Capítulo 13

1242 Words
Estava absorta em meus pensamentos, revirando as possibilidades do dia em minha mente, quando Cristine apareceu subitamente ao meu lado. Seus olhos brilhavam com um entusiasmo contagiante, refletindo um vigor que só ela conseguia exalar. — Uau, o que rolou aqui, hein? — Ela exclamou, com um sorriso travesso que iluminava seu rosto. Seu olhar percorreu rapidamente o espaço entre mim e a direção por onde Murilo tinha se afastado, insinuando mais do que as palavras poderiam sugerir. — O quê? — Perguntei, adotando um tom de confusão deliberada, embora meu coração batesse mais rápido, sabendo exatamente aonde ela queria chegar com aquele comentário provocativo. — Ah, não se faça de desentendida, July. Eu vi o jeito que vocês dois se olharam — ela disse entre risos, sua voz carregada de uma malícia divertida. — Que química extraordinária, deu tesã0 só de olhar. — Cristine! — Repreendi-a, embora uma parte de mim se divertisse com sua ousadia. Ela, claro, ignorou meu protesto com um aceno de mão despreocupado. — E você estava toda nervosa ao lado dele, amei isso — ela continuou, suas palavras tecendo imagens que eu lutava para reprimir. — Cristine, não começa. Ele é amigo do Túlio — tentei desviar do assunto, minha voz vacilando um pouco. A mera sugestão de que Murilo pudesse estar interessado em mim mexia com minha cabeça de um jeito inesperado, fazendo-me questionar sentimentos que eu preferia manter sob controle. — Ah, amiga, ele é muito mais interessante que o Túlio. E vocês dois... formariam um casal incrível — ela insistiu, segurando minha mão e me dando um olhar cúmplice que falava volumes. — Eu e o Murilo? — Sorri, nervosa, sentindo meu estômago se contrair com uma mistura estranha de ansiedade e excitação. — Ele é o melhor amigo do meu namorado, de jeito nenhum — repeti, forçando convicção em minha voz enquanto tentava ignorar a pequena faísca de excitação que a ideia de estar com Murilo trazia. — Nem se eu estivesse solteira rolaria algo entre nós — completei, tentando selar qualquer brecha que Cristine pudesse explorar, embora, no fundo, uma curiosidade perigosa começasse a se formar, questionando o que poderia acontecer se as circunstâncias fossem outras. — Eu shippo, amiga. Vocês ficariam lindos juntos — Cristine continuou, empolgada, não querendo deixar o assunto se dissipar no ar. — Eu só perguntei sobre você para ele, nada mais, não fique fantasiando ideias nessa cabeça de vento — justifiquei, sentindo a necessidade de encerrar aquela conversa que se tornava cada vez mais desconfortável. — Sobre mim? Por que você fez isso? — Cristine parecia genuinamente surpresa, suas sobrancelhas arqueadas em um gesto de interrogação completa. — Sim, queria saber por que ele nunca ficou com você, apesar das suas investidas — expliquei, enquanto a seguia para dentro de sua casa, tentando parecer casual, embora a curiosidade me roesse por dentro. — Ah, isso é porque ele sempre foi afim de você, July. Ficou tão óbvio agora — ela disse, soltando uma risada que ecoava pela sala, mas eu só conseguia pensar em como aquela revelação era perturbadora. — Cristine, para com isso. Não é engraçado — falei, minha voz tingida de irritação e um turbilhão de confusão. — Se você quiser ficar com ele, eu apoio. Posso até ajudar vocês — ela brincou, mas o tom leve não conseguia mascarar a seriedade que começava a se formar no fundo dos meus pensamentos. — Acho que vou embora — ameacei, virando-me em direção ao portão, a respiração pesada. — Não, amiga, por favor. Eu parei. Vamos comer brigadeiro e desabafar, como combinamos — Cristine pediu, segurando minhas mãos e me conduzindo até a sala com uma urgência suave. — Ok, mas chega desse assunto. Ele só me acompanhou até aqui e nada mais — disse, sentando-me no sofá, fazendo um esforço consciente para afastar os pensamentos confusos sobre Murilo e focar no real motivo da minha visita. Cristine sorriu, concordando em deixar o assunto de lado, e foi buscar o brigadeiro, deixando-me sozinha com meus pensamentos conflitantes. Sentada no sofá, enquanto esperava, meus pensamentos inevitavelmente deslizaram para Murilo novamente. O modo como ele me olhara, a proximidade inadvertida entre nós, tudo aquilo fazia meu coração acelerar de um jeito inexplicável. Quando Cristine retornou, quebrando o fluxo dos meus devaneios com uma bandeja na mão, ela me entregou uma colher e sentou-se ao meu lado com um olhar curioso. — O que você queria desabafar comigo? — Ela perguntou, o timbre de sua voz trazendo-me de volta à realidade. — O quê? — Perguntei, confusa, ainda atordoada pela enxurrada de emoções. — Você queria desabafar, não era? O que aquele i****a te fez dessa vez? — Cristine insistiu, sua preocupação mesclada com um toque de irritação. — O Murilo? — Minha confusão se aprofundou, e ela me olhou surpresa, divertindo-se com meu lapso momentâneo. — Amiga, estou falando do seu namorado, não do amigo dele. Mas pelo visto, sua cabeça está mais no Murilo do que no Túlio — ela comentou, um sorriso malicioso se formando em seus lábios. — Cristine, para com isso! Eu amo o Murilo — soltei, antes de perceber meu erro e corrigir rapidamente, enquanto ela arregalava os olhos e gargalhava. — Meu Deus! O Túlio, eu amo meu namorado. O Murilo é o melhor amigo dele e você está me deixando confusa, não faça isso comigo — respondi, minha voz trêmula, quase suplicante. — Tudo bem — Cristine rebateu, ainda sorrindo. — Mas fale sobre o Túlio. Por que você está assim? Parece que algo não foi bem entre vocês ontem à noite. Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. Comecei a contar a Cristine sobre a noite anterior, como Túlio e eu tínhamos discutido novamente sobre a questão do sex0. — Ele queria tr@nsar com você e você não quis, certo? — Cristine deduziu rapidamente, sem rodeios. — Sim, é isso — confirmei, sentindo uma mistura de alívio e tristeza por compartilhar isso. — Você não está pronta. Não quer fazer algo sem estar totalmente à vontade, ele precisa aceitar sua decisão — Cristine compreendeu, mostrando o apoio que eu tanto precisava naquele momento. — Exatamente. Eu quero que seja especial, quero sentir aquele frio na barriga, aquele desejo incontrolável... e eu ainda não senti isso com ele — expliquei, sentindo-me vulnerável e exposta. — Você está certa, July. Não tem que t*****r com ele só porque ele quer. Você tem que fazer isso quando sentir que é o momento certo — Cristine reafirmou, dando-me força. — Mas e se isso fizer ele se afastar de mim? E se ele não quiser esperar? Se terminar comigo porque eu não quero t*****r agora? — Minha voz tremeu, revelando o medo de perder Túlio devido à minha decisão. Cristine me olhou nos olhos, sua expressão séria e decidida. — Se ele não esperar, amiga, é porque ele não vale a pena. Você merece alguém que respeite seu tempo e seus limites — ela disse, com convicção. — Mas eu amo ele, Cristine. Não quero perder meu namorado por causa disso — insisti, sentindo um aperto no peito. — Amiga, entenda. Se ele te ama de verdade, vai entender e respeitar a sua decisão — Cristine afirmou, segurando minha mão com carinho. Suspirei, sentindo-me um pouco mais aliviada por compartilhar meus medos e angústias com minha amiga. Cristine sempre sabia o que dizer para me fazer sentir melhor, mesmo nos momentos mais difíceis.
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