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2425 Words
Zara Segunda. Mais uma semana de trabalho, mais uma semana tendo que aturar meu chefe cretino. Juro, se hoje aparecer mais alguma garota para infernizar os meus ouvidos, eu surto. Preciso arranjar um emprego tão bom quanto aquele, mas que não tenha um chefe s****o! Ele dá em cima de mim descaradamente, qualquer pessoa pode ver isso. Detesto Anthony, mas, para minha sorte, hoje ele não estava a fim de ver e nem de falar com alguém. Isso acontece quando ele está de ressaca; bebeu muito em pleno domingo, só pode. — No momento não pode atender. Está ocupado em uma reunião. — Preciso falar com ele agora! — a mulher gritava do outro lado, me fazendo suspirar. — Assim que ele sair, peço para retornar para a senhorita. — Você não está entendendo. Preciso falar agora! Ótimo início de semana. — Sinto muito, ele não está disponível no momento. Tenha um bom dia. — disse e, sem esperar por respostas, encerrei a ligação. Agora tenho que lidar com o d***o. Ai, m***a. Essa é a pior parte do dia. Bati em sua porta, recebendo um “entre” m*l humorado. — Uma mulher ligou, gostaria de falar com o senhor, mas como disse que não queria falar com ninguém, achei melhor dizer que estava em reunião. — Fez certo, obrigado. Ele agradeceu… seco, mas agradeceu. — Disse que o senhor retornaria assim que possível. Esse é o número, está anotado tudo o que ela me disse. — Pela insistência, já presumo quem seja. — deu um riso nada contente. — Obrigado, Srta. Brown. Assenti, saindo de sua sala.  O que deu nele? Estava estranho… Quando cheguei em minha mesa, vi uma Karui ofegante parando na minha frente. O que está acontecendo com as pessoas hoje? — Meu Deus! O que foi? — Você ainda não ficou sabendo? Hã? — Sabendo do quê? — No mês que vem, uma das grandes empresas terá uma reunião muito importante com essa.   — Uau. Será sobre o quê? — Negócios, parcerias. Eles estão no ralo, estão caindo demais, ninguém sabe mais para onde atirar.  — Uma pena eu não estar aqui para ver como tudo isso vai funcionar.   Antes que Megan falasse qualquer coisa, a voz do meu chefe soou: — Srta. Brown, minha sala. — chamou. — Agora.  — Lá vou eu... — disse para Megan, seguindo meu caminho.  — Boa sorte! — ela desejou, com um sorriso no rosto. Estava se divertindo às minhas custas.  — Sim? — entrei na sala de meu chefe e ele me olhou. — Quero que faça uma ligação para esses números o mais rápido possível. — Sim, senhor — eu estava me virando, mas não iria sair sem antes escutar alguma coisa dele. — Já que está dando adeus, faça tudo como se fosse a primeira vez, mesmo sendo a última.  Não respondi nada, nem mesmo o olhei, apenas saí da sala. Ainda tenho muita coisa para organizar, começando com: reuniões mais próximas e o que eu ainda posso prestar para fazer.  • — Eu estava blefando, Spencer!  Ela me olhou como se eu tivesse recitado a mais difícil das literaturas.  — Não se brinca com esse tipo de coisa, Zara! — cruzei os braços na frente do corpo, olhando para minha amiga. — Você diz que quer que eu arranje um amigo e diz que estava blefando?  — Você só pode ter ficado louca! Eu disse: quem sabe um dia. Não acho que esteja preparada para encontrar alguém que nem mesmo sei o nome, nem você sabe.  — Mas você iria saber no momento em que começassem a se falar, por que não dar uma chance?  — Porque mais uma desilusão não está na minha lista de tarefas.  Spencer bufou, revirando os olhos em seguida.  — Esquece essa sua lista e mania boba de querer regrar tudo, vive um pouco.  — Eu tentei viver um pouco, mas isso resultou em algumas coisas que eu prefiro não lembrar agora.  Me sentei no sofá e fiquei quieta, ela me encarou por alguns segundos, então ponderou: — Certo, talvez você tenha seus motivos… — olhei para ela. — Você tem seus motivos, mas não deixe isso te impedir, por favor!  — Vou tentar, mas tire essa ideia da cabeça do seu namorado agora!  Bufando mais uma vez, Spencer pegou o celular e ligou para Brian, que não demorou muito para atender. — Oi, baby. Do que precisa?  — É… cancele o plano.  Escutamos Brian fazer movimentos pelo local.  — Sorte a de vocês ele estar ocupado demais com a papelada, porque eu já ia falar.  — Zara decidiu que é melhor, por agora, não dar esse passo.  — Está bem, como preferir. — Escutamos outra voz ao fundo: — Eu não encontro ninguém, como isso é possível?  Essa voz era mais parecida do que eu achava ou esperava que seria.  — Quem é? — sussurrei para Spencer, ela negou com a cabeça, dizendo não reconhecer. — Parece que lembro da voz.  — Vou desligar, preciso ajudá-lo com umas coisas.  — Certo, te vejo depois!  Os dois se despediram e ela se voltou para mim, sorrindo de canto.  — Certo, o que devemos fazer agora?  — Me ajude a decidir a roupa para a entrevista de amanhã!  Segurando sua mão, puxei Spencer para meu quarto. Comecei a revirar meu guarda-roupa a procura de qualquer roupa boa e apresentável, e, caramba, cada vez mais difícil para uma mente perfeccionista.  — Que tal esse terninho? — me mostrou um na cor preta. — É bem bonito e passa um ar de pessoa mais chique e tudo mais.  Peguei a peça na mão, olhando com calma.  — Você está certa, essa roupa está ótima para uma entrevista.  — Ótimo, já demos esse passo!  • Estava esperando a minha vez para a entrevista, mas só pela cara da moça que saiu, eu já imaginava que ela teria pego o cargo. Quanta felicidade.  Para minha sorte, a mulher de cabelos compridos e loiros me chamou rapidamente. Ajeitei minha franja na altura dos olhos, indo até a sala dela. Me repeti mentalmente que conseguia e que isso não era nada demais, já fiz isso outras vezes e com uma mulher poderia ser mais fácil. — Bom dia, senhorita Brown — estendeu sua mão em minha direção. — Vamos começar?  — Bom dia — apertei sua mão. — Vamos. Sentada, ela começou a olhar meu currículo, sem qualquer tipo de expressão.  — Aqui diz que ainda trabalha, vai pedir conta? — Bom, eu vou ser demitida, só estou cumprindo mais uma parte da semana e então, não farei mais parte de lá. — O que a fez ser demitida?  — Bom, no meu ver, sempre fui uma ótima funcionária. Cumpri os horários e as ordens, mas, o meu atual chefe, é filho dos donos e ele não teria chegado lá se não fosse por conta dos pais o colocarem lá. A mulher me analisou, ponderando por alguns segundos. — Acha que só por ele ser filho dos donos está onde está?  — Ele sim. Ela fez uma pausa, eu já estava nervosa com isso também. — Certo, senhorita Brown, espero que, se ganhar essa vaga, não me ache incapaz de exercer meu trabalho.  Ah, m***a. O que foi que eu fiz?  • Depois de estragar minha chance de um novo emprego, tentei decidir entre vinho e sorvete. No fim, escolhi uma opção um pouco mais saudável do que me embebedar. — Malhar me ajuda a esquecer os problemas. Se eu beber, vai ser pior. O meu chefe é o próprio d***o, Spen. Já era sexta-feira, estava indo à academia para tentar esquecer o carrasco b****a que meu chefe é, era o melhor a se fazer no momento. — Ele é um filho da mãe. É um gato, mas um filho da mãe. — Está mais pra cachorro. Só porque eu não me envolvi com ele, o cretino acha que tem o direito de me insultar. — Não dê bola a ele, Zas, homens babacas são assim mesmo. Por mais que eu detestasse isso, o emprego era bom e eu precisava dele. Era o que me sustentava, afinal. — E quanto ao Brian? Como vão as coisas entre vocês? — mudei de assunto. Falar do meu chefe não era minha coisa favorita. Ouvi Spencer soltar um riso do outro lado. — Estamos bem. Ontem ele me levou chocolates por causa da TPM. Segundo ele, eu fico mais calma quando tenho chocolates. Eu ri. Aquilo realmente era verdade. — Eu sei que ele, na verdade, queria dizer: “Você fica menos irritante quando ganha chocolate, amor", conheço Brian muito bem, tenho certeza. — Ele te ama muito. — Eu também o amo muito, gosto dele desde quando éramos crianças. — Ela riu, nostálgica. Quando conheci Spencer, ela e Brian já namoravam. Os dois nunca tiveram essa tal necessidade de ter um casamento, o namoro deles era o suficiente. Brian é bem fechado, mas com Spencer ele cede um pouco. Depois de um bom tempo conversando com ela, decidi ir de uma vez à academia. Desligo o telefone, prometendo que vamos nos ver no fim de semana. Fui até a academia que eu costumava malhar. Era como um clube, várias pessoas iam lá. Mas, sério? Logo hoje? Um homem me observava constantemente. Estava tentando não me sentir incomodada, mas, ainda assim, não conseguia. Detestava aquilo. É péssimo sentir ser quase assediada só com um olhar Andei até a ala dos armários, onde guardava algumas coisas. Quando cheguei lá, logo depois de praticar alguns exercícios, havia mais pessoas, me tranquilizando. Peguei o que tinha que pegar e quase corri em direção a saída. Enquanto andava rapidamente, procurando meu celular dentro da bolsa, bati contra algo alto. Ou melhor dizendo, um alguém.  — Meu Deus! — quase gritei. — Perdão!  — Sem problemas, você está bem?  Ergui meu olhar para o homem de voz rouca na minha frente, dando de cara com um rapaz de pele bronzeada e olhos verdes. — Sim, estou bem. Perdão, de novo.   — Não foi nada, pode acontecer.  Dei um sorriso, concordando.  — Devagar, moça. — sorriu, dando uma piscadela e voltando a andar.  Recuperei o ar perdido e fui até a área do clube para pegar alguma água, mulheres trabalham e ficam ali, não preciso me sentir amedrontada. Havia uma mulher debruçada na bancada, batendo papo com um grupo de caras com roupas esportivas. O lugar era bem aconchegante e bonito, a iluminação era pouca de uma forma interessante, com algumas luzes na cor azul.  — Com licença… — chamei, educadamente. Ela por sua vez, me encarou de cima a baixo, mascando um chiclete que nem deve ter mais gosto.  — Pois não?  — Uma água, por favor.  — Com gás ou sem?  — Sem, por favor.  — Ok.  Esperei minha água enquanto a mulher ria com os caras dali. Tanto que foi preparar uma bebida para um deles ao invés de simplesmente me entregar a água. Meu Deus, ela nem precisa me dar um copo!  Bati o pé no chão já impaciente. Não custava nada, eu pedi primeiro, o que aquele cara como cliente tem mais do que eu? Tenha dó!  — Ela é assim com todos que não a interessam ou não se importam com as investidas. — o homem ao meu lado comentou, olhando a garota. Oh, Deus! — Sebastian? — ele sorriu. — O mesmo Sebastian?  — Não sei se você conhece ou conheceu outro, mas sou o da noite com aquele cara chato. Inclusive, iniciaram um romance lindo e imperdível?  Revirei os olhos para ele, que riu baixo. Me sentei no banquinho ao lado dele, já que minha simples água irá demorar, posso bater papo com ele.  — E aí, como está? — Se virou um pouco para me olhar.  — Bem, apesar de minha garganta estar seca e minha mísera água não chegou para mim.  — Eu resolvo.  Sebastian ergueu a mão e chamou a atenção da mulher para si. — Consegue me trazer uma água, por favor? — a mulher me olhou e voltou a encará-lo. — Sem gás. Pode trazer junto com a dela, tenho certeza de que os rapazes não se importam. — sorriu com gentileza.  A mulher se virou até onde haviam várias bebidas e colocou as duas garrafas na bancada.  — Obrigado!  Eu abri minha água e tomei um grande gole, satisfeita com aquela pequena grande ajuda.  — Parece que você sempre aparece para me salvar.  — Estou começando a ponderar isso.  Sorri para ele, parecia um fato já que é a segunda vez que ele me ajuda com alguma pessoa chata.  — Vem sempre aqui? — ele iniciou outra conversa. — Sempre que possível, gosto de malhar.  — Divido o mesmo sentimento. — Tomou um gole de sua água. — Quais as novidades? — Não sei se tenho algo tão divertido. — Apoiei o rosto na palma da mão e o olhei. — Hoje mais cedo eu ferrei com uma oportunidade de emprego.  Sebastian se ajeitou, me olhando. Limpou a garganta e me respondeu:  — Você disse algo que eles não queriam escutar?  — Falei que meu chefe só está onde está por causa dos pais e descobri que ela também é filha dos donos. Claro, não consegui o trabalho. Recebi um e-mail desmarcando outra entrevista que eu tinha. — Caramba, isso é… Murphy. Soltei uma risada. — É, eu sou bem azarada.  Antes que voltássemos a conversar, uma garota com um r**o de cavalo alto apareceu.  — Seb — chamou e tocou o ombro de Sebastian.  Puta m***a, é a irmã dele.  — Ah, oi. Essa é a Zara, uma amiga. — ela me olhou, dei um sorriso. — Oi! Sou a Karin, irmã dele. — o sorriso dela era bem parecido com o dele: lindo. — Muito prazer!  — Igualmente! — olhou para o irmão. — Desculpa mesmo te tirar daqui, mas preciso que me leve para casa senão vou me atrasar.  Sebastian me olhou, eu sorri em sinal de que estava tudo bem. E realmente estava, ele não era nada além de um conhecido, prenderia ele da irmã? Obviamente, não.  — Então eu vou indo, se cuida, Zara.  A irmã sinalizou com os dedos, dando tchau e andando alguns passos para longe. Sebastian me puxou para um abraço de urso, me fazendo dar um sorriso, o abraçando de volta. — Se cuida, a gente se vê por aí, Florzinha. — Se cuida também, a gente se vê, Seb.
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