Narrado por Murilo Ferreira O carro rasgava a cidade no silêncio da madrugada, mas dentro dele o bonde fervia. Gargalo tirava selfie com o contrato do deputado na mão. Faísca limpava digital de tudo. Neguim fumava como quem tinha acabado de gozar. Pulga sorria no retrovisor. Eu só olhava pra frente. Mais um no bolso. Mais um de joelho. Delegado, deputado, judiciário... a gente tinha rendido tudo que é gente importante nessa p***a dessa cidade. Agora sim. Era hora de voltar pro trono. — “Bota o carro pro morro.” — falei. — “A Vila tá esperando a realeza.” A subida foi rápida. O som do motor parecia anúncio de guerra. Quando encostamos, o bonde inteiro desceu. Armas no ombro, alma no topo. Subimos direto pra laje. O céu tava limpo, mas ia chover pólvora. — “Agora é a gente que escr

