[NARRADO POR MELISSA ROCHA] A mão dele ali. Estendida. Fria. Dura. Um gesto simples, mas que carregava mais história que qualquer sentença. “Valeu, advogada.” Não era elogio. Nem gratidão. Era muro. Murilo não me via mais como mulher, nem como memória. Só como função. Título. Distância. Me aproximei um passo, os olhos cravados nos dele. E soltei, sem abaixar o queixo: — “Não me chama assim.” Ele franziu o cenho, mas ficou quieto. — “Tu não vai me reduzir a um crachá depois de tudo. Eu lutei por ti. Eu te tirei de lá. E eu ainda tô aqui… por ti.” — “Por mim ou por culpa?” — ele rebateu, com aquele sorriso torto de quem se perdeu faz tempo. — “Porque tem diferença.” — “Por amor.” — soltei, seca. — “Mesmo que tu finja que esqueceu o que é isso.” O silêncio entre nós era faca emba

