando me convencer tanto quanto a ela. Cristine respirou fundo e assentiu sem entusiasmo.

— Tomara que sim, amiga. Eu só quero o seu bem — respondeu, apertando minha mão em sinal de apoio.

— Eu só precisava desabafar. Obrigada por estar aqui para mim — agradeci, sentindo-me um pouco mais aliviada por compartilhar meus sentimentos com ela.

— Sempre estarei aqui para você, July. Sempre — ela afirmou, e juntas, continuamos a comer o brigadeiro, enquanto a conversa fluia por outros assuntos.

Conversarmos sobre família e outros assuntos por alguns minutos, após, Cristine, com aquele seu jeito sempre perspicaz, trouxe à tona o tema que eu tentava evitar.

— Amiga, eu sei que você prefere não falar nisso, mas preciso tocar no assunto proibido — disse Cristine, com aquele olhar malicioso que conheço tão bem.

— O que tem ele agora, Cristine? — Questionei, disfarçando meu nervosismo com um sorriso.

Ela sorriu de volta, saboreando o brigadeiro, mas seus olhos brilhavam de curiosidade ao me observar.

— Não sente nada por ele? Nem um pouquinho? Nem um frio na barriga, mãos trêmulas, ou aquela sensação de ansiedade? — Ela perguntou, claramente intrigada.

Tentei manter a compostura, mas confesso que todas essas sensações surgiam quando estava perto de Murilo.

— Claro que não, Cristine. Que ideia! — Exclamei, embora por dentro eu soubesse que não era bem assim.

— Sério mesmo? — Ela perguntou, incrédula, e eu apenas assenti, levando uma colherada de brigadeiro à boca para evitar dizer mais. — July!

— Eu e o Murilo? — Sorri. — Esquece, amiga, nunca vai acontecer — insisti, mas minha voz vacilou um pouco.

— Mas nunca é muito tempo, você não acha? — Ela disse, arqueando uma sobrancelha.

— Não é algo que eu precise sequer considerar. E, de qualquer forma, Murilo nunca faria isso com o Túlio. Ele é leal demais para ficar com a ex namorada do amigo, caso eu e Túlio terminássemos — tentei soar confiante.

Cristine inclinou a cabeça, analisando minha reação.

— E se, hipoteticamente, ele quisesse? Você resistiria? — Ela perguntou, com um sorriso maroto.

Sorri, achando graça na situação.

— Cristine, ele não é meu tipo. Ele é bonito, mas não é o que eu procuro — falei, mas minhas palavras soaram menos convincentes do que eu gostaria.

— Sério? Ele é lindo, charmoso, gentil, um mega gostoso do c*****o — ela continuou, claramente não acreditando em mim.

— Não, Cristine. Ele é atraente, sim, mas não é para mim — repeti, tentando manter a firmeza, mas por dentro me questionando se realmente era verdade.

— Se você diz... mas eu não estou convencida — ela afirmou, ainda sorrindo.

Internamente, eu debatia com a ideia absurda de mim e Murilo juntos. Ele era incrivelmente atraente e eu sabia que, em outras circunstâncias, ele seria exatamente o tipo de homem que me atrairia. Mas ele era o melhor amigo do meu namorado. E esse era um pensamento proibido, um território que eu não deveria nem considerar explorar.

Cristine me observava, ainda divertida, enquanto finalizávamos o brigadeiro. Ela podia não estar totalmente convencida, mas eu precisava manter Murilo fora dos meus pensamentos.