Descemos pra cozinha devagar, eu e Murilinho de mãos dadas. A casa já cheirava a café fresco, pão quentinho e aquele restinho de madrugada que ainda não foi embora. Dona Jussara tava na mesa, cabelo preso, avental florido, passando manteiga no pão como quem passa amor. Júlio do lado, com cara de sono e o copo de Nescau na mão. — “E aí, mini-cria!” — Júlio disse, abrindo os braços. Murilinho correu e fez o toque com ele: mão, cotovelo, punho, estalo e explosão. — “BOOOM!” — os dois gritaram juntos, rindo. Eu me sentei, ainda com o corpo meio mole de emoção e a alma latejando. Jussara me olhou de canto. — “Cadê a Melissa, Murilo?” — “Dormindo, mãe.” Ela arqueou a sobrancelha, com aquele sorrisinho safado no canto da boca. — “A noite foi boa então…” — “Mãe…” — “O quê? Só tô dizend

