Pulga foi quem quebrou o gelo, como sempre. — “Então já era.” — disse, encarando o horizonte com o cigarro apagado entre os dedos. — “Porque quando o homem que manda começa a amar... ele vira alvo duplo. Mira no peito… e na alma.” Faísca olhou de lado, com aquele sorrisinho torto que ele solta quando o bagulho fica sério demais: — “Mas também vira mais perigoso. Porque quem tem algo a perder… é quem mais luta pra não perder.” Neguim completou, sem pressa, voz embargada: — “Amor, quando é de verdade, não amolece o guerreiro. Só dá motivo pra ele matar.” Eu fiquei quieto. Absorvendo tudo. Mas foi Gargalo que cravou. Do jeito dele, seco, direto, com aquele olhar que parece mirar além da carne: — “Só cuida, irmão. Que amar também é dar a senha pro teu ponto fraco.” Silêncio. A cidade

