Narrado por Murilo Ferreira O plano era simples. Barulho. Confusão. Teatro nível Globo de Ouro. Tudo cronometrado pro segundo exato em que a Melissa abrisse aquela janela como quem abre a própria alma. A gente se dividiu rapidinho. Cada um com a missão na cabeça e o script na ponta da língua. Neguim foi na frente. Subiu no portão da casa da tia Nêga e começou a gritar: — “Ô, Pulga! Tu vai pagar minha p***a de chinelo ou vou enfiar ele na tua goela, arrombado!” Pulga surgiu do nada, já com a mão no peito, fingindo ofendido: — “Que chinelo, desgraçado?! Tu vendeu aquela merda por uma lata de Skol!” — “Mentira! Mentiroso do c*****o! Eu confiei em tu!” Pulga arrancou a camisa. Cena digna de novela mexicana. — “Então vem, p***a! Vem no braço!” Neguim pulou do portão com um mortal

