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2183 Words
Zara Quatro semanas depois  E se eu apostasse na loteria? Talvez não seja uma boa ideia. Já que a minha sorte parece não existir. Estou eu agora, olhando para o teto de minha sala, enquanto espero minha amiga para podermos beber e chorar pelo fato brilhante de eu não ter mais um emprego. Por que só acontece comigo? Maldito seja Anthony. Qual o problema dele? Só porque eu não sou como as outras secretárias que ele já teve, que sempre acabavam na mesa de seu escritório sem a roupa íntima, eu mereço ser demitida? Merda. Preciso de um emprego. Ou eu enlouqueço!  A campainha toca. Quando abro a porta, uma Spencer com um sorriso confortante e uma garrafa de Uísque em mãos, entra. — Eu preciso mandar currículos. Sério, eu vou beber essa garrafa toda.  Estávamos à alguns minutos lamentando sobre a vida e quase no meio da garrafa. — Não vai mesmo, vai dividir comigo. — puxou a garrafa, dando uma golada direto do gargalo. — Mas, se eu não me engano… aquele amigo do i****a do Brian uma hora vai precisar. Falou, pensativa. Eu, que estava deitada no chão, logo me sentei, a encarando, ela riu.  Spencer e Brian namoravam há anos. Eles se amavam, era perceptível. Mas o moreno a tirou do sério quando esqueceu a data do aniversário de namoro deles. A desculpa foi “ser r**m com datas”. Minha amiga realmente não se importa com essa desculpa. “O nosso aniversário de namoro! Não consegue guardar essa data? Será que ele sabe o meu aniversário?”  Ela fazia questão de datas. Isso era válido comigo também. — Enfim. Eu entendi no meio de alguma conversa que ele está precisando de uma nova secretária. A dele está de licença maternal, então ele precisa de outra. — E eu me encaixo nos requisitos?  — Você se encaixa em tudo, Zara, pelo amor de Deus! — ela exclamou, eu ri. — Qual o nome? — O dele me fugiu… a empresa é a Fox Industries. Meu queixo caiu. Fox Industries é, basicamente, uma das grandes empresas em Los Angeles. É muito disputada uma vaga naquele lugar. — Tem noção do quão difícil é conseguir um emprego naquele lugar? Uma vaga lá é tão disputada quanto o último pedaço de pizza. — Tá, eu sei, mas é você! Seu currículo é perfeito.  — Talvez ele tenha uma pilha de currículos perfeitos em cima da mesa dele. — O seu pode ser o ganhador. Tem algum aí? Amanhã mesmo eu levo para Brian e peço para ele levar e entregar na mão do dono. Por que não tentar? Eu precisava de um emprego e, quem não arrisca, não petisca. Fui até meu quarto, pegando a minha pasta e retirando de lá, um currículo. Coloquei em um envelope e voltei até a sala. — Aqui. Agora temos que torcer para dar certo e eu conseguir. Seria um emprego e tanto. — suspirei. O telefone de Spencer tocou, e ela bufou, irritada. Já sabia que era Brian. Ri de sua raiva. — Atende. Ele quer se redimir.  — Uma semana sem s**o você acha que é o suficiente? Ou você acha que eu deveria amarrá-lo, provocá-lo e nem deixar ele se satisfazer? Tudo isso por uma data... Pobre Brian. — Perdoa-lo seria uma boa. Ela revirou os olhos. — Você é muito inocente. Ele tem que sentir. Balancei a cabeça. Não seria fácil convencê-la ao contrário, então o melhor a se fazer, era torcer para que Brian comprasse chocolates e tudo o que ela gostava, e ainda fizesse uma declaração linda, com direito a jantar à luz de velas, alianças novas e flores. Isso seria o básico para reconquistar essa garota. — E quanto ao gostosão do restaurante? Nunca mais o viu depois da academia? — Não... mas qual era a chance de encontrá-lo em uma cidade com milhões de pessoas?  — Isso é verdade. Qual era o nome dele mesmo? Ela já estava bêbada. Não estava nem entendendo o que se passava ali. — Sebastian. — disse, tirando a garrafa de suas mãos. — Acho que já ouvi esse nome… mas não tenho certeza. — ela riu. — Eu tô bêbada mesmo! Não me lembro de ninguém com o nome do protagonista de “A pequena sereia”.  Eu ri de seu trocadilho. Estava mesmo bêbada, e se eu quisesse evitar qualquer coisa, era melhor pedir para o namorado vir buscá-la.  Enquanto ela contava piadas totalmente sem graça, eu digitei o número de Brian. Ele havia me passado exatamente por isso. Sabia que Spencer podia exagerar na bebida, e não queria ela voltando para casa de táxi. Realmente, pode ser perigoso. — Oi, é... A Spencer precisa de você. — Zara? Ah, oi. Está bem, eu... — escutei uma outra voz do outro lado, mas não entendi o que disse. Brian falou algo que eu não pude entender para o outro cara e voltou sua atenção para mim. — Eu já vou. Sua casa, né? O mesmo lugar de sempre? Já chego. — Ok. Sim, é isso mesmo.  Ele desligou. Então eu me juntei a minha amiga novamente, que agora, chorava. — E se ele desistir de mim, Zas? — ela chorava em meu colo. O que o álcool não faz com um coração apaixonado? — Ele te ama, não vai desistir de você. — E se ele tiver parado de me amar por eu ter jogado na cara dele que ele é um i****a e um irresponsável por não lembrar do nosso aniversário de namoro? — ela disse tudo de uma vez, parecia que não respirava. — Calma! Vai dar tudo certo, ele não vai fazer nada disso, ok? Depois de alguns minutos a escutando chorar, ouvi a campainha tocar. Quando atendi, vi o namorado dela, mas também vi outra pessoa. Um homem.  Por volta de 1.90, usando uma camisa social com as mangas dobradas até o antebraço, com as mãos nos bolsos e encostado no carro. Quando percebeu que eu olhava para ele, o mesmo caminhou mais para frente, e com a pouca claridade que bateu em seu rosto, eu pude vê-lo com clareza. Era ele. Loiro, bonito — muito bonito, por sinal — alto, olhos azuis... Era possível ser outro?  — Spencer está ali dentro. Pode entrar e pegar ela, no estado que se encontra, acho que suas pernas nem ficam firmes. Ele apenas assentiu e entrou. O loiro bonitão sorriu, se aproximando. Era ele mesmo. — Quanto tempo, Florzinha. A proximidade dele me deixa fraca, não é possível.  — Umas quatro semanas. — sorri.  Ele se aproximou mais, olhando para dentro e vendo o casal conversando. Ela estava chorando, e ele, a consolando. — Você continua tão bonita quanto naquela noite e naquela tarde. Ele me puxou. Me abraçou apertado, como se fossemos amigos íntimos. Mas era tão bom... Nem me importei. — Obrigada. Eu te convidaria pra entrar, mas acho que minha sala está ocupada. — disse olhando para dentro.  — Andei pensando em você. — ele olhou em meus olhos. Aquelas orbes azuis vivíssimos. — Pensando no nosso namoro do ensino médio? – apertei os lábios em linha reta, contendo um sorriso. — Foi na oitava série, assim que entrei no colégio — ele esclareceu, no mesmo tom brincalhão que eu. — Gostei de te encontrar. — Eu também. Realmente achei que nunca seria possível. — Quais eram as chances? Mas nos encontramos. — Sim...  Brian apareceu com Spencer no colo.  — Spencer, pra quem exatamente eu tenho que entregar isso? – o namorado perguntou, com o envelope em mãos. — Não sei… algum amigo que precisa de alguém brilhante como a Zara… Ela foi demitida... Sua voz soava arrastada. — Aqui — estendeu o envelope para Sebastian. — O quê? — eu e Spencer perguntamos em uníssono. — Sebastian é meu amigo que precisa de alguém brilhante como a Zara . — o moreno explicou. Tá de brincadeira?  — Hmm. Vamos ver... — ele abriu o envelope, tirando o currículo de lá. Ok. Eu estava nervosa.  — Compareça segunda na empresa. — ele disse, olhando para o papel. Não, isso não é possível, está indo bem demais.  — Espera! — estava ficando louca. — Você é dono da Fox Industries? — Meus pais são. Eu sou só o filho, tipo um subchefe. — Não acredito que eu não sabia que os donos da Fox tem McCarthy no nome!  Era informação demais na minha cabeça. — Espera aí, vocês já se conhecem? — Brian estava claramente confuso. — Sim. Nos conhecemos em um restaurante. — respondeu. — Mas o assunto aqui é: quer esse emprego? Estou disposto a te dar a vaga. Eu não sei como ainda não aconteceu nenhuma m***a. Isso não pode ser sério. — Está brincando comigo? Quem recusa um emprego num lugar daqueles? — Não mesmo. — ele franziu o cenho. — É claro que eu quero! — ele soltou uma risada baixinha. — Por favor, segunda que vem pela manhã na empresa. Vou te entrevistar e apresentar tudo. Inclusive, meus pais. Eu nem pensei, quando vi, já estava com os braços entrelaçados em sua nuca. Ele riu, segurando em minha cintura. Quando voltei de meu mini transe, seu sorriso era enorme. Contagiante.  Lindo. — Eu nem sei como te agradecer! — Não agradeça a mim, agradeça a sua amiga. Foi ela quem pediu para Brian entregar esse currículo para o cara que ela não lembrava o nome.  Ele não estava nem um pouco incomodado com isso. Pelo contrário, estava se divertindo. Spencer já estava no carro quando o moreno voltou. — Eu te deixo primeiro na sua casa, depois vou pra casa dela, preciso ajudá-la. — Não se preocupe com isso. Posso pedir um táxi. — Não, cara. Eu posso te levar.  — Eu sei que pode, mas é melhor você ir direto com ela. Eu posso ficar aqui e pedir um táxi. — ele olhou para mim. — Você se importa, Zara? — Não, claro que não. Pode ficar. Deu um sorriso. E assim que eu disse, o moreno se despediu e entrou no carro. Quando ele já não estava mais em nossa visão, Sebastian voltou a falar: — Vai demorar um bom tempo para chegar... — Quer entrar? Eu bebi mas não ao ponto de fazer qualquer coisa... — Que coisa? — ele perguntou, me seguindo para dentro de casa. — Não é… nada. O que você gosta de comer? — Como de tudo. Ele me olhou de cima a baixo, pousando por alguns segundos em meus s***s, — o que fez subir um calor por todo o meu corpo — e então olhou em meu rosto. — Gosta de macarrão com queijo? — perguntei, fazendo-o dar uma risada silenciosa. Ele apenas assentiu, me seguindo para a cozinha. — Sua casa é bem bonita, Florzinha. — Obrigada. É aconchegante. — É sim. — se sentou. — Você quer falar sobre o emprego? Ou sobre o seu parceiro do bar? — Definitivamente, não quero falar do Josh. — Fiz uma cara de pavor, ele riu. — Você quer falar da chatice dele? Ele riu mais ainda, se divertimento. — Prefiro falar da empresa. — Eu também.  Balançando a cabeça, ele começou: — Pelo o que vi no seu currículo, minha mãe vai te adorar, e ela gostar de alguma secretária minha... digamos que vai ser novo. — Se ela gostar de mim, estou feita. — Se continuar assim, ela vai te amar. — ele tomou um gole da água que eu o entreguei, e continuou: — Temos regras básicas na empresa, como qualquer outra. Minha mãe detesta atrasos, acabei que aprendi a sempre chegar no horário. Você me parece pontual o suficiente para não desapontá-la. — Temos um ponto em comum. Detesto atrasos. Eu me virei para preparar o macarrão, ele, por sua vez, continuou falando sobre a empresa. Depois de um tempo com ele falando sobre as normas da empresa, e como funcionava tudo por lá, eu servi o macarrão em dois pratos, entregando um ao mesmo.  — Está delicioso. Você tem mãos de fada. — Minhas mãos de fada não sabem fazer tanta coisa assim. — Mas o que sabe já está ótimo. — piscou. Continuamos conversando na mesma sintonia. Ele era tão legal quanto era bonito.  Talvez eu esteja pensando demais na beleza dele...  • Quando um carro buzinou em frente de casa, ele já havia lavado a louça e me ajudado a organizar tudo. Disse que não precisava, mas ele fez tanta questão, que não tinha mais como negar.  Ele me deu um sorriso, me puxando para um abraço. É sempre tão bom... Beijou o lado da minha cabeça e depois a minha testa.  — Boa noite, Zara. Até segunda. — Até segunda. Boa noite, chefão. Sorriu novamente, entrando no carro. Quando ele sumiu pelas ruas, eu entrei em casa, subindo direto para meu quarto. Começarei um novo dia, um novo início. Você consegue, Zara. Tem tudo para dar certo, tudo. O próprio chefe quer te contratar.  Eu consigo. 
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