A gente tava voando.
Cinco motos cortando o vento da cidade, escapando do tédio, da escola, da regra, do sistema.
Faísca empinava como se não tivesse joelho. Pulga gritava no capacete dos outros. Neguim tocava buzina no ritmo do beat. Gargalo soltava gargalhada que parecia tiro. E eu?
Eu só acelerava.
Com a imagem dela estampada no retrovisor da minha mente.
Melissa.
O nome que grudou no meu peito igual adesivo de parede — impossível arrancar sem rasgar.
Dois dias sem ver ela.
Dois dias de castigo, bronca, sermão e roda de mãe.
Tudo por causa daquele beijo.
E valeu cada segundo.
Porque ali, naquele pátio, eu fiz minha escolha.
Ela.
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Dois dias antes…
Aderbal colou na laje no estilo dele: calmo, frio, com a mão no copo e a alma no sermão.
— “Cês foram suspensos de novo,” —
