Murilo A gente ainda tava ali, jogado no pátio, quando ouvimos a movimentação. Barulho de carteira arrastando, grito abafado, um “tá tirando, p***a?” que cortou o ar. Faísca foi o primeiro a levantar a cabeça. — “Essa voz é do Neguim?” Pulga ajeitou o boné. — “Se for, já sabe…” Gargalo se pôs de pé, automático. A mão escorregando pra cintura, só por precaução. Eu nem esperei resposta. Levantei devagar, calmamente. Porque a gente não corre no susto. A gente só vai. Fomos andando, cruzando o corredor vazio como se fosse cena de filme. Cada passo com peso. Cada olhar dizendo o óbvio: vai dar merda. Chegamos na porta da sala de informática. E lá tava ele. Neguim, em pé, peito inflado, encarando dois moleque engravatado da turma de administração — desses que acham que dinheiro dá

