Capítulo 15

873 Words
Após me despedir de July, segui em direção à casa da minha mãe. Havia uma regra não escrita em nossa família que todos deveriam visitá-la todos os dias. Minha irmã, apesar de casada, não deixava de cumprir essa tradição, sempre acompanhada do meu sobrinho. A proximidade de nossas casas tornava esses encontros diários algo fácil e prazeroso, fortalecendo os laços familiares. Durante o caminho, meu pensamento insistia em voltar para July. Ela possuía um charme peculiar, uma doçura que a tornava excepcionalmente atraente, mas também percebia uma certa inocência que a deixava vulnerável. Túlio, por sua vez, parecia explorar essa ingenuidade de uma maneira que me incomodava profundamente. Era evidente que July merecia alguém que realmente a valorizasse, que lhe oferecesse o respeito e o carinho que ela claramente merecia. No entanto, ela parecia se contentar com as migalhas que Túlio lhe oferecia. Embora ele fosse meu amigo, eu não conseguia ignorar sua postura displicente e as constantes traições. Já o tinha aconselhado várias vezes a terminar o namoro se queria viver livremente, mas ele parecia indiferente ao sofrimento de July. July, por sua vez, estava visivelmente apaixonada por ele, o que tornava tudo ainda mais complicado. Ela era admirada por todos os amigos de Túlio, adaptava-se a qualquer ambiente e o acompanhava sempre, mesmo quando claramente preferiria estar em outro lugar. Sua beleza natural e sua maneira cativante de ser eram inegáveis. O que mais Túlio poderia querer? Agora, ele parecia obceca@do com a ideia de que ela deveria perder a virgind@de com ele. Era claro que ele não hesitaria em pressioná-la até conseguir o que queria, sem considerar os sentimentos dela. Quando estava quase chegando à casa da minha mãe, Túlio apareceu ao meu lado com sua moto, freando de maneira abrupta e causando um estrondo. — E aí, Murilo! Bora lá na casa do Marcelo? — Ele me cumprimentou, estendendo a mão para nosso aperto de mãos costumeiro. — Preciso dar uma passada na casa da minha mãe primeiro, cara. Túlio então sorriu de modo malicioso e perguntou, sem nenhuma discrição: — Sua irmã vai estar lá? Irritado com a falta de respeito, repreendi-o de imediato: — Ei, respeita a minha irmã, Túlio. Você sabe que não gosto desse tipo de comentário. Ele deu de ombros, rindo: — Relaxa, cara, eu respeito ela. Mas se não fosse por você ser meu amigo, eu já teria investido nela há muito tempo. Ela é muito gata! Respondi, lembrando-o de uma realidade importante: — Lembra que o marido dela não é fácil, né? Túlio apenas gargalhou, despreocupado. — Sou mais doid0 que ele. Não me intimido fácil — retrucou, ainda sorrindo. Decidi mudar o foco da conversa. — O que vocês vão fazer na casa do Marcelo? — Vamos jogar um game. Vamos lá — ele me ofereceu o capacete. — Depois te deixo aqui para ver a coroa, sem stress. — Beleza, vamos nessa — concordei, aceitando o capacete e subindo na moto. Enquanto Túlio acelerava em direção à casa do Marcelo, fiquei pensando sobre a situação de July. Como alguém tão doce e gentil poderia estar com um cara tão desapegado? Era um enigma que ainda não conseguia decifrar. — Hoje eu vou querer a revanche, Murilo — Túlio anunciou, atirando-se no sofá com um sorriso maroto e um brilho de desafio nos olhos. — Daquela partida que você me ganhou, hoje eu vou te dar uma surr@ nesse game. — Para de choramingar, Túlio. Você sabe que não tem chance. Eu sou o rei desse jogo — respondi, entrando na brincadeira enquanto me ajeitava ao lado dele, confortável e já antecipando a vitória. Marcelo entrou na sala nesse momento, trazendo consigo um clima ainda mais amigável e descontraído. — O moleque é monstro, Túlio. Não tem pra ninguém quando o Murilo está no controle — ele apoiou, sorrindo e dando um aceno afirmativo na minha direção. — Hoje não, meu dia de sorte finalmente chegou. Vamos jogar. Vou te mostrar quem é o verdadeiro monstro aqui — Túlio retrucou, não deixando barato. Ele estendeu a mão e deu um tapa brincalhão na minha cabeça, como quem já se sente vitorioso. — Só quero ver isso — provoquei, sorrindo largamente enquanto Marcelo nos entregava uma cerveja gelada, o som do líquido caindo nas latas ressoando como um prenúncio de relaxamento. Ele também colocou uma tábua de frios recheada na pequena mesa à nossa frente, adicionando ainda mais ao ambiente aconchegante que só uma tarde entre amigos pode oferecer. — Já vamos começar com a cerveja, é? — Perguntei, erguendo minha lata com um sorriso. — Claro, hoje é sábado. Dia de relaxar e curtir com os amigos — Túlio respondeu prontamente, abrindo sua cerveja com um estalo satisfatório. — E nada melhor que uma cerveja para acompanhar a minha vitória. — Hoje é dia de comemorar minha vitória, então — disse, erguendo minha bebida em um brinde no ar. Marcelo, sempre o anfitrião perfeito, se juntou ao brinde, e assim permanecemos por horas, alternando entre conversas descontraídas, gargalhadas espontâneas e disputas acirradas no videogame. Era um daqueles momentos preciosos, onde a camaradagem e a competição saudável nos permitiam esquecer as preocupações do cotidiano e simplesmente desfrutar da companhia um do outro.
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