[NARRADO POR MURILO FERREIRA] — “Júlio.” — chamei seco, sem levantar a voz, mas ele já entendeu o peso. Ele me olhou com aquele olhar de quem ainda carrega culpa até na sombra. Eu segurei o cigarro entre os dedos e continuei: — “Tu já falou o que tinha que falar. Agora vai pagar o que deve… trabalhando.” Ele franziu a testa, confuso. — “Quero tu no corre da boca essa semana inteira. Faz tudo. Revezamento com Neguim, estoque com Gargalo, entrega com Faísca. Vai carregar peso, escutar calado e aprender a andar direito.” Júlio abriu a boca pra dizer alguma coisa, mas eu cortei: — “Sem pergunta. Sem desculpa. Aqui a gente corrige na ação. Quer recuperar meu respeito? Começa mostrando que tu não vai fugir mais.” Ele assentiu devagar, engolindo seco. — “Demorô…” — “Vai.” Ele virou as

