Desejo Proibido

Capítulo 18

Depois de um dia inteiro mergulhada na companhia de filmes e risadas com Cristine, senti que era hora de retomar minhas responsabilidades. Com um suspiro de relutância, levantei-me do conforto do sofá, sentindo a mudança de ambiente enquanto me preparava para enfrentar o mundo lá fora. Cristine acompanhou-me até a porta, nos despedimos com um abraço caloroso, um desses que só boas amizades sabem oferecer, repleto de gratidão e carinho.

— Cuide-se, e qualquer coisa, me liga — ela disse, com um tom maternal que me fez sorrir.

— Pode deixar, obrigada por hoje — respondi, apertando suas mãos brevemente antes de me afastar.

Caminhando em direção à minha casa, sentia o vento fresco da tarde brincar com meus cabelos, carregando consigo as preocupações que eu tentava organizar em minha mente. Precisava ligar para os meus pais para checar como estavam, algo que se tornara mais um ponto de conforto do que uma mera obrigação. A bagunça em casa também esperava por mim.

Perdida em meus pensamentos, que oscilavam entre Túlio e os preparativos para a noite, m@l percebi a aproximação silenciosa de alguém até que uma voz familiar cortou o silêncio do entardecer.

— Segunda vez que te encontro só hoje — disse Murilo, surgindo ao meu lado com uma suavidade que parecia típica dele.

Ao me virar, encontrei seu sorriso largo e acolhedor, que iluminava seu rosto e parecia iluminar também o ambiente ao redor. Não pude deixar de retribuir o gesto, percebendo uma onda de felicidade genuína ao vê-lo. A presença de Murilo sempre tinha esse efeito sobre mim, algo que eu tentava negar, mas sem muito sucesso.

— É verdade. Está me seguindo? — Brinquei, tentando manter o tom leve, embora o arrepio que percorreu minha espinha fosse difícil de ignorar. Havia algo em sua presença que me desarmava, uma atração sutil que eu ainda lutava para entender completamente.

— Talvez! — Ele respondeu, o brilho travesso em seus olhos sugeria que ele estava gostando da ideia de me encontrar por acaso. Ou seria mesmo por acaso?

Paramos por um momento, permitindo que o silêncio confortável se estendesse entre nós.

— Então, está chegando agora? — Murilo perguntou, uma expressão curiosa iluminando seu rosto enquanto ele se aproximava com um passo casual.

— Sim, passei o dia com a Cristine. Já era hora de voltar para casa. Quando a conversa está animada, é difícil ir embora — respondi, com um sorriso brincalhão, sentindo uma leveza que só uma boa companhia poderia proporcionar.

Ele riu, concordando com um aceno de cabeça, enquanto seus olhos brilhavam com um misto de diversão e interesse.

— Entendo perfeitamente, mulheres adoram uma boa fofoca, não é? — Ele sorriu, o gesto iluminou todo seu rosto, destacando o contorno alegre de seus lábios e os pequenos traços que se formavam ao redor de seus olhos. Era um sorriso que, de alguma forma, sempre conseguia me capturar, fazendo com que eu me sentisse simultaneamente em paz e energizada.

— Ah, claro, como se os homens não gostassem de uma fofoca também. Aposto que quando se reúnem, fofocam tanto quanto nós, ou até mais — repliquei, erguendo as sobrancelhas e dando um passo para mais perto dele, sorrindo abertamente em desafio.

Murilo levantou as mãos em sinal de rendição, um brilho travesso nos olhos.

— Você tem razão. Às vezes, acho que nós homens superamos vocês nesse quesito — ele admitiu, uma risada sincera escapou de seus lábios.

Nós rimos juntos, compartilhando um momento de cumplicidade que parecia selar nossa amizade com uma facilidade rara.

— Você vai à festa do Marcelo hoje? — Perguntou, eu ajustei uma mecha de cabelo atrás da orelha, uma tentativa inconsciente de ocultar o nervosismo que ainda sentia na presença dele.

— Sim, preciso me distrair um pouco — respondi mais a mim mesma com um sorriso gentil, observando as reações dele. — E você? Vai também? — Minha curiosidade era palpável, eu lutava para manter a expectativa sob controle, ansiosa por saber se nossos caminhos se cruzariam novamente naquela noite.

— Sim. Acho que preciso de uma distração também — ele admitiu, um sorriso discreto se formou em meus lábios.

— Você parece preocupado, quer conversar? — Indaguei, minha voz suavizando-se em uma expressão de preocupação genuína. A brisa da tarde acariciava nossos rostos, trazendo um frescor que contrastava com o calor da conversa. Murilo me olhou com um sorriso tímido, seus olhos revelando mais do que talvez ele gostaria. Era um olhar que, de alguma forma, atingiu-me profundamente, despertando uma empatia que eu não esperava sentir naquele momento.

A realidade das nossas conexões, complicada e intricada pela nossa proximidade com Túlio, tornava qualquer mero pensamento de algo mais entre nós quase um tabu. Ainda assim, não pude deixar de admirar como a luz do entardecer realçava sutilezas do seu rosto. Era claro que havia uma química sutil entre nós, uma atração que se fazia presente mesmo nas conversas mais triviais. Cada risada compartilhada e cada olhar trocado adicionavam camadas a uma conexão que eu sabia ser perigosa explorar. Era um sentimento confuso, um terreno proibido onde eu sabia que não podia, nem deveria, me aventurar. A luta interna para manter aquela atração sob controle exigia um esforço constante, um lembrete de que certas linhas não deveriam ser cruzadas, não importava quão tentador pudesse ser.

— Agradeço a oferta, mas acho que a festa já será distração suficiente — ele respondeu, quebrando o breve silêncio que se instalara entre nós. Ele ofereceu um sorriso reconfortante, como se tentasse assegurar que estava tudo bem.

— Você parece chateado, quero que saiba que pode falar comigo se precisar — insisto.

— Não é nada grave. Eu não quero tomar seu tempo com isso — ele respondeu, a voz carregando uma hesitação que desenhava linhas de preocupação entre suas sobrancelhas enquanto ele evitava o meu olhar.

— Você nunca toma o meu tempo, Murilo — afirmei, dando um passo em sua direção, nossos olhares se encontrando finalmente. O contato visual desencadeou uma onda de calor que se espalhou pelo meu corpo, uma reação que me deixou momentaneamente sem fala.